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JBr Saúde #014 – Pandemia pressiona por formação de intensivistas

A pandemia da covid-19 tornou ainda mais imprescindíveis dois tipos de profissionais de saúde

Redação Jornal de Brasília

10/06/2021 10h13

JBr Saúde

A pandemia da covid-19 tornou ainda mais imprescindíveis dois tipos de profissionais de saúde: os que atuam na emergência, no pronto-atendimento dos pacientes, e os que atuam nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), os intensivistas. O novo quadro pressionou a formação desses profissionais, e até acelerou essa formação. Antes, os intensivistas faziam um curso de quatro anos além da formação de medicina, que é de seis anos. Esse tempo diminuiu para três anos de formação mais intensa a cada ano. É o que conta a médica Martha Rocha, diretora da Escola Superior de Ciências da Saúde (ESCS), da Fundação de Ensino e Pesquisa em Ciências da Saúde (Fepecs), na edição desta semana do JBrSaúde. O programa, em parceria com o Imagem&Credibilidade, vai ao ar todas as quintas-feiras, com apresentação de Estevão Damázio.

“Sem dúvida, na história da medicina moderna, não passamos por um desafio tão grande quando a pandemia da covid-19”, afirma Martha Rocha. A terapia intensiva, diz a diretora, é dividida em três segmentos. Há a UTI pré-natal, que abriga os bebês recém-nascidos até os 28 primeiros dias de vida. A UTI pediátrica, com crianças a partir do primeiro mês de vida. E a UTI para adultos. Cada um delas contêm diversas especificidades. E a covid-19 trouxe ainda mais especificidades. Os cuidados que requerem seus pacientes são bem diferentes, por exemplo, dos pacientes que entram numa UTI após traumas, como acidentes de trânsito. E há ainda um outro componente desafiador: os quadros ocasionados pela covid são muito diversos, e variam muito de paciente para paciente.

“Não são profissionais que se formam rapidamente”, explica a diretora. O curso de Medicina já tem uma duração de seis anos. Depois, para ser intensivista, o médico precisa de três anos de formação direta. Ele, depois da graduação, precisa fazer uma prova específica, ser aprovado e, então, fazer a nova formação. No caso da ESCS, essa formação específica é feita no Hospital de Base. Com uma carga horária puxada, de 60 horas semanais. “A pandemia acelerou essa formação, que antes era de quatro anos”, diz ela.

Outra demanda que se tornou maior é por emergencistas. Profissional focado em atendimento de emergência. Hoje, a ESCS tem sete vagas anuais para emergencistas. Ao todo, há na escola hoje 21 residentes cursando como emergencistas.

E, na chamada terapia intensiva, reforça Martha Rocha, não há apenas o médico. Existe uma equipe multiprofissional, que engloba várias áreas de trabalhadores da saúde, como enfermeiros, profissionais de terapia ocupacional, psicologia, nutrição, fisioterapia. “São primordiais”, reforça Martha Rocha. “Não adianta uma equipe médica bem formada sem uma boa equipe de assistência”.

Oficinas de más notícias

Martha Rocha observa que a pandemia da covid-19 tem criado novos paradigmas na formação dos alunos na escola. Por um lado, tem aumentado a procura dos estudantes pela formação nessas áreas de atendimento mais voltadas à emergência e ao tratamento intensivo. E também reforçado o enfrentamento de certos desafios no ambiente hospital, que ajudam a humanizá-lo. Diante do quadro atual de situações graves e trágicas, os profissionais têm sido mais treinados em como lidar com isso.

Segundo Martha Rocha, a ESCS tem feito mais o que ela chama de “Oficinas de Más Notícias”. Como preparar o profissional a lidar com a tensão da situação, com a expectativa ansiosa das famílias, e com a própria necessidade que haverá, de ter de comunicar um quadro mais grave ou mesmo, infelizmente, a morte de um ente querido. Ela conta que, inclusive, foi criado um protocolo padrão para dar más notícias.

É algo, diz ela, que não é simples somente para os parentes que receberão a notícia. É tenso também para o profissional que lida com o caso. Que teve suas expectativas frustradas. Que poderá sentir uma sensação de fracasso pessoal e profissional. “Cerca de 30% dos profissionais de saúde estão hoje em sofrimento mental”, diz ela. Consequências da intensidade do tratamento da pandemia.

“Creio que a pandemia veio para mudar”, analisa ela. “Cada vez mais, a humanização e a espiritualidade entrarão mais no foco. Além do maior uso da telemedicina, das aulas remotas. Hoje, já temos profissionais de outros países muitas veze nos orientando em um procedimento. São lições da covid-19”.

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