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Hélio Doyle

Câmara repete o velho e surrado clichê

Arquivo Geral

04/07/2016 10h58

Foto: Kleber Lima

Já é tradição: no último dia de sessões antes do imerecido recesso parlamentar, os distritais aprovam com suspeitíssima rapidez alguns projetos polêmicos e que procuram esconder da população. Para usar os lugares-comuns tão ao gosto de alguns, a toque de caixa, na penumbra e na surdina.

Essa é a lamentável Câmara Legislativa que temos no Distrito Federal. A maioria dos distritais não está nem aí para a população e para a cidade. Cuida de seus interesses privados e de seus projetos políticos.

Depois acham que vão enganar a todos com publicidade de má qualidade e comprando segmentos da imprensa com as vultosas verbas de propaganda da Câmara.

Debate só quando interessa a eles
Os distritais, com a presidente Celina Leão à frente, cobram do governo mais tempo para que possam debater os projetos que lhes são submetidos. Estão certos. Projetos, especialmente os de mais impacto sobre a população, têm de ser debatidos amplamente. Não tem sentido enviá-los à Câmara e querer que os distritais os aprovem com rapidez.
Mas esses distritais não pensam o mesmo a respeito de seus projetos. Se é deles, não é preciso discutir muito.
Pelo contrário: quanto menos debate, melhor.

Quem perde com os gastos é o povo

A maioria dos distritais não tem também qualquer compromisso com a gestão do Distrito Federal. Para eles, não importa se há uma crise econômica gravíssima no país e em Brasília, que o Estado não tenha condições de arcar com o custeio de áreas fundamentais para atender a população e não possa investir em novos projetos. Isso, para esses distritais, é problema do governador. Eles se consideram no direito de aumentar as despesas do Distrito Federal e depois os gestores é que se virem.Como se os maiores prejudicados com isso não fossem os brasilienses.

Aumentos de salários e mais cargos comissionados

É com essa mentalidade politiqueira, irresponsável e demagógica que os distritais aprovam projetos demagógicos, às vezes inconstitucionais, que aumentam os gastos do Estado. Alguns são vetados pelo governador, mas muitas vezes os vetos são derrubados.

Na última sessão do semestre, os distritais aprovaram o trem da alegria da Defensoria Pública, com a criação de 250 cargos comissionados. Um escândalo, resultado de um conluio vergonhoso do chefe do órgão com alguns distritais.
Aprovaram também aumentos salariais para os servidores da Câmara e do Tribunal de Contas do DF. Afinal, quem paga a farra é o Executivo.

Fazem a festa (deles) com o dinheiro da população.

Irresponsáveis impunes

É fácil para os distritais agradar a algum segmento da população com medidas que muitas vezes até são corretas e justas, mas que não têm viabilidade. É a história de fazer agrado com o dinheiro dos outros.
Uma dessas medidas demagógicas é obrigar o governo a colocar um professor de educação física em cada ponto de encontro comunitário. Faltam professores na rede pública, mas os distritais querem agradar aos professores de educação física e pronto.

Pena que não há crime de responsabilidade para casos assim.

OSs para fazer barganha

Alguns distritais, a presidente à frente, não se importam sequer de enganar seus colegas. Aproveitam-se do ritmo frenético com que fecham o semestre para fazer para ludibriá-los e aprovar projetos que lhes interessam.

Um exemplo é o que proíbe o funcionamento de organizações sociais no sistema de saúde. A presidente o colocou em votação sem que alguns distritais sequer notassem, por incompetência ou distração.

A votação em segundo turno será em agosto. Tempo suficiente para os distritais pressionarem o governador a fazer concessões para que rejeitem o projeto.

Na lei e na marra

Outra manobra dos distritais, mais uma vez com a presidente Celina Leão liderando o processo, foi aprovar a abertura do comércio aos domingos independentemente de acordo entre empregados e patrões. Os comerciários perderão o adicional de 50%.
Celina quis agradar aos empresários do comércio e evitar as inevitáveis reações dos comerciários. Não colocou o projeto em discussão, ignorou os protestos e conseguiu aprová-lo.

A encenação do transporte urbano

Rodoviários, empresários dos transportes e governo de Brasília fizeram seu teatrinho e quem pagou por isso foram os brasilienses, especialmente os que andam de ônibus.

Os rodoviários pediram 20% de aumento dos salários. Desde o início sabiam que não conseguiriam isso.
Os empresários sabiam há vários dias que o governo, parte indispensável do processo de negociação, só concordaria em dar o reajuste equivalente à inflação, 9,86%.

O governo, a quem cabe endossar ou não o valor do reajuste salarial, passou vários dias fingindo que o problema não era com ele. Sempre foi.

Depois de duas semanas de redução da frota nos horários de pico, prejudicando milhares de usuários, as três partes chegaram a um acordo na véspera da deflagração de uma greve que não aconteceria.
Chegaram aos 9,86% que poderiam ter acertado há duas semanas.

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