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Hélio Doyle

Mediação poderia resolver impasse entre governo e sindicatos

Arquivo Geral

18/10/2016 7h00

Atualizada 17/10/2016 21h43

O governador Rodrigo Rollemberg e seus secretários têm mostrado, com profusão de números, a péssima situação financeira do governo. Alguns, porém, não acreditam ou fingem não acreditar no que eles dizem. É natural que haja questionamentos e ceticismo perante as afirmações de Rollemberg e da sua equipe.
Diante das dúvidas levantadas quanto aos números e à situação real, governo e sindicatos de servidores poderiam constituir um grupo independente para ter acesso irrestrito a todas as informações e dados oficiais. Esse grupo daria um parecer sobre o quadro financeiro e sugeriria como e quando será possível dar os aumentos.
Com pessoas qualificadas e isentas, indicados em comum acordo, a mediação poderia ajudar os dois lados a encontrar uma solução para o confronto que causa prejuízos, sobretudo, à prestação dos serviços públicos.

Negociações ao velho estilo não têm sentido

Os sindicatos têm todo o direito de reagir, mas as greves anunciadas não vão fazer aparecer dinheiro para pagar os aumentos. Não há espaço para negociações em torno de percentuais e prazos, pois o governo já deve ter aprendido que não é bom, para acabar com as paralisações, prometer o que não pode cumprir.
A mediação independente, com a participação, por exemplo, de economistas e outros profissionais reconhecidos, representando ou não entidades da sociedade civil, poderia indicar aos dois lados uma solução para o impasse. Ou, pelo menos, tirar dúvidas sobre as contas.
As negociações entre servidores e governo não podem mais ser feitas no velho estilo: um longo e cansativo processo de propostas e contrapropostas, blefes e ameaças, com longas greves e paralisações que só prejudicam a população, em especial a que mais precisa dos serviços do Estado.

Desculpas, ainda que tardias

O governador Rollemberg pediu desculpas aos servidores por não estar pagando a terceira parcela dos aumentos salariais, conforme tinha prometido no ano passado. Foi na entrevista que deu à CBN, na manhã de ontem.
Rollemberg deveria ter pedido desculpas diretamente aos servidores, mas por um erro de estratégia política mandou que secretários comunicassem aos sindicatos a decisão de não pagar – tarefa que tinha de ser dele, que assumiu no ano passado o compromisso de pagar. E ainda cometeu a deselegância de dar entrevista à imprensa antes da reunião com os sindicatos. Mas sempre há tempo de corrigir o erro, o que também é demonstração de humildade.

Costas quentes garantem privilégio

Questionado em entrevistas, o governador tem tentado justificar a sanção dos aumentos salariais de 18%, em três anos, concedidos em julho aos servidores da Câmara Legislativa e do Tribunal de Contas do DF. Diz que são órgãos com orçamento próprio e que havia previsão dos reajustes – mas não diz que o dinheiro sai do mesmo caixa alegadamente vazio que paga os servidores do Executivo. Outro argumento do governador é de que quando sancionou a lei ainda não sabia se poderia ou não pagar os aumentos dos servidores do Executivo. Na verdade, a probabilidade de não pagar já era, na época, de 95%. A melhor atitude do governo, então, teria sido vetar o aumento e condicioná-lo aos do Executivo, impedindo o privilégio.
Prevaleceu, porém, o interesse político de não desagradar aos distritais e aos conselheiros do TCDF, especialmente aos presidentes Celina Leão e Renato Rainha.

Melhor é deixar como está

A deputada distrital Celina Leão espera hoje, que o Conselho Especial do Tribunal de Justiça lhe devolva a presidência da Câmara Legislativa. Se o julgamento for favorável a Celina, os demais afastados da mesa diretora – Raimundo Ribeiro, Bispo Renato e Júlio César – podem se beneficiar, por extensão, e retomar seus postos.
Mas as esperanças do grupo acusado de desviar dinheiro da saúde diminuíram com a terceira fase da Operação Drácon, ontem. Assessores diretos de Celina e do Bispo Renato foram flagrados por câmeras de segurança retirando material de gabinetes da mesa diretora, o que pode ser caracterizado como obstrução de justiça.
Parece óbvio que, de volta aos cargos de comando e com poder, o quarteto pode mesmo atrapalhar as investigações do Ministério Público e da Polícia Civil, como argumentou o desembargador Humberto Ulhôa ao decidir pelo afastamento.
Se no final das investigações nada houver contra eles, voltam gloriosos.

Aliás…

Se os assessores Sandro Viera e Alexandre Cerqueira estavam retirando material presumivelmente comprometedor às vésperas da primeira etapa da Operação Drácon, é preciso saber quem vazou para os distritais que haveria a ação do MP e da Polícia Civil.

Não pode ser para valer

É melhor para os brasilienses que tenha sido apenas um gesto de cordialidade do governador Rollemberg pedir conselhos ao senador José Sarney). Pois não é a um político que personaliza a velhíssima política e que fez do Maranhão, sob seu controle total, o estado mais empobrecido do país que o governador de Brasília tem de pedir conselhos.

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