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JBr Saúde #017 – Cuidado com a hipermobilidade. Ele pode gerar graves consequências

As relações entre a hipermobilidade, que é essa flexibilidade maior que o normal, e as dores crônicas, são o objeto de atenção do recém-criado Centro Especializado em Hipermobilidade e Dor

Redação Jornal de Brasília

01/07/2021 11h13

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A criança apresenta uma incrível flexibilidade. Impressiona os pais dobrando os cotovelos de modo incomum. Ou encostando o polegar no antebraço. Os pais exclamam: “Temos um contorcionista!”. Imaginam estar diante de alguém com vocação para o balé ou para a ginástica. Cuidado. Esses são sintomas do que a Medicina chama de hipermobilidade. E as consequências da hipermobilidade na vida adulta podem ser muito sofrimento, fadiga e dor crônica.

As relações entre a hipermobilidade, que é essa flexibilidade maior que o normal, e as dores crônicas, são o objeto de atenção do recém-criado Centro Especializado em Hipermobilidade e Dor. E são o tema do JBrSaúde desta semana, programa feito em parceria com o Imagem&Credibilidade, que vai ao ar todas as quintas-feiras no site do Jornal de Brasília, com apresentação de Estevão Damázio.

Para falar sobre o tema, o JBrSaúde ouviu uma das sócias do Centro, a fisiatra Angélle Jácomo. Angélle explica que 30% da população mundial tem hipermobilidade, e suas relações com a dor crônica ainda são pouco estudadas no Brasil.

“Toda criança é mais flexível”, explica Angélle. “Às vezes, os pais vêem isso de forma positiva. Mas, ao longo da vida, a frouxidão ligamentar excessiva traz muitas repercussões, especialmente depois da puberdade”. Situações de dor e fadiga são as consequências mais comuns.

Pais já devem ligar o alerta, diz ela, quando as crianças começam a demonstrar essa flexibilidade maior. Há alguns testes comuns que devem ser observados. A capacidade de virar o cotovelo ao contrário, ou de conseguir encostar o polegar no antebraço.

Com o tempo, essa flexibilidade maior começa a provocar luxações. Para evitar o grau maior de flexibilidade, a pessoa desenvolve uma maior tensão muscular como defesa. Situações como bruxismo são comuns. “A pessoa mantém o corpo travado como mecanismo de defesa”, explica ela. Há uma tendência para artrose precoce. Exercícios como alongamento ou ioga, se não forem bem acompanhados, podem ter efeito contrário ao pretendido. Dores e fadiga começam a virar uma rotina.

Além da flexibilidade maior, há outras características, que a medicina chama de estigmas, que podem ser observadas. Braços compridos em relação ao corpo, dedos das mãos compridos, céu da boca mais profundo. Essas e outras características, se unidas, formam o que se chama de Síndrome de Ehler Danlos. Quem não se encaixa em todas as características mas tem alguns sintomas pode desenvolver o que é chamado de Desordem do Espectro da Hipermobilidade.

Geralmente, são pessoas com problemas de equilíbrio e postura. Por terem dificuldade de equilíbrio, muitas vezes desenvolvem mais os sentidos, como audição e olfato, como defesa. Têm também o que é chamado de desautonomia, que é uma desregulação do sistema nervoso autônomo. Se levantam de uma vez, por exemplo, o coração dispara e a pessoa pensa que é uma situação de pânico.

Angélle afirma que se não há cura para tal quadro, há tratamento para diminuir as dores e os sofrimentos. Especialmente, é importante desde cedo observar as crianças para evitar que tais características levem mais tarde a situações de dor crônica e sofrimento.

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