Menu
Hélio Doyle

Greve sem perspectiva de vitória é fria

Arquivo Geral

27/10/2016 7h00

Atualizada 26/10/2016 23h13

Os sindicatos de servidores não conseguiram fazer ontem o ato grandioso que imaginavam. Só mesmo os dirigentes sindicais e poucos funcionários foram à Praça do Buriti para mostrar força e avançar na convocação de uma greve geral. O jeito foi marcar outro ato para o dia 10 de novembro, quando os professores estarão mobilizados – o que garante um bom quórum para a manifestação.
O problema que os dirigentes sindicais enfrentam é que o governo parece firme em sua decisão de não pagar os aumentos. Apertado pela crise financeira e pela Lei da Responsabilidade Fiscal, não há como pagar agora nem prometer fazê-lo em uma data futura.
Nesse quadro, fazer greve é dar um tiro em si próprio: sem conquistas, as greves se esvaziarão e os dirigentes vão se desgastar perante suas bases; os servidores que aderirem ficarão sem aumento e sem salários, caso efetivamente tenham seus pontos cortados. E todos sabem que é mais fácil começar uma greve do que sair dela sem vitória.

Demagogia a três: Bessa, Fraga e Rosso

Os deputados federais Laerte Bessa, Alberto Fraga e Rogério Rosso armaram um jogo de cena para agradar aos policiais civis e militares e aos bombeiros de Brasília, mas foram logo desmascarados. Fingiram que estavam tentando estender a eles o aumento a ser concedido aos policiais federais, mas já sabiam que não conseguiriam.
Para fazer média com os policiais e bombeiros, o coronel Alberto Fraga apresentou a emenda para que eles fossem também beneficiados pelo aumento. Como relator do projeto, o delegado Laerte Bessa rejeitou a emenda do coronel Fraga, mas aceitou a do paisano Rogério Rosso, que estendia o aumento aos policiais civis de Brasília.
Diante da insatisfação dos policiais federais, que viram na emenda uma dificuldade a mais para obterem o aumento que pleiteiam, Bessa, que tinha recusado a emenda de Fraga, retirou a emenda de Rosso.

Valor irreal para Centro de Convenções

Pelo menos uma das 22 irregularidades encontradas pelo Tribunal de Contas do DF no edital para concessão do Centro de Convenções já está sendo contestada: dificilmente alguém vai aceitar pagar R$ 3.276.585,14 por ano pela concessão, como quer o TCDF, pois em 2015 o faturamento global do centro não chegou a R$ 3 milhões.
O valor proposto pelo governo é mais realista: R$ 1,5 milhão por ano. Estabelecer para os concessionários contrapartidas acima das possibilidades reais é, no entender de muitos, uma maneira indireta de inviabilizar a concessão. De qualquer maneira, o debate ainda está aberto.

Proposta sem sentido, mas com muito sentido

Permanece a proposta feita pela coluna: já que, pelo jeito, no entender do TCDF não há ninguém no governo capaz de elaborar corretamente um edital, coordenar um processo de licitação e redigir um contrato sem erros, irregularidades e ilegalidades, o corpo técnico do tribunal deveria assumir a responsabilidade por esse trabalho.
Sem o governo para atrapalhar, pois faz tudo errado, as licitações teriam uma tramitação muito mais rápida. Os técnicos do TCDF, que fazem tudo certinho, já encaminhariam a documentação aos conselheiros, para julgamento, sem um só erro ou ilegalidade.

Conselheiros não terão tanto trabalho

Há mais uma vantagem em o TCDF assumir a tarefa de cuidar diretamente das licitações do governo de Brasília, sem intermediários que só atrapalham: quando um conselheiro segurar o processo por tempo demais ninguém terá dúvidas de que há algo errado ou suspeito na atitude protelatória. Hoje, há dúvidas e suspeitas quando um conselheiro segura um processo por tempo demais, mas é o grande o risco de estar sendo injusto. Ele — ou ela – podem estar realmente verificando minuciosamente tudo, pois talvez o corpo técnico não tenha detectado algum dos graves erros que o governo sempre comete.

Brasília não é uma ilha

Não está difícil diferenciar, nas notas de alguns portais e blogs, o que é análise sobre as perspectivas eleitorais e o que é lobby de possíveis candidatos às eleições de 2018. Já começou a temporada de especulações, quando alguns blogueiros aproveitam para levantar a bola de seus financiadores e amigos.
Quem quer fazer análises e prospecções sérias para 2018 certamente está de olho nos índices de abstenção e votos nulos e em branco e em quem está sendo eleito nessas eleições municipais, assim como na alta rejeição a partidos e políticos tradicionais. E já verificou que o fenômeno ocorre em vários países, inclusive nos Estados Unidos.
Aliás, a abstenção nas eleições municipais no Chile foi de 65%.

Complexo de colonizado e cafonice

Muito bom ter em Brasília uma corrida de rua só para mulheres, tendo como mote o combate ao câncer de mama e recebendo um quilo de alimentos como taxa de inscrição.
Mas esse evento precisa ser chamado de “Pink for life run”? É a predominância da cafonice e do pedantismo dos neocolonizados que dão nome em inglês a tudo, até a expressões de uso corrente, como se a língua portuguesa não fosse bonita, sonora e rica.
Como certamente diria Ancelmo Gois, pink for life run é o cacete.

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado