Amores, o churrasco virou assunto sério. E não foi por causa do ponto da carne, não.
Um vídeo revelado pelo jornalista fofo Guilherme Amado, do PlatôBR, colocou novamente o nome de Flávio Bolsonaro no centro de uma polêmica política daquelas que fazem barulho. Nas imagens, o empreiteiro Renato Araújo, amigo da família Bolsonaro, aparece distribuindo a chamada “picanha do Flávio” a pessoas que curtiam o pré-feriado em lanchas, em Angra dos Reis, no litoral do Rio.
Até aí, poderia parecer só uma farra de verão. Mas o detalhe que muda tudo é este: a carne vinha embalada com o nome e a imagem do senador, apresentada como um “presente”. Tudo filmado, tudo postado e depois, convenientemente, apagado.
E foi aí que o clima mudou.
Não é preciso ser especialista para perceber o problema. Distribuir comida já chama atenção. Distribuir comida com nome de político, então, acende todos os alertas possíveis.
A legislação eleitoral é clara: não é preciso pedir voto para caracterizar propaganda antecipada. Basta associar um político a uma vantagem, a um benefício ou a uma ação promocional fora do período permitido.
No caso da “picanha do Flávio”, o cenário é completo, nome e imagem de político estampados, produto entregue gratuitamente, ambiente público, gravação para redes sociais
e clima de pré-campanha. Ou seja, a receita perfeita para dor de cabeça jurídica.
A Justiça Eleitoral já decidiu, em outros casos, que a distribuição de brindes com conotação política pode configurar propaganda irregular, mesmo sem pedido explícito de voto. E não é de hoje que ações envolvendo carne e bolsonarismo entram no radar do Judiciário.
Em eleições passadas, promoções semelhantes foram barradas justamente por violarem a igualdade entre candidatos e criarem vantagem indevida por meio de brindes.

A diferença agora é o cenário: lancha, festa, vídeo, redes sociais e um nome político estampado na embalagem. Tudo junto, tudo filmado, tudo público.
Até o momento, não há confirmação de abertura de investigação, mas o episódio já circula nos bastidores políticos e jurídicos. Caso haja provocação do Ministério Público Eleitoral, o caso pode ser analisado como, propaganda eleitoral antecipado, uso indevido de benefício, possível abuso de poder econômico
A defesa, como sempre, deve alegar que foi apenas uma ação informal, sem intenção eleitoral. Mas, para muita gente, o estrago já está feito.
Não foi só churrasco. Não foi só brincadeira. Não foi só encontro de amigos. Foi picanha com nome de político, distribuída em público, filmada e divulgada.
E quando a carne vem com rótulo político, o assunto deixa de ser culinário e vira caso de Justiça.