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Kátia Flávia
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Paulo Victor Zattar Ribeiro vira farol na genética e transforma histórias de quem viveu anos sem respostas

O médico que faz da genética um mapa de esperança para pacientes perdidos em diagnósticos raros.

Kátia Flávia

01/12/2025 16h30

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Paulo Victor, que faz doutorado em reprodução humana, afirma: “A genética é sobre cuidado, acolhimento e esperança”. Foto: divulgação

A genética pode até parecer distante para muita gente, mas quem cruza o caminho de Paulo Victor Zattar Ribeiro entende rápido que essa especialidade é quase um superpoder. Um dos pouquíssimos geneticistas em atuação no Brasil, ele faz parte de um time que mal chega a 400 profissionais. E, mesmo com essa escassez absurda, Paulo faz a diferença onde muitos já tinham perdido a fé no sistema de saúde.

Nascido em Joinville e hoje radicado em Ribeirão Preto, ele construiu a carreira unindo investigação científica, escuta humana e uma sensibilidade rara na medicina. Sensibilidade que ele achou que seria fraqueza, mas virou força. Cresceu cercado por médicos da própria família, mas só descobriu sua vocação pra valer ao ver o cuidado do pai e, anos depois, ao viver uma imersão com um oncogeneticista em Portugal. Ali, a genética deixou de ser conceito e virou missão.

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Paulo Zattar transforma diagnósticos raros em esperança para pacientes. Foto: divulgação

Paulo já acompanhou histórias que fariam qualquer um desabar. Como a menina de 7 anos que passou três anos entre dores insuportáveis e pronto-socorro sem diagnóstico. Bastou um exame genético para revelar a causa e devolver paz à família. Foi como acender um farol em noite fechada.

Teve também o caso que ganhou repercussão nacional: Síndrome de Moebius, condição rara que paralisa músculos do rosto e compromete movimentos oculares. O diagnóstico trouxe visibilidade e acolhimento para dezenas de outras famílias que viviam a mesma saga em silêncio.

E não é só na clínica. Ele próprio viveu na pele o peso da incerteza. “Demorei mais de quatro anos para descobrir que tinha Hailey-Hailey.” O alívio veio quando uma geneticista lhe deu, finalmente, a resposta que faltava. Desde então, ele repete como mantra: genética é bússola. É direção. É a chance de transformar sofrimento em cuidado real.

Paulo defende um conceito ampliado de cura. Na genética, nem sempre é possível apagar a doença, mas sempre é possível aliviar, orientar e devolver dignidade. “Cura é diagnóstico. É escuta. É qualidade de vida.” E ele fala isso com a firmeza de quem vê esses pequenos milagres acontecerem todos os dias.

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Além da clínica, o especialista criou o PodRaros, projeto que leva informação acessível sobre síndromes raras a famílias no Brasil. Foto: divulgação

Entre os avanços que mais o empolgam estão as triagens em pessoas saudáveis, a farmacogenômica que escolhe o medicamento certo para cada DNA e a terapia gênica, que abre novas portas em casos antes considerados sem saída. Seu doutorado segue na mesma linha, focado em reprodução humana e menopausa precoce, mostrando como a genética pode ajudar mulheres a planejarem o futuro.

Mesmo atendendo em Ribeirão Preto, Joinville e por telemedicina, Paulo sabe que a genética ainda é um território desconhecido para muita gente. Por isso, criou com a médica Lisandra Letícia Palaro o PodRaros, projeto que leva informação acessível a famílias que convivem com síndromes raras. O retorno tem sido emocionante: gente que passou a vida invisível agora encontra explicação, acolhimento e pertencimento.

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O médico usou a genética para devolver paz à família de uma menina de 7 anos que sofreu por três anos sem diagnóstico. Foto: divulgação

E enquanto equilibra clínica, pesquisa e divulgação, ele também se recarrega no esporte. Tênis, surfe e, principalmente, mergulho. Esse último virou ritual. Silêncio, profundidade e um mundo onde ele pode desligar tudo.

A mensagem que ele deixa para cada família resume seu propósito:
“Eu vejo vocês. Vejo a força de cada mãe que estuda, de cada pai que não desiste e de cada criança que enfrenta o impossível sem perder o brilho no olhar. A genética é sobre cuidado, acolhimento e esperança. Caminho com vocês para tornar cada jornada mais leve, mais justa e mais digna.”

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