Um time com ascensão meteórica e que, com apenas dois anos de existência, desbancou grandes times fora de casa para chegar à final da Copa do Brasil. Até o momento detentor do acesso mais rápido à elite do futebol brasileiro (subiu da Série C para a Série A em cinco anos), o Brasiliense inicia hoje, às 16h, contra o Villa Nova, no estádio Castor Cifuentes, em Nova Lima (MG), um dos capítulos mais sombrios em quase 14 anos de existência: a disputa da Série D do Campeonato Brasileiro.
Desde a criação da equipe, em agosto de 2000, o time vem rivalizando com o Gama a hegemonia do futebol do Distrito Federal. O rebaixamento na Série C do ano passado credenciou o Jacaré a disputar a quarta divisão nacional.
Agora, cabe aos jogadores e à comissão técnica atuais do Brasiliense a tarefa de tirar o time da incômoda posição. Diante do momento delicado, o discurso é de humildade e otimismo. Com os pés no chão, todos no clube afirmam que o objetivo é conquistar o acesso à Série C.
“Pior do que jogar a Série D seria o time não estar nem presente no calendário do segundo semestre. Mesmo assim, vejo o elenco muito positivo. A partir de agora, temos de esquecer todas as vaidades e os melindres. Está uma coisa bonita de ver o time do Brasiliense. Os treinos têm sido muito intensos”, conta o técnico Marcos Soares.
Promovido recentemente ao posto de capitão da equipe, o zagueiro Fábio Braz afirma que o momento não é de remoer o passado. “A primeira coisa que temos que fazer é esquecer que é um momento triste para a história do clube. Não podemos nos apegar ao que passou. Fizemos um bom período intertemporada e conseguimos assimilar bem o que foi passado pela comissão técnica. Estamos bem preparados e entrosados, prontos para fazer um bom campeonato e ajudar o Brasiliense a subir para a Série C”, diz o xerife.
Outro jogador importante para o elenco do Jacaré, o volante Baiano trata a competição com carinho. “Vamos jogar como se fosse uma Copa do Mundo ou uma Liga dos Campeões. Não vai ser a disputa de uma Série D que vai diminuir a grandeza do Brasiliense.”
Derrocada em detalhes
Após a campanha do vice da Copa do Brasil em 2002 e da conquista da Série C no mesmo ano, o Brasiliense deu provas de que poderia colocar Brasília de volta à elite do futebol brasileiro, o que não ocorria desde o Gama, em 1999.
Dois anos depois, em 2004, o Brasiliense conquistou a Série B, galgando o último degrau que separava a equipe de Taguatinga da primeira divisão. Era o sonho se tornando realidade.
A fantasia, porém, durou apenas um ano. Na lanterna do Brasileiro 2005, o Jacaré via o lugar na elite escapar. Pior do que isso, depois da queda para a Série B, a equipe nunca mais chegou perto de reconquistar o posto entre os 20 principais times do Brasil.
Em 2006, o time amarelo teve a oportunidade de voltar à primeira divisão, algo que esfriou após a oitava oitava posição ao fim de 38 rodadas. No ano seguinte, o último lampejo do Brasiliense do início dos anos 2000: com uma campanha sólida, o time foi avançando na Copa do Brasil. Só parou diante do Fluminense, na semifinal.
Depois da magistral campanha no torneio nacional, o torcedor do Jacaré teve mais motivos para se entristecer. Apesar dos títulos candangos que serviram para dar um alento aos fãs da equipe, entre 2007 e 2014, o Brasiliense foi rebaixado mais duas vezes: em 2010 para a Série C e em 2013 para a Série D.
Duro golpe
Em 13 de setembro de 2013, veio o golpe mais doloroso para a torcida do Jacaré. Precisando apenas vencer para se classificar à segunda fase da terceirona, o Brasiliense, jogando em casa, assistiu a uma virada inimaginável do Cuiabá. Alheio ao nervosismo dos donos da casa, o visitante fez o sonho do time amarelo virar o pesadelo da Série D.