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JBr Saúde #006 – “Poderemos viver depois uma onda de câncer”

Os especialistas em saúde estimam que, em 2030, os vários tipos de câncer irão se tornar a principal causa de doenças no planeta

Redação Jornal de Brasília

15/04/2021 14h05

Atualizada 17/04/2021 11h47

JBr Saúde

Os especialistas em saúde estimam que, em 2030, os vários tipos de câncer irão se tornar a principal causa de doenças no planeta, provavelmente superando as complicações cardíacas e as decorrentes de doenças crônicas como hipertensão e diabetes. Boa parte, porém, dos tipos de câncer hoje têm boa possibilidade de tratamento se forem diagnosticados precocemente e se o tratamento começar a ser realizado logo no seu início. Esse, porém, é o segundo grande risco que se corre como consequência da pandemia de covid-19: com medo de contaminação, as pessoas têm adiado a realização de exames e tratamentos.

O alerta foi feito pelo diretor geral da unidade de Brasília do Hospital Sírio Libanês e vice-presidente de Relações Nacionais e Internacionais da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica, Gustavo Fernandes, na edição desta semana do JBrSaúde, programa feito em parceria pelo Jornal de Brasília e pelo grupo Imagem&Credibilidade, que vai ao ar todas as quintas-feiras, com apresentação de Estevão Damázio. Para Gustavo Fernandes, há um risco grande de, após a covid-19, surgir uma onda de casos mais graves de câncer.

Segundo Fernandes, desde o início da pandemia, percebe-se uma redução em torno de 50% da realização de exames preventivos que ele chama de “exames salvadores”. São aqueles que permitem o diagnóstico precoce de tumores e o início de um tratamento no início da doença. Exames como colonoscopia e mamografia. “Isso quer dizer que vamos diagnosticar 50% menos tumores precoces e, no ano que vem, teremos que lidar com 50% a mais de tumores mais graves, mais avançados. A gente vai viver uma onda a mais dessas patologias que ficaram represadas”, teme o médico.

Fernandes lembra que as pessoas devem procurar calibrar a necessidade de isolamento com suas demais necessidades, inclusive na área de saúde. Não devem descuidar de manter suas conversas com seus médicos particulares e seus acompanhamentos. Nessas conversas, determinarão a necessidade de exames e outras providências. “Quem tem sintomas, esses sintomas precisam ser investigados. Quem tem situação de risco, tal situação precisa ser avaliada. Quem tem um câncer de mama, um câncer de colo, precisa ser acompanhado”, exemplifica ele.

Grupos de risco

O diretor do Sírio Libanês afirma que os riscos diretamente relacionados à covid-19 para quem tem câncer estão diretamente relacionados com a gravidade geral da situação. “Alguém que teve câncer há algum tempo, cinco, dez anos, mas não tem mais, o risco é semelhante ao da população geral da sua idade”, diz ele. “Quem tem um tumor ativo e está em tratamento com quimioterapia, por exemplo, tem um risco maior”.

Ele aponta, porém, que a vacina não traz qualquer risco adicional para quem tem câncer. “A vacina é segura para pacientes com câncer. As duas vacinas que estão em uso no Brasil, a Coronavac e a da AstraZeneca, são absolutamente seguras”, assegura.

Na conversa, Gustavo Fernandes falou também sobre as lições que a pandemia da covid-19 vêm trazendo para o funcionamento dos hospitais, especialmente as UTIs. Antes da covid, diz ele, o percentual de pacientes realmente em grau gravíssimo mesmo na UTI era de cerca de um terço. Os demais estavam ali porque saíam de procedimentos pós-operatórios ou situações semelhantes que ensejavam cuidados. Mas não eram exatamente pacientes graves. “Agora, neste momento 70% dos pacientes na UTI do Sírio Libanês está intubada, com ventilação mecânica. Temos hoje uma quantidade de pacientes de altíssima gravidade que é algo que antes nunca tinha sido sequer imaginado”, afirma.

Isso tem trazido lições e acelerado a formação e a experiência dos profissionais que atuam na área. Uma situação que de alguma forma vai gerar consequências que ficarão permanentes para o funcionamento dos hospitais e demais unidades de saúde.

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