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Moda

Morre, aos 81 anos, a estilista britânica Vivienne Westwood

Vivienne Westwood foi um ícone da moda punk e new wave, após vestir bandas de punk rock, como Sex Pistols

Redação Jornal de Brasília

30/12/2022 10h14

Foto: Patrick Kovarick/AFP

Ela começou como a “imperatriz do punk” e acabou se transformando na grande estrela da moda britânica. A renomada estilista Vivienne Westwood faleceu na quinta-feira (29), em Londres, aos 81 anos — anunciou sua família.

“Vivienne Westwood morreu hoje (quinta-feira) em paz e acompanhada por sua família em Clapham, no sul de Londres. O mundo precisa de pessoas como Vivienne para mudar para melhor”, afirmaram os familiares em uma mensagem postada na conta no Twitter da estilista.

“Trabalhamos até ao fim, e isso me deu muitíssimas coisas para seguir em frente. Muito obrigado, querida”, disse seu marido, Andreas Kronthaler, segundo um comunicado citado pela agência PA.

Westwood se destacou, principalmente, por seu estilo de moda “punk”, provocador e rebelde.

Ela conseguiu se sobressair nas passarelas desde a década de 1970, quando o design de moda era uma disciplina artística praticamente monopolizada pelos homens.

O Museu Victoria e Albert de Londres descreveu-a como uma “verdadeira revolucionária e uma força rebelde na moda”.

“Seu estilo punk mudou as regras da moda nos anos 1970, e ela foi muito admirada por sua coerência com seus valores ao longo de sua vida”, reconheceu a secretária britânica de Estado para a Cultura, Michelle Donellan, em mensagem também no Twitter após o anúncio de seu falecimento.

“Seu estilo punk mudou as regras da moda nos anos 1970 e foi muito admirada por sua coerência com seus valores ao longo de sua vida”, destacou.

Além de seus desenhos, Westwood ficou conhecida por seus comportamentos provocadores.

Em 1992, ela foi sem calcinha ao Palácio de Buckingham para receber o título da Ordem do Império Britânico das mãos da própria rainha Elizabeth II e posou para os fotógrafos levantando sua saia.

Em sua colorida trajetória, Westwood desfilou com Kate Moss de topless comendo sorvete e quase quebrou o tornozelo de Naomi Campbell, que tropeçou em saltos plataforma de 23 centímetros. 

Em 2016, deixou a direção artística de sua empresa para seu marido, Kronthaler, um austríaco 25 anos mais jovem. Mas a marca Westwood permaneceu ali: rebelde, transgressora e politicamente engajada. 

“Defender ideias me deixa feliz”, dizia ao amigo Ian Kelly, coautor de sua autobiografia publicada em 2014.

Nos últimos anos, devido ao seu compromisso com o meio ambiente, incentivou as pessoas a comprarem menos roupas. Recebeu, no entanto, algumas críticas, por não dar o exemplo. Segundo o grupo ativista Remake, sua marca obteve apenas 21 de um total de 100 pontos no índice de sustentabilidade.

Além disso, apoiou a causa do australiano Julian Assange, fundador da polêmica plataforma WikiLeaks. Em diversas ocasiões, opôs-se à sua possível extradição para os Estados Unidos.

Assange está preso em Londres desde 2019, aguardando o processamento do pedido de extradição aos Estados Unidos. O governo americano acusa-o de ter divulgado segredos militares americanos em 2010 sobre as guerras no Iraque e no Afeganistão. Se condenado nesse país, pode passar anos na prisão.

WikiLeaks publicou a notícia da morte de Westwood com fotos dela e Assange com uma camiseta desenhada por Westwood e a mensagem: “Rest in Power” (Descanse no).

“Sempre punk”

Ela nasceu como Vivienne Swire, em 8 de abril de 1941, na cidade de Tintwistle, perto de Manchester, onde sua mãe trabalhava em uma fábrica de algodão, e seu pai consertava sapatos. 

Quando adolescente, fazia seus próprios vestidos e estudou joalheria em Londres, mas desistiu cedo. 

“Não sabia que uma garota da classe trabalhadora como eu poderia ganhar a vida no mundo da arte”, afirmou.

Tornou-se professora, casou-se com o operário Derek Westwood, de quem herdou o sobrenome, e teve um filho, aos 22 anos. 

Sua vida deu uma guinada radical alguns anos depois, quando ela trocou o marido por Malcolm McLaren, então empresário da polêmica banda punk Sex Pistols. Juntos, abriram uma loja de roupas na famosa King’s Road, em Londres, que se tornou o epicentro do movimento punk britânico. 

No auge do negócio, sob o nome “SEX”, camisetas rasgadas e artigos de látex e couros no estilo BDSM viraram o uniforme de uma geração. 

Em 1981, organizou seu primeiro desfile em Londres, batizado de “Piratas”. É dessa época sua famosa camiseta com o rosto da Rainha Elizabeth com um alfinete — elemento tradicional dos punks — no nariz. E, embora ao longo dos anos tenha-se afastado da estética BDSM, nunca traiu seu espírito punk. 

“O que faço agora ainda é punk. É gritar contra a injustiça e fazer as pessoas pensarem, mesmo que seja desconfortável. Sempre serei punk, nesse sentido”, disse ela a Ian Kelly. 

Agence France-Presse

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