Natasha Dal Molin
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O barulho alto, o ronco dos motores e as altas cilindradas são como sinfonia para Indy Muñoz (patrocínio da Gran Lux e Local Motors). A dominicana de 24 anos será a única mulher na categoria Kawasaki Ninja 300 Pro na segunda etapa do SuperBike Brasil, em Porto Alegre (RS). O campeonato é considerado um dos maiores da América Latina.
Com uma voz delicada e muito feminina, quando veste o macacão e o capacete, é como se perdesse a identidade de gênero. “Aí sou só piloto”, diz. E não é só na motovelocidade que ela se destaca: Indy compete em mais duas modalidades de moto, a supermoto (que mescla asfalto e trilha) e o stunt wheeling (mais radical, com manobras). Ela é a única piloto do Brasil que faz manobras em motos de até 1000 cilindradas.
A intimidade com as duas rodas vem de família. Seus pais tinham um circo, o El Zorro, que percorria a América Latina com atrações variadas de circo, mas com um grande destaque para o Globo da Morte e manobras radicais de moto. O irmão, Kioman Muñoz, com apenas 16 anos, já é tricampeão brasileiro de motocross e é preparador e mecânico especial de Indy. “Conviver com esse universo foi muito natural”, explica a jovem.
Indy conheceu o marido, Wendell Vaz, também nesse meio. Ele é o chefe da equipe e o maior incentivador da jovem. Adepto do stunt wheeling, foi quem convenceu Indy a competir nas categorias de motovelocidade.
Morando em Brasília há apenas três anos, ela já acumula importantes títulos: é bicampeã brasiliense de motovelocidade; campeã brasileira de stunt wheeling e 5º lugar no Campeonato Brasileiro de Supermoto (competindo com homens e mulheres de todo o Brasil).
Além de obter novas conquistas no esporte, ela sonha em ver mais mulheres competindo. “É bom saber que eu estou encorajando outras mulheres. Quero mostrar que a mulher pode competir e fazer bonito”, diz.
Saiba mais
O SuperBike Brasil será realizado de 5 a 7 de junho em Porto Alegre (RS) e reunirá os pilotos e as motocicletas mais velozes do país.
Bruno Cesar Borges, piloto da mesma equipe de Indy, também participa da prova e é um dos favoritos para disputar o pódio.
O evento terá outras mulheres participando, mas elas estão diluídas em diferentes categorias. “Como não tem mulheres suficientes para formar um grid, elas competem com os homens”, explica Indy Muñoz.