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Futebol

Tenistas brasileiros de duplas dão ‘pneu’ em atletas de simples em 2017

Arquivo Geral

13/11/2017 20h31

Melo e Kubot receberam um troféu nesta segunda-feira (13) como homenagem aos jogadores que formam a parceria número 1 do mundo. Foto: Reuters/Hannah McKay

Pedro Marra
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O tênis brasileiro parece uma gangorra neste ano. Por um lado, Marcelo Melo ganhou seis títulos, com a recente conquista ao lado do polonês Lukasz Kubot, no último dia 5, pelo Masters 1000 de Paris. Por outro, Thomaz Bellucci, de 29 anos, corre o risco de não entrar na chave principal do Aberto da Austrália – o atleta de simples ocupa a 112ª posição no ranking da Associação de Tenistas Profissionais (ATP). Em 2010, o paulista alcançou o histórico 21º lugar e ficou por 14 dias no posto. É o segundo melhor resultado da história do tênis nacional, atrás de Guga, antigo nº 1 do mundo.

O Jornal de Brasília fez uma análise do rendimento dos atletas mais bem posicionados no ranking da ATP de cada categoria. Pôde-se constatar que os tenistas de duplas dariam um “pneu” – termo usado quando um tenista ganha o set sem deixar o adversário pontuar – e meio nos de duplas.

De um lado da quadra, representando um dos duplistas, estaria Marcelo Melo: 1º do mundo na categoria, ele disputou oito torneios em 2017 ao lado do polonês Lukasz Kubot (2º). O mineiro tem se dado bem na parceria sem ter que lamentar resultados “negativos”, pois foram longe no Masters 1000 de Xangai e de Indian Wells, sendo vice-campeões. Os seis títulos vieram nos Masters 1000 de Miami (EUA), de Madrid (Espanha), ATP 250 de S’Hertogenbosch (Holanda), ATP 500 de Halle (Alemanha), Wimbledon (Inglaterra) e o último no Masters 1000 de Paris (França).

A “vitória” é reforçada pelo brasileiro Bruno Soares, 10º melhor do mundo em duplas. Profissional há 16 anos, o mineiro já jogou ao lado de Marcelo Melo, com quem ganhou quatro torneios entre 2010 a 2012. O britânico Jamie Murray (9º) – irmão de Andy Murray, ex-1º do mundo de simples –, é o colega de Bruno desde o ano passado. Juntos, ganharam seis abertos: de Sidney, Austrália e Estados Unidos – em 2016 – e os abertos de Acapulco, Stuttgart e Londres neste ano. É de se comemorar a carreira do mineiro, porque ele pode estar em décimo atualmente, mas já liderou o ranking mundial de duplas em outubro do ano passado, quando passou para a semifinal do ATP de Viena.

“Brasilienses preferem simples”

Para o presidente da Federação Brasiliense de Tênis (FBT), Sérgio Oprea, os tenistas locais preferem jogar na categoria simples e se destacam. “O duplista depende muito do parceiro. Se não for uma dupla afinada ou entrosada, isso pode ser um empecilho. Às vezes, acontece de dois de simples jogarem e não terem entrosamento”, analisa.

Por esse motivo, Sérgio vê o tênis brasiliense focado nas simples. “Os brasilienses preferem as simples. Porque atualmente, o Brasil tem poucos torneios de duplas. Mas a afunilação das simples é muito menor. O Thomaz Bellucci mesmo, conseguiu se manter entre os melhores 60 do mundo, e isso já é de se comemorar, porque às vezes ele não recebe o crédito que ele merece”, comenta o presidente.

O 3º colocado no ranking de amadores da FBT, Rodrigo Starling, de 31 anos, joga tênis há mais de 21 e não vê disparidade de uma categoria para a outra. “Acho que existe uma falta de visão da complexidade da profissão. Os irmãos Brian são o maiores exemplos, desde a faculdade juntos. Mas reconheço que jogar nas simples dá maior visibilidade. Atualmente, para você alcançar o TOP 100 na ATP é uma dificuldade enorme. Não há disparidade. Tanto que Bruno e Marcelo também são bons jogadores de simples. Tem um fator sorte também, e o Brasil está muito bem representado. Concordo que exista uma diferença nos resultados, mas a competição de simples é mais intensa”, afirma. Dificilmente você encontra um jogador no começo da carreira como duplista.

Atualmente, há apenas um brasileiro entre os 100 primeiros: Rogério Dutra Silva, 33 anos. Mais conhecido como Rogerinho, ele é o nº 1 do Brasil e 93º colocado no ranking internacional de simples. Vale lembrar que o tenista tem apenas uma conquista pela associação internacional: no ATP 250 do Brasil Open, em 2017, ao lado de André Sá pelas duplas. A categoria é o que diferencia os dois.

Thomaz Bellucci terá de correr contra o tempo para se recuperar da lesão no tendão de Aquiles, que o tirou das quadras no US Open, ocorrido no fim de agosto. Se o brasileiro se recuperar até o próximo dia 20 – início do Challenger do Rio – terá a oportunidade de voltar a figurar o TOP 100 da ATP. Ontem, Bellucci desceu cinco posições no ranking da associação. A 92ª posição foi o última do paulista entre os cem primeiros do mundo.

Junto de Rogério e Bellucci está o cearense Thiago Monteiro, de 23 anos. Ele é o terceiro brasileiro mais bem rankeado na 133ª posição. Pelas quartas de final do Aberto de Buenos Aires, Thiago caiu para o argentino Carlos Berlocq, 77º colocado à época. Mas antes, nas oitavas de final ele obteve uma das vitórias mais marcantes da carreira: um 2 sets a 0 – com parciais de 6/3 e 6/4 – sobre o espanhol Tommy Robredo, ex-top 5 do mundo e atual 192º do ranking.

Saque para fora

Desanimado com a realidade, ele não vislumbra um futuro próspero para os tenistas brasileiros. “Não é por falta de talento, e sim investimento. Eventos sociais para comunidades carentes são mais para a mídia e não para os jovens. Aí que a gente vê o quanto o Brasil precisa de maturidade social”, critica ele, que disputou o circuito americano por quatro anos.

Na opinião do tenista de simples Paulo André, 2º colocado no ranking da FBT, os jogadores de duplas são mais focados e têm mais compromisso. “Um ajuda o outro a conseguir ritmo, o que deixa o seu jogo mais completo e com mais opções”, opina o atleta. Com 17 anos, Paulo já conquistou títulos importantes de simples. Em torneios regionais ano passado, ganhou o Circuito Goiano de Tênis, Curitibano Open, além do Circuito Brasiliense de Tênis. Mesmo com histórico positivo nas simples, ele pretende jogar nas duplas.

“Gosto muito de jogar de dupla por dar a oportunidade de conhecer mais pessoas e criar amizades. É muito legal, acho possível uma mudança para essa categoria ou até mesmo tentar as duas ao mesmo tempo”, almeja.

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