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Estilo de Vida

Empresa chega a acordo com família de Henrietta Lack, cujas células revolucionaram a medicina

Células extraídas de um tumor de Henriquetta Lack foram enviadas para um pesquisador sem seu conhecimento em 1951

Redação Jornal de Brasília

01/08/2023 19h08

A família de Henrietta Lacks, cujo genoma revolucionou a medicina moderna, chegou a um acordo com a Thermo Fisher, a empresa de biotecnologia que utilizou as células desta afro-americana sem o seu consentimento, anunciaram os advogados nesta terça-feira (1º).

“As partes estão satisfeitas por terem encontrado uma maneira de resolver este assunto fora dos tribunais”, disseram os advogados da família Lacks, Ben Crump e Chris Seeger, em um comunicado.

Não foram revelados os termos do acordo, alcançado quase dois anos depois que uma denúncia foi apresentada no estado americano de Maryland.

A Thermo Fisher Scientific Inc confirmou a informação com as mesmas palavras dos advogados da família.

Em 1951, Henrietta Lacks, de 31 anos, morreu de câncer de colo de útero no Hospital Johns Hopkins, em Baltimore. Durante as tentativas de curá-la, células extraídas de seu tumor foram enviadas para um pesquisador sem seu conhecimento.

O pesquisador logo percebeu que suas células, rebatizadas de células HeLa, eram extraordinárias, porque podiam ser cultivadas in vitro, ou seja, fora do corpo humano, e se multiplicar infinitamente. Isso permitiu que laboratórios de todo o mundo desenvolvessem vacinas, especialmente contra poliomielite, assim como tratamentos contra o câncer e algumas técnicas de clonagem.

A família de Henrietta Lacks tomou conhecimento disso somente na década de 1970. E foi apenas com o best-seller “A vida imortal de Henrietta Lacks”, publicado em 2010 por Rebecca Skloot que entendeu o alcance disso.

“Estão há 70 anos usando suas células, e a família Lacks não recebeu nada em troca desse roubo”, denunciou sua neta Kimberly Lacks em 2021, quando a família disse que pretendia apresentar uma denúncia e acusou a Thermo Fisher Scientific de lucrar com a comercialização das células.

Nesta terça-feira, Henrietta Lacks completaria 103 anos.

A empresa não respondeu às perguntas da AFP sobre o assunto.

© Agence France-Presse

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