Contratado por uma das maiores promotoras do boxe mundial, o brasileiro Esquiva Falcão, medalhista nos Jogos de Londres-2012, aconselha seus compatriotas a deixarem o amadorismo para ingressar no esporte profissional, o que significa perder o direito de disputar as Olimpíadas.“Eu aconselho a mudança (para o boxe profissional)”, disse Esquiva, citando Everton Lopes como exemplo. “É um grande atleta e tem condição de ser campeão do mundo. Já foi para duas Olimpíadas e não conseguiu nada. Recomendo passar para a carreira profissional e correr atrás do dinheiro. Como diz meu pai (o ex-lutador Touro Moreno), medalha não enche barriga”, afirmou.
Terceiro colocado nos Jogos Olímpicos da Cidade do México-1968, o brasileiro Servílio de Oliveira viu um compatriota repetir seu feito apenas na edição de Londres-2012, quando os irmãos Esquiva e Yamaguchi Falcão ganharam a prata e o bronze, respectivamente.
Apontados como esperanças de medalha no Rio de Janeiro-2016, os dois boxeadores, cansados de esperar pelo Bolsa Pódio, programa de incentivo do governo federal voltado aos Jogos Olímpicos, resolveram abrir mão da chance de disputar o evento para apostar no profissionalismo.
Yamaguchi assinou com a Golden Boy, empresa de Oscar de la Hoya responsável por agenciar o astro norte-americano Floyd Mayweather. Contratado em seguida pela Top Rank, que promove os combates do filipino Manny Pacquiao, Esquiva prevê novas perdas para o boxe olímpico brasileiro.
“Acredito que já tem gente aproveitando essa mudança dos irmãos Falcão e ‘futucando’”, disse o boxeador, que citou Robenílson de Jesus e Róbson Conceição, além de Éverton Lopes, como possíveis alvos. “Dependendo da proposta e do pensamento deles, quem sabe?”, perguntou.
Esquiva assinou com a Top Rank em Las Vegas e, assim que retornou, comunicou a decisão a Mauro José da Silva, presidente da Confederação Brasileira de Boxe (CBBoxe). De acordo com o lutador, não houve qualquer tipo de atrito com o dirigente.
“Fiz questão de conversar com o presidente e agradecer para evitar que a notícia chegasse por outra pessoa. Ele deixou a CBBoxe de portas abertas sempre que eu precisar e não ficou nem feliz nem triste, mas foi compreensivo”, explicou Esquiva Falcão.