A poluição da Baía de Guanabara, local onde serão disputadas as competições da vela nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro-2016, é um problema antigo dos atletas nacionais, mas nos próximos anos deve gerar também críticas de velejadores estrangeiros, que viajarão ao Brasil para treinar na raia olímpica. Maior nome da modalidade no País, Scheidt já espera a crítica dos colegas e também ações emergenciais para livrar a área de detritos durante o evento.
Como as condições locais têm papel importante no desempenho dos velejadores, é comum atletas treinarem nos locais das principais competições do mundo com meses ou anos de antecedência. Scheidt, por exemplo, velejou na Baía de Guanabara em 2013 na mesma época em que serão realizados os Jogos e deve repetir a rotina nos próximos anos.
As Olimpíadas do Rio de Janeiro-2016 serão realizadas entre 5 e 21 de agosto, com as regatas da vela disputadas do dia 7 ao 19.
“Já tem atleta treinando lá e vamos ouvir muitas críticas, sem dúvida. Equipes virão treinar e criticar, como sempre acontece”, avaliou Scheidt, maior atleta olímpico do Brasil com cinco medalhas conquistadas (ouro em Atlanta-1996 e Atenas-2004, prata em Sydney-2000 e Pequim-2008 e bronze em Londres-2012).
A Baía de Guanabara foi utilizada para as regatas da vela nos Jogos Pan-americanos do Rio de Janeiro-2007, em que a poluição também foi um problema. À época, velejadores fizeram campanha pela limpeza da área, e a organização do evento tentou resolver o problema nos dias de competição recolhendo parte da sujeira com redes.
De acordo com o velejador brasileiro, que recentemente conquistou seu décimo título do Mundial da classe Laser, a ação deve ter resultado efetivo para a retirada de detritos plásticos, os mais prejudiciais. Este tipo de lixo se prende a partes dos barcos utilizados nas regatas, reduzindo sua velocidade.
“A gente sabe que a Baía não é um lugar limpo. As Olimpíada estão próximas e não vai dar tempo de limpar lá com estações de tratamento, talvez dê para fazer alguma coisa, mas a água não vai ficar cristalina. Acho que vai ter alguma ação de momento, como foi no Pan. Para os Jogos não deve ser um grande problema, mas sim para a fase de preparação”, explicou o atleta paulista.
Nas Olimpíadas de Pequim-2008, a organização também sofreu com problemas na raia olímpica, mas causados pelo acúmulo de algas, que, assim como o lixo, impediam a passagem dos barcos a poucas semanas do início do evento.
“Foi uma operação de guerra, como acho que vão fazer aqui no Rio e conseguiram limpar. Quando a gente correu as Olimpíadas, não tinha mais problema nenhum”, recordou Scheidt, medalha de prata na China na classe Star ao lado de Bruno Prada.