De bermuda e chinelos, Bernardo Rezende, o Bernardinho, apresentou-se no saguão do hotel em que está hospedado, em Taguatinga, para o jogo do Rexona/Rio de Janeiro contra o Brasília/Vôlei.
Talvez poucas pessoas tiveram a oportunidade de vê-lo assim, principalmente por ter a imagem de durão. Mas a maneira como estava à vontade refletiu na conversa descontraída com a reportagem.
Em 21 anos no comando da seleção feminina (1994 – 2000) e masculina (2001 até agora), Bernardinho tornou-se o maior campeão da história a modalidade, acumulando mais de trinta títulos importantes, entre eles o ouro nas Olimpíadas de Atenas (2004) e prata em Pequim (2008) e Londres (2012).
Nesses anos à frente dos principais elencos do Brasil, Bernardinho presenciou muitos momentos. Entre eles, o assunto mais comentado na atualidade por conta da polêmica do lutador brasileiro Anderson Silva – ex-campeão mundial da categoria peso médio do UFC -, o doping.
Bernardo evita falar sobre o lutador e garante que a “imagem que fica é ruim para um atleta como ele”, mas acrescenta que muitas vezes o atleta é pego por mera falta de cuidado e informação.
“Tudo está muito mais rígido nos dias atuais, mas a atitude de se informar mais e não usar certas substâncias deve partir do atleta. Muitas vezes ele pode usar um medicamento para dor de cabeça e não saber que ali há um elemento proibido”, afirma o comandante.
Em março de 2013, a ponteiro Natália, da equipe de Bernardinho, foi pega com prednisolona – presente em medicamentos para asma – e foi afastada por 30 dias por conta do ocorrido.
O treinador credita os poucos escândalos envolvendo os atletas que atuam no vôlei por conta das exigências do esporte.
“No vôlei, o que decide o vencedor não são milésimos de segundo ou centímetros, como é na natação ou atletismo. Os atletas podem, sim, tomar algo para ficarem mais fortes, mas isso acontece com menor frequência. Na maioria das vezes é falta de informação mesmo”, comenta.
Treinador lança projeto
Além do jogo do Rexona contra o Brasília/Vôlei, outro objetivo da vinda do treinador que mais conquistou títulos pelo país ao DF, foi lançar a Escola de Vôlei Bernardinho, um projeto que vem desenvolvendo a algum tempo.
Assim como a ponteiro Paula Pequeno, que também instituiu escolinhas de vôleibol para as crianças do Distrito Federal, o técnico também procura seu espaço na capital, em mais um investimento do ícone brasileiro.
“Brasília é um celeiro. É um terreno a ser conquistado e eu fico muito feliz por ter conseguido isso. Não quero nem de longe ser concorrente da Paula, e sim ajudar a desenvolver o esporte na cidade”, explicou Bernardinho, completando com um: “Quem sabe a gente não faça um campeonato entre as escolas?”.
O técnico pretende lançar seis unidades em Brasília. Por enquanto, só duas estão definidas. No clube da Associação Atlética do Banco de Brasília (AABR) e no Colégio Cor Jesu, na Asa Sul.