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Legião Urbana ganha nova turnê-homenagem feita por Dado Villa Lobos e Marcelo Bonfá

Ninguém tem dúvidas. A Legião acabou no dia em que Renato Russo se foi, em 11 de outubro de 1986, aos 36 anos, mas vale muito o tributo

Redação Jornal de Brasília

25/04/2023 6h28

Foto: TASSO MARCELO/AE

É um tributo, uma homenagem, um reencontro ou uma reconexão, só não é a volta da Legião Urbana. E este é um detalhe importante, talvez mais para fins jurídicos relacionados aos embates travados entre os músicos Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá, os dois remanescentes do grupo, e o filho de Renato Russo, Giuliano Manfredini, do que para os fãs – mas ele sempre retorna. “A Legião Urbana acabou, o que fazemos é uma homenagem a ela”, reforçam os músicos.

Ninguém tem dúvidas. A Legião acabou no dia em que Renato Russo se foi, em 11 de outubro de 1986, aos 36 anos, vítima de complicações provocadas pela aids. Mas, mesmo inviabilizado de prosseguir sem o magnetismo de seu grande líder, o grupo confirma ter um dos materiais afetivos mais poderosos dentre tudo o que se fez de rock nacional. E pode revalorizar isso de tempos em tempos.

A nova turnê de Dado e Marcelo, As V Estações, acontecerá com o repertório de dois álbuns: As Quatro Estações, de 1989, e V, de 1991. Duas realidades bem distintas de uma mesma banda. Do primeiro disco, que chegou a vender algo como 2 milhões de cópias, há feitos eternos e atuais provados por muitas revoluções, como Há Tempos, Pais e Filhos, Quando o Sol Bater na Janela do Teu Quarto, Monte Castelo, Meninos e Meninas e Sete Cidades. Do segundo, sem o mesmo estrondo e feito sob um contexto distópico do pós-Plano Collor, aparecem canções como Love Song, Metal Contra as Nuvens, O Teatro dos Vampiros e Vento no Litoral. “A Legião virou uma entidade, e essa entidade está aí. Só precisamos mantê-la viva”, diz Dado.

O projeto que vai celebrar os dois álbuns começa a rodar o País a partir de 5 de maio, com um show no Recreativo Campestre, em Sorocaba. É curioso Dado e Bonfá fazerem a estreia de uma turnê, mais uma vez, em Sorocaba. “Mesmo quando ainda existia a Legião, fizemos muitas aberturas de turnês nessa cidade”, lembra o guitarrista. Os shows seguintes seguirão por São Paulo (6/5, na casa Unimed Hall), Brasília (13/5), Belo Horizonte (20/5), Porto Alegre (24/6), Rio (1/7), Curitiba (26/8), João Pessoa (15/9), Recife (16/9), Manaus (26/10), Belém (28/10), Teresina (24/11) e Fortaleza (25/11).

FRATESCHI NOS VOCAIS. Os vocais serão, mais uma vez, de André Frateschi. Os outros músicos do grupo são Lucas Vasconcellos (guitarra), Mauro Berman (baixo e responsável por uma importante direção musical, encarregada de costurar as músicas dos dois álbuns) e Pedro Augusto (teclado). O primeiro encontro com essa turma para uma homenagem se deu em 2015, ano em que o disco Legião Urbana completou 30 anos.

Frateschi falou sobre a nova leva de shows em um texto enviado aos jornalistas. “Em 2015, quando nos juntamos para essa celebração dos 30 anos de lançamento dos álbuns da Legião Urbana, o projeto previa algo em torno de 20 shows. Agiu, então, a lei do encontro; formamos uma banda que criou raízes e assim foram – até agora – sete anos, duas turnês e centenas de apresentações. E, agora, estamos prontos para embarcar numa próxima estação. Dado e Bonfá são a corporização disso tudo, e eu presencio a cada subida no palco, olhando nos olhos do público, o tamanho desse reencontro. São apresentações analógicas, cheias de som e fúria, que mantêm viva a chama do rock.”

Apesar de não se tratar de um show da Legião, a força do reencontro pode estar sendo subestimada pelos programadores de festivais do País. Mesmo com uma oferta grandiosa de eventos, o projeto não aparece em nenhum deles. “A gente nunca participou desses festivais, acabávamos enchendo estádios sozinhos”, diz Marcelo Bonfá. A turnê anterior, segundo o baterista, foi vista por 400 mil pessoas.

PAIS E FILHOS. Há de fato, e isso é sempre dito pelos fãs e pelos músicos, um poder quase natural de atualidade das canções de Renato Russo, algo que parece ganhar mais força com o passar do tempo. “A gente acabou criando uma questão universal das canções populares de uma forma que elas não se apagam”, observa Dado.

Pais e Filhos, um dos momentos mais fortes do repertório do grupo, está nas memórias do guitarrista como algo que chegou “quase sem querer”. “Eu e o Bonfá íamos ser pais, e víamos muito a revista Pais&Filhos na época. Tinha aquele nome, e então usamos uma ideia de um riff de uma música da Tracy Chapman, e Renato veio com uma letra que era triste, originalmente sobre suicídio.” Pais e Filhos se tornou uma das canções mais emblemáticas de uma geração.

Sobre os possíveis policiamentos ou comparações que podem ser feitos entre André e Renato Russo, os músicos argumentam que André “não está ali para imitar Renato, ele apenas interpreta como acha que deve fazer”. Não tentar o caminho do cover é uma boa escolha. Há algo poderoso em André que colabora para que a memória de Renato seja fortalecida, enriquecida, eternizada

Estadão Conteúdo

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