Larissa Galli
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Das galerias de arte para as cozinhas. Dos teatros para a sala de aula. Profissionais das mais diversas áreas usam seu interesse pela cultura para levar as expressões e vertentes da arte aos locais mais inusitados. É o caso de uma professora que é atriz e uma chef que leva seu talento para a confeitaria artística.
Kenya Munique Araújo de Moraes, mais conhecida como Kika de Moraes, é professora, formada em Artes Cênicas e Plásticas. Ela usa essa afinidade com as artes para deixar as aulas mais lúdicas e dinâmicas.
Kika desenvolveu uma metodologia chamada Despertando o Sentido, que usa a sensibilidade artística para melhorar o desempenho dos alunos. Com fantasias, encenações, fantoches e cantorias, tia Kika dá aula de Musicalidade e Música para bebês, crianças e adolescentes em três escolas do Distrito Federal. Ela também já foi também professora de Teatro e História da Arte no Ensino Médio. “Toda aula se torna um espetáculo e, como no teatro, o resultado é automático. Na hora eu percebo que consegui atrair a atenção do aluno para o conteúdo”, conta.
Filha de pais artistas, Kika resolveu trazer a arte para a sala de aula depois de perceber o desinteresse dos estudantes para as matérias que ela ensinava. “Um dia, eu fui dar aula de História da Arte e nenhum aluno prestava atenção. Aí eu resolvi colocar uma roupa de Joana D’Arc e me apropriar de algumas falas dela. Dessa forma eles teriam que olhar para mim”, conta.
Dramaturgia
O empresário Filipe Carvalho também traz a arte para seu ambiente de trabalho. Formado em Arte Cênicas, professor e dono do Food Truck Puxadinho, ele treina os garçons e o chef do estabelecimento com técnicas de teatro para melhorar o atendimento e agradar os clientes.
Treinamento
As atividades de treinamento da equipe do Food Truck Puxadinho são as mesmas técnicas utilizadas no aprendizado de atores. “Eu preparo exercícios vocais e corporais, jogos teatrais colaborativos, dramáticos e muita reflexão das práticas diárias, como sugere o Teatro do Oprimido”, pontua Filipe Carvalho. Todos os profissionais passam por uma preparação dramática antes de iniciar o trabalho. “O paralelo que a gente faz é com uma peça teatral. No teatro, sempre precisamos de empenho e dedicação para que as coisas saiam da melhor maneira. No food truck, a ideia é que cada atendimento seja um espetáculo”, finaliza.
Ateliê e forno: entre pincéis e confeitos
Ao somar o amor pelas duas formações, a Gastronomia e as Artes Plásticas, Fernanda Monteiro, 29, se tornou referência no ramo da confeitaria artística na capital. Há 10 anos, a artista e confeiteira teve a ideia de abrir a empresa Kit Cake e rechear suas receitas com arte.
Quando era criança, a chef tinha contato direto com tintas, novelos de lã, agulhas de crochê e pincéis. De família mineira, a gastronomia também foi marcante na infância de Fernanda, que sempre brincava de testar as receitas da mãe. “Foi acontecendo naturalmente, eu cresci num ambiente bem cultural. Minha mãe é artesã, então acho que isso acabou propiciando esse meu lado artístico”, comenta.
Hoje, para decorar os bolos, cupcakes e bombons, a confeiteira utiliza materiais comestíveis como papel de arroz, corante alimentício e confeitos de açúcar, aliados a técnicas de artes visuais.
Ela conta que os bolos são divertidos de fazer, mas nunca leva menos de um dia para ficarem prontos, por isso atende apenas sob encomenda. “A confeitaria hoje tem uma nova roupagem e passou a ser valorizada só agora. Acredito que produzir produtos que chamam a atenção pelo sabor e pelo cuidado estético é um diferencial”, diz.