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Hélio Doyle

Quem perde com as greves é a população

Arquivo Geral

24/06/2016 7h00

Renato de Oliveira

Os funcionários da Caesb estão em greve desde maio, os do metrô desde 14 de junho, os rodoviários fazem paralisações e ameaçam com greve se não conseguirem o irreal aumento de quase 20%.

Quem perde com essas e outras greves de servidores públicos é a população, em especial os que mais precisam dos serviços prestados pelo Estado. É o cidadão que anda de ônibus e de metrô, são os que precisam dos serviços da empresa de saneamento que tem o monopólio no setor.

As greves no transporte público prejudicam também os que usam outros meios de transporte, pois as vias ficam mais congestionadas. Prejudicam os que têm negócios, pois os empregados e muitos pequenos empresários dependem dos ônibus. Atrapalham o rendimento escolar, pois alunos, professores e servidores têm dificuldades para chegar às escolas e faculdades.

Não são greves que prejudicam, de verdade, patrões ou governantes. São greves que prejudicam o povo, especialmente as camadas mais pobres da população.

A demagogia não tem custo

Os sindicatos de servidores, quando têm dificuldades em terem suas reivindicações atendidas, recorrem à Câmara Legislativa. Há distritais comprometidos com suas categorias de origem e os que têm medo de contrariar segmentos organizados – ainda mais os mais numerosos – e assumem incondicionalmente suas bandeiras. E há os que são oposição ao governo e querem desgastá-lo.

Distritais nada têm a perder ao apoiar reivindicações que não podem ser atendidas. Não têm a responsabilidade de pagar a conta.

A nova aristocracia operária

Partidos de esquerda também apoiam incondicionalmente os sindicatos de servidores e suas greves. Alguns partem de uma interpretação ligeira dos clássicos marxistas, como se todo e qualquer sindicato e toda e qualquer greve fossem “revolucionários”. Outros, porque radicalizar em defesa dos bolsos dos associados é a maneira de permanecerem nas direções sindicais.

Para esses partidos, não apoiar uma greve é uma heresia contra os cânones da esquerda. Isso é uma visão estreita do que seja uma greve e um desvirtuamento do que é ser de esquerda.

Talvez esses militantes nunca tenham ouvido falar ou lido sobre “aristocracia operária” e os males causados pelo “economicismo egoísta e pequeno burguês” em sindicatos e partidos ditos proletários.

Esses professores são de “esquerda”?

Alguém verdadeiramente de esquerda acha que interromper a viagem do VLT e pichar e colar adesivos em uma composição novinha no Rio de Janeiro é uma “ação revolucionária”?

E é “revolucionário” deixar sem aulas, por 111 dias, crianças de escolas públicas, que geralmente são as mais pobres e mais prejudicadas pela desigualdade social?

Se a resposta for sim para as duas questões, o desvio ideológico é bem grave.

Problemas da fama

Há alguns dias correm rumores de que alguns distritais defendem o Uber em troca de, digamos, passes livres. Outros rumores são de que alguns distritais se posicionam contra os interesses do aplicativo porque não foram devidamente recompensados.

Pode ser tudo mentira e os distritais podem estar agindo de acordo com suas convicções e pautados pelo republicanismo. Os rumores podem ser falsos e maledicentes.

Mas quem não zela cotidianamente pela imagem e pela reputação acaba pagando por isso.

Uber é inevitável

Tudo o que os distritais decidiram sobre o Uber pode cair com um veto do governador, uma decisão declarando a inconstitucionalidade da lei aprovada ou com uma decisão do Conselho Administrativa de Defesa Econômica (Cade), órgão que defende a livre concorrência.
Impedir ou limitar o funcionamento do Uber é uma decisão contra a população, que tem o direito de escolher como quer ser transportada e, principalmente, pagar menos por isso.

O governo, aliás, foi medroso ao propor à Câmara não permitir a operação do Uber X. Conciliar demais e ter medo de categorias profissionais não é bom para nenhum governante.
Distrital quer brincar de polícia

O deputado Welington Luiz (foto) a cada dia se supera na tentativa de aparecer. Sua última novidade é querer que a Câmara Legislativa compre para a CPI da Saúde equipamentos usados pela polícia e pague o trabalho de policiais requisitados por ele.

O deputado, que é policial civil, talvez queira voltar às suas origens e teve a desfaçatez de pedir, por ofício, que a Câmara compre veículos descaracterizados, câmeras digitais, gravadores e celulares. Quer ainda que a Câmara pague a alimentação dos policiais, combustível e o uso dos celulares.

Segundo o distrital, a CPI tem recebido diversas denúncias e tem de investigá-las. Como se não pudesse encaminhá-las à Polícia Civil, ao Ministério Público e ao Tribunal de Contas.

Alguém precisa explicar ao deputado o que é uma CPI. E que Câmara é Câmara, polícia é polícia. E que o inquérito no nome da CPI não é inquérito policial.

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