Antecessora de Teliana Pereira, Andrea ‘Dadá’ Vieira disputou a edição de 1993 do Aberto dos Estados Unidos. Elogiosa ao falar da tenista pernambucana, responsável por quebrar o jejum de brasileiras em Grand Slams, a ex-jogadora lembrou a frustração vivida em Nova York.
Depois de vencer seus três jogos no torneio classificatório, Dadá se classificou para a chave principal do Aberto dos Estados Unidos. Então com 22 anos, a tenista se preparava para enfrentar a norte-americana Mary Joe Fernandez na quadra principal do complexo.
“Ela era uma grande estrela na época, mas acabou desistindo por lesão no último momento e mudaram minha partida para outra quadra. Eu vinha jogando bem e fiquei com muita vontade de ter atuado na central. Era uma chance única, mas por algum motivo não aconteceu. Ainda assim, foi ótimo ter disputado aquele torneio”, disse Dadá.
Nascida na República Dominicana, Fernandez alcançou a quarta colocação do ranking mundial de simples e chegou a três finais de Grand Slam. Nas duplas, ela também figurou no quarto posto da lista, mas faturou o Aberto da Austrália-1991 e Roland Garros-1996, além do bicampeonato olímpico em Barcelona-1992 e Atlanta-1996.
“O que a gente mais almeja quando sai do juvenil e começa a jogar os torneios menores profissionalmente é conseguir disputar um Grand Slam. É algo mágico, o top do tênis. A jogadora se sente muito bem tratada, os lugares são todos maravilhosos. É uma coisa para poucos e muito difícil de conseguir”, declarou a brasileira.
Como integrante da comissão técnica da equipe brasileira na Fed Cup, Dadá Vieira teve contato com Teliana Pereira em 2013. Para a ex-jogadora, romper a barreira do top 100, algo logrado pela pernambucana no ano passado, foi ainda mais significativo do que entrar na chave principal de um Grand Slam. No Aberto da Austrália, a tenista radicada em Curitiba perdeu para a russa Anastasia Pavlyuchenkova por 2 sets a 0, parciais de 7/6 (9-7) e 6/4.
“Quando você está por volta da 130ª posição do ranking, é muito difícil finalmente entrar no top 100. O mais difícil, ela já conseguiu (chegou ao 87º lugar). Agora, está iniciando uma outra etapa. Precisa começar a ganhar alguns jogos nos torneios grandes para melhorar ainda mais o ranking”, disse.
Dona do 76º posto da lista da WTA em 1989, Dadá já havia disputado as chaves principais de Roland Garros e Wimbledon antes de jogar o Aberto dos Estados Unidos-1993. Independentemente do desempenho de Teliana, a participação em um Grand Slam será um divisor de águas, avisou a veterana.
“Ela acabou de entrar entre as 100 e ainda tem muito para jogar. É guerreira e está provando sua qualidade. Acho que tem condições para dar muito mais do que isso. É só o começo. Não podem esperar grandes resultados logo no primeiro Grand Slam da carreira”, declarou.
Atualmente, além de disputar um circuito de tênis para veteranos, Dadá Vieira atua como comentarista em um canal de televisão por assinatura. Para a ex-jogadora, a falta de um modelo a seguir foi um dos motivos que levaram o Brasil a ficar 20 anos sem uma representante nos principais torneios.
“O tênis é um esporte difícil. É legal ter alguém no top 100 para as juvenis acreditarem que é possível. Na minha época, por exemplo, a Niege Dias (31ª em 1988) servia como espelho. Com esse vácuo dos últimos anos, as meninas podiam pensar que era impossível. O impulso da Teliana vai abrir as portas para as próximas”, apostou.
Dadá Vieira ainda falou com empolgação sobre os torneios WTA de Florianópolis e do Rio de Janeiro. Além de Teliana Pereira, a veterana citou a jovem Beatriz Haddad Maia, 17 anos e 297ª do mundo, treinada pelo renomado Larri passos, como esperança para o Brasil.
“É o melhor momento do tênis feminino no país em 20 anos. Temos que estar felizes e torcer pelas brasileiras. Com os torneios aqui, as nossas tenistas podem jogar dentro de casa e conviver com as adversárias de alto nível. São oportunidades maravilhosas”, declarou Dadá.