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Hélio Doyle

PSB e Filippelli pesam na relação com Temer

Arquivo Geral

01/09/2016 7h00

Atualizada 31/08/2016 22h32

Edilson Rodrigues/Cedoc

Há dois fatores importantes a se considerar quando se tenta prever como serão as relações entre o governo de Brasília e o governo federal, agora que Michel Temer assume de vez a presidência da República: os votos do PSB na Câmara e no Senado e a presença do ex-vice-governador Tadeu Filippelli (foto) em um gabinete no Palácio do Planalto.
Temer precisa do apoio das bancadas do PSB no Congresso e o governador Rodrigo Rollemberg pode ajudar nisso. Independentemente da influência que Rollemberg possa ter nas bancadas federais, não será para Temer uma boa política hostilizá-lo ou prejudicar o governo de Brasília. Será melhor ter os governadores do PSB por perto.

Um opositor muito bem instalado

O outro lado da história é a proximidade entre Temer e Filippelli, que vem de longe. O presidente da República já disse a várias pessoas que seu canal para assuntos do Distrito Federal é o ex-secretário de Joaquim Roriz e de José Roberto Arruda e ex-vice de Agnelo Queiroz. Filippelli é próximo também do ministro Eliseu Padilha.
É claro que Temer não deixará que questões políticas locais possam atrapalhar suas articulações no Congresso, mas são imensas as possibilidades que tem alguém próximo ao presidente para prejudicar um governador. Além disso, Filippelli pode, de seu posto, faturar politicamente benefícios que o governo federal possa vir a conceder a Brasília.

Candidato, mas por enquanto

Todos os que fazem política e politicagem no Distrito Federal sabem que Filippelli é hoje um entusiasta articulador de uma aliança oposicionista para as eleições de 2018. São inúmeras reuniões e conversas, especialmente com os remanescentes dos grupos políticos de Roriz e de Arruda, a maioria dos quais já esteve em ambos.
Filippelli espera ser o nome de consenso desse grupo para se candidatar ao governo de Brasília em 2018. Ou, dependendo das circunstâncias, ao Senado.
Mas, se as delações premiadas e as operações do Ministério Público e da Polícia Federal continuarem no mesmo ritmo, Filippelli provavelmente não chegará até lá.

Aliás…

Duas delações premiadas, entre outras, assustam políticos brasilienses: as do advogado Sacha Reck e do doleiro Lúcio Funaro. Reck é acusado de participar da manipulação da licitação do transporte coletivo, no governo de Agnelo Queiroz.

É para valer ou para negociar?

O governo apresentou ontem aos policiais civis uma proposta que parece ter sido formulada para não ser aceita: os 37% de aumento pagos em quatro anos a partir de 2018. No atual mandato de Rollemberg, em 2018, o aumento seria de 8%. O restante ficaria para a próxima gestão.
Para os policiais civis, a equivalência da remuneração com a Polícia Federal é essencial. Mas os federais receberão os 37% em três anos, a partir de janeiro de 2017. Em 2019 já estarão reivindicando outro aumento.
É bastante provável que os policiais civis recusem a proposta. Talvez o governo esteja pensando em negociar uma alternativa, para pagar a primeira parcela no segundo semestre de 2017.

Proposta de altíssimo risco

O governo está numa situação muito difícil. As projeções são de que em vez de sair do limite prudencial da Lei de Responsabilidade Fiscal, atinja seu limite em 2017. E ainda deve R$ 1,2 bilhão do calote dado pelo governo anterior nos fornecedores e precisa de R$ 1 bilhão para fechar as contas de 2016.
A partir de outubro, o governo tem de pagar os aumentos concedidos aos servidores pelo então governador Agnelo Queiroz, o que significará uma despesa adicional de R$ 1,3 bilhão por ano. A promessa foi feita a eles durante as greves no segundo semestre do ano passado.
A proposta feita aos policiais civis é considerada, no Buriti, de “altíssimo risco” para a economia do Distrito Federal. E também arriscada porque vai atiçar o movimento de bombeiros e policiais militares por aumentos.

Mas a crise não acabou?

No ano passado, Rollemberg deu ouvidos aos palpiteiros – alguns fantasiados de profissionais, mas na verdade amadores – que lhe sugeriram parar de falar na crise financeira pela qual o governo passava e ainda passa. Esses palpiteiros acenavam com “agendas positivas”, um velho clichê que engloba até inauguração de poste, como contraponto à péssima situação dos cofres públicos.
Apesar das advertências de que o risco era enorme, o governador prometeu aos servidores pagar os aumentos dados pelo governo anterior sem previsão financeira e orçamentária.
O resultado disso é que o governo passou à sociedade a ideia de que a situação estava melhorando. Agora tem de reverter essa percepção.

Radicalização bem-vinda pela oposição

Dois deputados federais têm se dedicado a incentivar os policiais a se rebelarem contra Rollemberg: o delegado Laerte Bessa e o coronel Alberto Fraga. Ambos fazem oposição ferrenha ao governador e nada melhor para eles que a mobilização de policiais civis e militares contra o governo.

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