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JBr Saúde #008 – Ansiedade na pandemia

Psicóloga dá dicas para lidar com a ansiedade de adolescentes durante a pandemia. Eles precisam aprender a viver o tempo presente

Redação Jornal de Brasília

29/04/2021 12h32

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“Em caso de despressurização, máscaras de oxigênio cairão automaticamente. Coloque primeiro a máscara em si e só depois no seu filho ou companheiro que está ao seu lado”. Qualquer pessoa que já tenha viajado de avião ouviu essa frase ser dita centenas de vezes. Talvez não tenha se dado conta de que ela é um recado que vai muito além de uma recomendação técnica sobre como lidar com um problema em voo. Trata-se de uma recomendação para a vida. É o recado que a psicóloga e escritora Adriana Kortland dá na edição desta semana do JBrSaúde, programa apresentado por Estevão Damázio, produzido em parceria com o grupo Imagem&Credibilidade, que vai ao ar todas as quintas-feiras no site do Jornal de Brasília.

“Precisamos primeiro cuidar do nosso próprio centramento. Para, em seguida, poder cuidar dos demais”, ensina Adriana. O recado da psicóloga refere-se à forma como os pais devem lidar com as ansiedades e frustrações de seus filhos crianças e adolescentes nestes tempos de pandemia.

Para qualquer pessoa, mais de um ano isolado, mais de um ano longe de amigos e familiares, já é algo difícil, que provocará impactos importantes. Para uma criança, tal período é muito mais significativo. Um ano na vida de uma criança de quatro anos é um tempo muito maior de transformações e amadurecimento do que para um adulto com sua personalidade já formada. “Isso certamente terá impactos para essas gerações. A nós, cabe buscar reduzir ao máximo esses impactos, participando de forma mais ativa da vida dessas crianças, encontrando um tempo para brincar com elas, procurando ao máximo reduzir essa lacuna de socialização”, diz Adriana.

Para adolescentes, a pandemia poderá ter significado o adiamento do primeiro beijo. O cancelamento da festa de 15 anos. Enfim, frustrações, sensação de derrota, necessidade de espera. Adriana avalia que são sentimentos desafiadores para gerações que não estão acostumadas com eles, em um tempo em que tudo se consegue de forma muito fácil e muito rápida.

“Essa geração não está habituada com alguns comportamentos que as gerações anteriores estavam. Palavras como paciência, resiliência. Eles nasceram numa era de tecnologia onde tudo é rápido e facilmente disponível. Muito bom, mas há o reverso da medalha. O reverso da medalha é não conseguir esperar. E agora, isso é um choque. Porque não esperar não está sendo possível”, analisa a psicóloga.

Soma-se a isso um medo quanto ao futuro. Estamos vivendo um momento no qual não há muito controle sobre o futuro. Um momento que torna muito mais difícil fazer planos. Como lidar com isso? “Precisamos trabalhar a mente para estar aqui e agora”, ensina ela. A pandemia explicita o que já deveria ser para todos evidente: “A vida é agora, não é no mês que vem”.

Assim, Adriana dá algumas dicas básicas. O atual tempo da pandemia não pode ser encarado com um intervalo na vida. Os dias precisam ser encarados e enfrentados normalmente. “Coisas básicas”, diz ela. “Se arrumar para ficar em casa. Pentear o cabelo. Fazer a barba”.

Finalmente, é importante naturalizar as dificuldades, diz Adriana. “Esperar fazia parte da vida de outras gerações. E se frustrar também. Por exemplo: só no Natal que se comprava sapato. Não tinha discussão”.

“Se frustrar, passar por derrotas e fracassos, isso faz parte da construção do ser humano”, continua ela. Para Adriana, a pandemia pode ter trazido como lições a necessidade de retomada dessas reflexões. A frustração e a derrota são momentos de construção, de aprender lições de superação. “A construção da vida adulta passa pelo fracasso, pela derrota”, diz ela.

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