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Se meu gol falasse…

Arquivo Geral

23/11/2013 9h45

Trocar o motor do carro, rebaixar, mudar o câmbio, aumentar o aro das rodas e usar a imaginação para intermináveis modificações é o esporte preferido dos apaixonados pelas arrancadas. 

 

Mecânico e praticante da modalidade, Mário Augusto é um dos que não se furtam de dizer que dedicam a vida ao “amigo com motor”.

 

Dono de um gol ano 1992, ele colocará o seu possante à prova no Autódromo Nelson Piquet, hoje e amanhã, na Arrancada – evento destinado a adeptos da velocidade com a participação de carros comuns, super esportivos e modificados.

 

Aos 39 anos, Mário teve a sua paixão despertada aos 20, quando disputava rachas nas ruas de Sobradinho. “Não adianta esconder, pois a grande maioria dos competidores começa nas ruas”, admite. Praticante das arrancadas desde 1998, ele diz que já gastou “uns poucos mil reais” no possante. Quem olha para o gol quadrado, porém, e analisa todas as mudanças, imagina que muito dinheiro foi gasto ali.

 

“Eu deixei muitas vezes de viajar para injetar dinheiro no carro. O custo de manutenção é caro. Tive um amigo que gastou R$ 8 mil em um câmbio, mas consegui arrematar em R$ 2 mil. Tem que ser assim, senão a mulher me mata”, brinca o piloto, que, mesmo com o forte investimento no esporte, conta com o apoio da mulher. “Ela nunca me mandou dormir no sofá porque sabe que é a minha paixão.”

 

Amizade

 

Por se conhecerem há anos por meio da modalidade, Mário e Ivair Ordones confessaram que a rivalidade é grande nas pistas, mas que, fora dela, a amizade fala mais alto. Para eles, vale ajudar o amigo para que o mesmo não deixe de competir. “Se sei que ele precisa de ajuda para consertar, vou ajudar e até empresto peças, porque sei que se a situação se inverter, ele vai me estender a mão”, comenta Ivair.

 

Ciente dos gastos elevados que o automobilismo proporciona, Ivair diz que só mesmo a paixão para fazê-lo não desistir. Recentemente, o piloto retirou um tumor da nuca e teve de se afastar das pistas. Mesmo com a ordem médica de permanecer em casa, ele fugiu para o autódromo. “Moro em Goiânia e isso aconteceu lá. A velocidade corre nas minhas veias, é um vício e eu vivo para ela”, conta Ivair, que se emociona sempre que lembra da história de vida.

 

Hoje, Ivair não se aventura nas pistas e o seu trabalho é apenas organizar as provas. Membro da Federação de Goiânia, ele veio ao DF  ajudar na organização da Arrancada deste fim de semana. “Muitos pilotos de lá (Goiânia) virão para cá. Vai ser muito bom”, garante.

 

Pelo fim dos rachas

 

Com o intuito de diminuir os rachas nas ruas, a Podium Race, a mando do presidente Ruy Rodrigues, decidiu trazer o esporte praticado no País inteiro para a capital. No Autódromo Nelson Piquet e com a aprovação da Confederação Brasileira de Automobilismo, o evento costuma receber de 80 a 100 pilotos profissionais e amadores.

 

“Queremos acabar com as corridas clandestinas e trazer essa galera que gosta de acelerar com a adrenalina lá em cima para o autódromo”, explica Ruy.

 

Além das 18 categorias que vão de carros comuns a modificados, o evento conta com a inclusão de outra: a dos super esportivos – carros importados.

 

Em um Nissan GTR, Ruy, além de organizador, vai colocar à prova a potência do seu carro.

 

“O bom daqui é que qualquer um pode competir. Desde o trabalhador comum aos de alto poder aquisitivo. De que adianta comprar uma superpotência para andar a 60 km/h em vias comuns?”, questiona Ivair Ordone, co-organizador.

 

Nesta última etapa do ano, pilotos de Goiânia e São Paulo marcarão presença no Autódromo. “Queremos reunir o maior número de pilotos para competir aqui”, diz Ruy. (K.M.O.)

 

Saiba Mais

 

A Arrancada é uma prova rápida de aceleração que consiste em percorrer uma determinada distância em linha reta no menor tempo, partindo com o carro parado.

 

Em 2002, a Confederação Brasileira de Automobilismo (CBA) homologou a arrancada como uma modalidade esportiva do automobilismo.

 

Os carros que participam dos campeonatos são divididos em categorias de acordo com a motorização, nível de potência e tração, no caso, dianteira ou traseira.

 

As pistas podem ser de dois tipos: a de 1/8 de milha (201,25m) distância oficial do campeonato de arrancada brasileiro, ou a de 1/4 de milha (402,5m).

 

O campeonato de arrancada, tanto brasileiro quanto os demais, ocorre durante o ano e é dividido em etapas que ocorrem em algumas cidades do Brasil.

 

Serviço

 

A última Arrancada do ano tem o Autódromo Nelson Piquet como palco hoje, a partir das 12h e amanhã, a partir das 9h.

 

Hoje, a entrada sai a R$ 15 e amanhã por R$ 20. A credencial custa R$ 35 e o expositor (acesso livre aos boxes) R$ 50.

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