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Rudá, de Travessia, é assexual estrito; entenda orientação do adolescente

A Rede de Educação e Visibilidade Assexual (AVEN, sigla em inglês) diz que uma pessoa assexual é aquela que não experimenta atração sexual

FolhaPress

01/11/2022 15h02

Foto: Divulgação

FILIPE PAVÃO
SÃO PAULO, SP

Interpretado pelo ator Guilherme Cabral, Rudá é descrito como um jovem antenado com o mundo digital na sinopse de “Travessia”. Ele foi o responsável por produzir uma deepfake contra Brisa (Lucy Alves) e mudar a vida da protagonista drasticamente.

Além da relação com a tecnologia, o personagem escrito por Glória Perez traz outras camadas: o adolescente não tem boa relação com o padrasto, Moretti (Rodrigo Lombardi), e é assexual estrito.
Rudá é pressionado pelo padrasto a arrumar uma namorada. Ele chega a ser questionado se é homossexual por não se aproximar de meninas “como um garoto normal de sua idade”. Mas, na verdade, ele não se interessa nem por meninos, nem meninas.

A Rede de Educação e Visibilidade Assexual (AVEN, sigla em inglês) diz que uma pessoa assexual é aquela que não experimenta atração sexual. O site da rede ainda reforça que há uma diversidade dentro da comunidade.

“Muitas pessoas assexuais podem experimentar formas de atração que podem ser românticas, estéticas ou sensuais na natureza, mas não levam à necessidade de agir sobre essa atração sexualmente. Podemos ter satisfação em relacionamentos sem sexo, mas baseados em outros tipos de atração”, diz a AVEN.

Mas o que significa ser assexual estrito? É alguém que não tem interesse na prática sexual com outra pessoa em nenhuma hipótese ou circunstância. Diferente do celibato, que é uma escolha, e do desejo sexual hipoativo, que é uma patologia, a assexualidade pode ser considerada uma orientação sexual, explica o site brasileiro Assexualidade.

Apesar da palavra “assexualidade” ainda não ter sido citada na trama, o assunto começou a repercutir na semana passada quando Rudá expôs o conflito interno que sente em conversa com a mãe, Guida (Alessandra Negrini).

O papo começou quando ela foi tirar satisfação pelo adolescente ter feito uma deepfake envolvendo o padrasto, que passou a ser linchado nas redes sociais. Rudá alterou um vídeo para que Moretti ficasse no lugar de um homem que dizia “odiar todos os cachorros”.

“Você não tem a dimensão do que essa brincadeira idiota (criar deepfakes) pode causar, do prejuízo que isso pode dar para a empresa dele e, consequentemente, para nós. Sim, para nós. Se ele perde, nós também perdemos”, disse Guida.

“Ele é um saco. Os outros não eram. Manda ele parar de ficar empurrando garotas para mim o tempo todo”, respondeu o adolescente.

A mãe, então, questionou se ele é gay. “Meu filho, a mamãe já te perguntou uma vez, vai te perguntar de novo: você é gay? Eu juro que você pode se abrir para mim, não tem a menor importância. Nem para mim, nem para o Moretti”, acrescentou ela.

Com lágrimas nos olhos, ele negou que seja homossexual. Nas próximas semanas, a trama de Glória Perez deve desenvolver a narrativa em torno do adolescente assexual e o personagem vai lidar com o processo de descoberta de sua própria orientação sexual.

TIPOS DE ASSEXUALIDADE

A rede AVEN dividiu a comunidade em subgrupos a fim de facilitar o entendimento. A divisão básica se dá na forma da assexualidade romântica (a pessoa que pode se apaixonar) e arromântica (o assexual que não sente amor romântico). Por sua vez, os assexuais românticos ainda se dividem em heterorromânticos, homorromânticos e birromânticos.

O sufixo “-romântico” é utilizado ao invés do “-sexual” para não confundir as subclassificações da assexualidade com as orientações sexuais tradicionais.

A divisão ainda explica que existem outros subgrupos, como os demissexuais, que são aqueles que se encontram entre a assexualidade e as outras orientações sexuais, sentindo atração sexual exclusivamente quando formam fortes laços afetivos e românticos com outras pessoas.

Entretanto, o site Assexualidade diz que essas classificações ainda estão em discussão na comunidade assexual brasileira, mas percebe-se que nem todos os assexuais se identificam com elas. E há um relativo consenso de que essas classificações são importantes em um plano didático, mas que não são essenciais na busca do autoconhecimento de cada assexual.

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