O novo episódio do podcast “A Infância Explica”, apresentado pela neurocientista Telma Abrahão, foi ao ar nesta quinta-feira (11) e traz uma das conversas mais sensíveis e profundas da temporada. A convidada é a jornalista e palestrante Izabella Camargo, um dos nomes mais emblemáticos na discussão sobre burnout, saúde mental no trabalho e pressão estética no jornalismo brasileiro.
No episódio, Izabella revisita lembranças da infância e compartilha como experiências emocionais precoces influenciaram diretamente sua vida adulta, incluindo o adoecimento que culminou em seu apagão ao vivo na TV Globo, em 2018, que mais tarde se tornaria um dos casos mais marcantes da discussão pública sobre esgotamento profissional.
Em um dos momentos mais tocantes, ela relembra um padrão que carrega desde pequena: “Eu me lembro de não querer dar trabalho para minha mãe, de não querer levar problemas para ela, porque eu já via ela trabalhando bastante. Eu queria ser uma excelente filha, com excelentes notas, para não gerar nenhum peso a mais. Fome eu não passei, sede eu não passei, mas eu sinto que eu não fui vista, eu não fui ouvida”.

Ela ainda reflete sobre um comportamento que carregou para a vida adulta, o excesso de autossuficiência: “Autonomia e independência também têm limite”. A frase abre espaço para uma discussão profunda sobre como crianças que são obrigadas a amadurecer muito cedo e não podem expressar suas necessidades, tendem a se tornar adultos que ignoram sinais de exaustão, ultrapassam limites e se cobram além da conta.
Telma complementa trazendo uma reflexão essencial sobre validação emocional na infância: “Mas é o sentir, é como você se sente que realmente importa. Muitos pais dizem: ‘Eu amo meu filho, faço tudo por ele’, e isso é verdade. Mas a pergunta é: o seu filho se sente amado por você?”.
Izabella também fala sobre os bastidores do burnout, que transformaram sua trajetória pessoal em ativismo pela saúde mental e por condições de trabalho mais humanas. No papo, ela revela como tem ressignificado sua própria história, como encara a maternidade hoje e que novas práticas passou a adotar para não repetir padrões que carregou por uma vida inteira.
O episódio é um convite potente para quem viveu, ou ainda vive, relações com excesso de responsabilidade emocional, ambientes profissionais adoecidos ou a sensação de não ter sido ouvido na infância. É também uma mensagem de esperança sobre reconstrução, limites e afeto.
Confira o episódio com Izabella Camargo na íntegra: