A sentença caiu como lâmina. A Justiça de São Paulo determinou que um ex-funcionário de confiança de Milton Neves devolva R$ 3,2 milhões desviados ao longo de quase oito anos. Não foi descuido, não foi confusão contábil, não foi mal-entendido. Foi prática contínua, silenciosa e sistemática, fiquei estarrecida ao ler no site do meu “best” Daniel Castro.
O juiz da 32ª Vara Cível foi direto ao ponto. O réu se aproveitou do acesso irrestrito às contas pessoais e empresariais do apresentador para realizar saques fracionados, transferências bancárias recorrentes e pagamentos sem qualquer autorização formal. Tudo longe dos holofotes. Tudo longe do radar. Tudo enquanto ocupava o posto de homem de confiança.
O padrão que entregou o jogo
A decisão judicial detalha um roteiro pouco elegante. Movimentações incompatíveis com a renda declarada, emissão de notas fiscais sem comprovação de serviço e um rastro financeiro que não fechava. Perícias contábeis mapearam o caminho do dinheiro ao longo dos anos, desmontando a narrativa de normalidade.
O magistrado destacou que justamente essa proximidade permitiu que o esquema se mantivesse ativo por tanto tempo, sem alarde, sem suspeita imediata e sem resistência interna.
A tentativa de justificar os valores como acordos verbais e serviços prestados não passou do papel. Nenhum contrato. Nenhuma autorização. Nenhuma prova minimamente consistente.
A resposta veio seca. Argumentos rejeitados. Condenação mantida. Restituição integral determinada, com correção monetária.

E um detalhe que pesa. A sentença deixa claro que a responsabilização civil independe de eventual ação penal. Em tradução livre. Devolve agora, responde depois.
Milton Neves já havia falado publicamente sobre o impacto pessoal da descoberta. Anos de relação profissional e pessoal reduzidos a números frios em extratos bancários. O que antes era frustração virou decisão judicial.
Quando a confiança vira ferramenta de desvio, o ajuste não vem em conversa privada. Vem em sentença, valor fechado e assinatura no rodapé.
E desta vez, veio.