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Kátia Flávia
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Rosalía enlouquece o Rio garimpando vinis de Elis, Caetano , Sérgio Mendes e afins

A espanhola virou musa dos sebos cariocas e deixou o país em êxtase com sua rota musical secreta.

Kátia Flávia

04/12/2025 13h30

A espanhola virou musa dos sebos cariocas e deixou o país em êxtase com sua rota musical secreta.

Enquanto o Rio ainda se recupera do choque térmico causado pela passagem de Rosalía, a diva ibérica resolveu provar que não vive só de looks imaculados e fãs histéricos aos pés do Cristo. Não, meu bem, ela saiu distribuindo charme pelas ruas como quem joga confete em desfile de Carnaval e, num passe de mágica, transformou Travessa do Ouvidor em passarela e sebo em red carpet. A gata não apenas provou caipirinha, não apenas sorriu para turistas, não apenas fez a peregrinação turística básica. Ela foi além. Ela mergulhou de cabeça nos vinis brasileiros como se estivesse decifrando o mapa astral da MPB, as informações são do O Globo.

E o plot twist, minha filha, foi cinematográfico. Tudo começou com uma fotinho tímida segurando Elis Regina. Era só o que faltava para jogar gasolina na curiosidade nacional. Pietro Reis, nosso detetive musical oficioso, entrou num frenesi sherloquiano que faria até Miss Marple pedir água. O homem rastreou loja por loja, porteiro por porteiro, segurança por segurança, até achar o templo sagrado onde Rosalía desceu do salto para escolher preciosidades sonoras. De quebra, ainda entrevistou pipoqueiro. Pipoqueiro. É o tipo de investigação que a Interpol sonha, mas não tem coragem.

E o que a nossa musa levou na sacola? Um cardápio de respeito: Elis, Caetano em várias fases, Chico, Bethânia, Gilberto Gil, Sérgio Mendes. Uma salada de gerações, décadas, estéticas e afetos que só alguém com faro finíssimo e alma de coleção poderia arquitetar. Rosalía garimpou como quem monta altar. Foi tão profundo que os fãs transformaram a lista viral numa espécie de amorosa arqueologia sonora.

O mais delicioso de tudo é que essa rota musical ficou debaixo do radar até o último minuto, como se fosse segredo de alcova. Só veio à tona quando a detetiveria digital entrou em ação e pronto: o Brasil entrou em combustão. Porque, convenhamos, não existe nada mais irresistível do que uma diva estrangeira reverenciando nossa santíssima trindade musical. É o tipo de gesto que faz a perua aqui arregalar o olho, bater o leque e gritar: pronto, agora sim, ela selou cidadania afetiva no Brasil.

Rosalía não apenas passou pelo Rio. Ela fez o Rio passar por dentro dela. E deixou para nós o recado que importa: vinil é fetiche, Brasil é poesia e diva é estado de espírito.

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