O ministro do Esporte, Aldo Rebelo, criticou, nesta quinta-feira, os altos preços dos ingressos nos jogos do Campeonato Brasileiro, sobretudo nas partidas realizadas nas arenas construídas para a Copa das Confederações e a Copa do Mundo.
“Os preços são exorbitantes. Teve um jogo entre Santos e Flamengo (no Estádio Mané Garrincha, em Brasília), em que o ingresso mais barato custava R$ 180. Acho que isso é inadmissível. Que haja ingressos mais caros, porque há serviços nos estádios pelos quais os organizadores cobram, mas sou a favor do subsídio cruzado. Ou seja, a parte mais cara dos ingressos ajuda a subsidiar a mais barata, para que o futebol não perca sua essência, sua natureza, que é a ligação com o povo. Se perder isso, perde sua essência”, disse Rebelo durante bate-papo promovido pela Empresa Brasileira de Comunicação (EBC).
Mesmo criticando os altos preços, o ministro rechaçou a ideia que as novas arenas estejam elitizando o público que acompanha as partidas dos estádios.
“Eu frequentava a geral do estádio Rei Pelé, em Alagoas. Esse glamour que o Canal 100 mostrava, do torcedor desdentado na geral, ouvindo o jogo com um rádio, só fica nas cenas de cinema, porque não é bom ver jogo da geral. Você fica com a visão prejudicada, não existe conforto algum, você vê o jogo o tempo todo de pé. Então, acho que tem de ser relativizado. Geralmente quem fala muito bem da geral nunca viu o jogo na geral. Quem via jogo na geral, sinceramente preferia ver jogo confortavelmente sentado na cadeira. Agora, desde que pudesse pagar por um lugar na cadeira, que não é o que vem acontecendo atualmente”, afirmou.
Ministro é a favor de mudanças na estrutura do futebol brasileiro
Rebelo se posicionou favoravelmente à criação de uma liga nacional de clubes, que existe, por exemplo, em Espanha, Inglaterra e Alemanha.
“Sou favorável à criação de uma liga dos clubes. Onde houve a criação, houve um aproveitamento muito melhor das potencialidades dos clubes, das marcas, dos torneios que eles disputam. Acho que os clubes brasileiros deveriam organizar uma liga, lutar pelos seus direitos. A CBF cumpre seu papel de regulamentação do futebol, cuida da seleção brasileira, e os clubes deveriam cuidar melhor dos seus interesses. Acho que uma liga ajudaria a defender e a projetar melhor os interesses dos clubes brasileiros no país e fora do Brasil”, declarou.
O ministro ainda revelou que o governo tem conversado com a CBF a respeito de eventuais mudanças no calendário do futebol brasileiro.
“Nós conversamos com a CBF sobre isso. Há parte dos clubes que jogam três meses por ano e depois passam nove sem disputar uma competição. Há uma queixa de outra parte dos clubes por conta de um calendário acima do europeu, que expõe jogadores a lesões. Há quem queira folga no calendário para fazer pré-temporada e excursão ao exterior. O governo tem interesse em participar da discussão e racionalizar nosso calendário, para que ele torne a vida econômica e a exposição das marcas de nossos clubes algo mais competitivo em relação ao futebol europeu”, disse.