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Hélio Doyle

Administrações regionais são inúteis e custam caro

Arquivo Geral

17/06/2016 7h00

O governo de Brasília apresentou projetos fracos e confusos para viabilizar a eleição de administradores regionais e constituir os conselhos de representantes comunitários, previsto na Lei Orgânica. Corretamente, submeteu as propostas à população por meio de um sítio na internet. Menos de 900 pessoas opinaram.

O tema é complexo e controverso. Não é só a questão das eleições, mas o que deveria anteceder essa discussão: o que devem ser e para que devem existir as administrações regionais? Se devem existir, como devem ser organizadas? Como deve ser a divisão territorial do Distrito Federal?

Não basta a consulta pela internet, é preciso que o governo abra um debate com a sociedade sobre isso. Afinal, as administrações regionais hoje são inutilidades que custam muito dinheiro aos cofres públicos.

Mudar o sistema de escolha será um avanço

Rodrigo Rollemberg elegeu-se prometendo revolucionar os métodos de governar e de fazer política. Disse reiteradas vezes que não queria ser governador para fazer “mais do mesmo”. Até agora, fez muito pouco nesse sentido e parece ter se acomodado aos velhos estilos e velhas fórmulas.

Inovar na escolha dos administradores regionais será um avanço. Não tem sentido manter o atual sistema, que vem desde 1990, em que políticos indicam os administradores e incham as administrações com seus apadrinhados.

Mas a eleição direta pode não ser a melhor alternativa de haver a participação da comunidade, ainda mais com candidatos necessariamente filiados a partidos e no mesmo dia em que se elege o governador.

Cabe debater bem isso, assim como a formação dos conselhos comunitários. Nesse caso, a proposta do governo é altamente restritiva à representação das comunidades.

Entidades da sociedade civil estão acomodadas

O governo deveria ter a iniciativa de abrir o debate sobre as administrações regionais, mas as entidades representativas da cidade estão demonstrando uma acomodação e um conformismo inaceitáveis.

O formato das administrações e dos conselhos comunitários, assim como o modo de escolher o administrador, interessam a toda a população de Brasília. Deveria ser discutido até mesmo se as administrações devem mesmo existir, ou se devem ser 31.
As entidades comunitárias, sindicais, empresariais, estudantis, sociais e por aí adiante poderiam tomar a iniciativa de abrir esse debate.

Segurança sem influência política

Durante muitos anos prevaleceu em Brasília o controle da Secretaria de Segurança e das polícias Civil e Militar pelos políticos eleitos pelas duas corporações para o Congresso Nacional e para a Câmara Legislativa. Eles que aprovavam a escolha do secretário e indicavam os diretores e delegados da Polícia Civil e os comandantes da PM. Mandavam e desmandavam na área de segurança. A bem da verdade mais desmandavam do que mandavam.

O governador Rodrigo Rollemberg repetiu várias vezes na campanha eleitoral que isso iria mudar e que os políticos não interfeririam nas polícias. Pode-se dizer que em essência conseguiu, pois não foram políticos que indicaram os dois secretários, o diretor da Polícia

Civil e os dois comandantes da Polícia Militar.

E, ao que se sabe, nenhum deles deve obediência a nenhum deputado.

Nem tudo pode ser perfeito

Há ainda influências políticas na Polícia Civil, mas é inevitável que haja. Os políticos ligados à corporação, com mandato e sem mandato, ou no Tribunal de Contas do DF, têm seus aliados e amigos nas polícias e não se pode impedir que delegados e agentes de carreira exerçam suas funções só por causa dessas ligações.

Há casos de indicações e atendimento de pedidos feitos por políticos e conselheiros do TCDF, mas nada que se compare ao que acontecia antes, quando prevaleciam as indicações políticas e havia loteamento dos cargos entre os parlamentares.

No desespero, recurso à demagogia

Essa influência era importante para os políticos-policiais, claro, pois demonstravam poder e apareciam como porta-vozes das corporações. Sem esse poder na mesma dimensão que tinham, contam apenas com os discursos de críticas à área de segurança e em defesa dos interesses dos servidores.

Exercem uma legítima prerrogativa da atividade parlamentar, sem dúvida. E falam sobre o que, presumivelmente, conhecem.

Mas com capacidade de interferir muito baixa, esses políticos-policiais começam a demonstrar desespero e recorrer ao discurso demagógico.

E os policiais, especialmente os mais recentes, não se deixam mais enganar com facilidade.

Cunha é um bom companheiro?

Dois deputados federais da bancada do Distrito Federal não escondem suas íntimas relações com o presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (foto): Rogério Rosso e Laerte Bessa.
Caso se candidatem à reeleição, isso não terá grande importância. Mas se tentarem disputar eleições majoritárias, sentirão em grau mais elevado o peso da rejeição da população à corrupção e à politicagem.

Mas quando Cunha cair vão tentar se recuperar.

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