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JBr Saúde #007 – Isolamento e estresse aumentam os riscos de cardiopatias

A atual situação provocada pela pandemia da covid-19 vem fazendo surgir com mais frequência um tipo de cardiopatia que os especialistas chamam de Síndrome do Coração Partido

Redação Jornal de Brasília

22/04/2021 9h40

JBr Saúde

Muitos corações hoje estão partidos. E não é por amor. A atual situação provocada pela pandemia da covid-19 vem fazendo surgir com mais frequência um tipo de cardiopatia que os especialistas chamam de Síndrome do Coração Partido.

Trata-se de uma situação provocada por fortes situações de estresse. A pessoa sente dores no peito. Mal estar. Sudorese. Características semelhantes às de um infarto. Mas o incidente não atinge as coronárias, como ocorre no caso do infarto. Atinge microartérias do coração, o que não permite a possibilidade de uma intervenção cirúrgica. Muitas vezes, o coração se recupera. Mas em outras situações, há um comprometimento das pontas do músculo, uma espécie de abaulamento.

O fenômeno não é novo, nem foi descoberto agora quando o planeta convive com as novas situações que decorrem em paralelo da pandemia da covid-19. Mas é uma das situações que vêm provocando preocupações entre os especialistas. “Diante da pandemia a gente tem ouvido às vezes questionamentos do tipo: ‘mas só se morre de covid hoje em dia’. Não, não se morre só de covid. Há diversos outros fatores de saúde que decorrem da situação em que hoje vivemos. E que não podem ser negligenciados”, alerta a cardiologista e diretora técnica do Hospital Águas Claras, Núbia Welerson Vieira. Ela é a entrevistada da edição desta quinta-feira do JBrSaúde, programa feito em parceria entre o Jornal de Brasília e o grupo Imagem&Credibilidade, com apresentação de Estevão Damázio.

O aumento da observação dos casos de Síndrome do Coração Partido é apenas uma das situações que hoje chamam a atenção dos especialistas. A covid-19 trouxe como consequência a necessidade de uma série de novas rotinas e cuidados que a população viu-se obrigada a tomar para evitar a contaminação pelo novo coronavírus.

As pessoas isolaram-se em casa. Em casa, reduziram suas atividades físicas. Não mais passeiam. Não mais viajam. Não frequentam mais as academias. Têm medo da contaminação. Sofrem com as situações de parentes e amigos atingidos pela doença. Sofrem com maiores problemas financeiros decorrentes da crise econômica. Isolados, negligenciaram exames preventivos e visitas aos seus médicos.

“Há todo um caldeirão que hoje propicia um risco maior de cardiopatias”, alerta Núbia. “É preciso estar alerta a isso”.
“Muita gente deixou de fazer seus exames preventivos. Isso inclui o grupo dos pacientes que são cardiopatas. Para muitos que estavam à espera de um procedimento, se definiu que poderiam esperar, que não era o melhor momento, acreditando que a pandemia tivesse uma duração mais curta”, enumera a cardiologista. “Ficamos nesse meio de caminho. Não fizemos os exames preventivos, adiamos situações de quem já estava numa situação mais borderline. Um ano sem olhar para si, sem se cuidar”.

O isolamento aumentou também a ociosidade. “Muita gente disse: ‘Já que não vou à academia, não vou a lugar nenhum’”. Depois que se para, alerta Núbia, torna-se mais difícil sair da inércia e retomar a atividade.

E a situação aumentou a angústia e o estresse. A mistura das rotinas domésticas com as profissionais também virou fator de ansiedade. Ansiedade que também atinge as crianças e os mais jovens, privados do convívio com os amigos, com novos desafios a partir da educação on-line. Os casos de hipertensão arterial aumentaram.

Um uso maior dos serviços de delivery, da opção por comida fast-food é outro fator de risco. Muitos, se alimentando de forma pior e mais ociosos, ganharam peso. Há ainda os que tentam afogar a angústia e a tensão dos dias de pandemia no álcool.

“Os cuidados necessários com a covid-19 não impedem que se tomem os demais cuidados”, resume Núbia. Como conciliar tais cuidados com a necessidade de prevenção da pandemia. Esse é o tema do JBrSaúde. O programa vai ao ar todas as quintas-feiras no site do Jornal de Brasília.

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