Menu
Entretenimento

“Eduardo e Mônica” é um presente para Brasília

“Eduardo e Mônica” já foi às telas internacionais e ganhou prêmio de melhor filme internacional no Festival de Edmonton, no Canadá

Redação Jornal de Brasília

16/12/2021 17h17

Foto: Janine Moraes / Divulgação

Amanda Karolyne
redacao@grupojbr.com

Uma das cenas mais populares nas rodinhas de amigos em Brasília é a do violonista que só sabe tocar Legião Urbana, clássica banda de rock nacional, nascida no Distrito Federal, que transita em todos os públicos. Com uma das músicas mais conhecidas sendo “Eduardo e Mônica”, o cantor e compositor Renato Russo, líder, fundador e vocalista da Legião, conseguiu criar no imaginário brasileiro uma história de amor de quatro minutos e meio que se passa na capital. E no próximo dia 6 de janeiro estreia nos cinemas brasileiros um longa-metragem, dirigido por René Sampaio, que expande o universo desta canção para as telas como um presente e uma carta de amor ao DF.

Inicialmente, a produção iria ao ar em 2020, mas a pandemia adiou o lançamento. Entretanto, “Eduardo e Mônica” já foi às telas internacionais e ganhou prêmio de melhor filme internacional no Festival de Edmonton, no Canadá.

O filme não deixa de trazer à tona os problemas e diferenças de Eduardo e Mônica. Ao passo que, no início, é um pouco desconfortável acompanhar a relação deles se iniciar, o decorrer da trama vai nos mostrando as vidas de ambos e nos levando a entender o que motiva o casal.

Com cenas marcantes que exploram alguns pontos da cidade, como o Congresso Nacional e as paredes do lado externo do Teatro Nacional, onde o casal se senta para conversar, o filme é ambientado nos anos 1980. De acordo com o diretor René Sampaio, o filme é um presente duplo: dele para Brasília e de Brasília para ele. “Eu recebi uma Brasília maravilhosa durante minha vida inteira e eu retribuo fazendo filmes que sejam significativos para mim, sobre a cidade, para a cidade e na cidade”, afirma.

Os projetos de Sampaio sempre carregam o amor que ele sente pela capital. “Nesse sentido, eu acho que o filme é extremamente moderno. A gente pode reviver essa Brasília dos anos 1980 com mais do que nostalgia: é um resgate de uma Brasília que já existiu e que em alguns lugares ainda existe. Seria muito bacana ver certas coisas como eram antes, como, por exemplo, eles brincando de fazer sombra no Congresso”, comenta. “Essa Brasília já foi mais nossa, agora está cada vez mais distante, agora é desrespeitoso. Mas esse sabor de Brasília dos anos 80, eu gosto de sentir ele na tela”, completa. O diretor acredita que muito do que se fala sobre a capital tem a ver com o noticiário político, quase sempre negativo.

O diretor René conta ainda que o que faz essa história de amor representar Brasília é que a cidade é muito aberta para duas almas se encontrarem e tentarem se conectar de verdade. Para o cineasta, todo mundo já foi a Mônica ou o Eduardo de alguém, sobretudo nos defeitos. “O Eduardo começa o filme olhando de baixo para cima para a Mônica, enquanto ela olha de cima para baixo, e só quando os dois estão se olhando horizontalmente é que eles conseguem ter uma relação. E eles sobem juntos. Essa história de amor é a busca pela relação equilibrada baseada no amor, no afeto e no respeito. Isso vale para qualquer relacionamento”, ressalta.

Ao levar os protagonistas da história da canção para as telas, René Sampaio diz que tenta ser generoso com os personagens, os atores e as pessoas que estão assistindo, para que cada um possa ter a sua interpretação. O diretor não consegue citar uma cena preferida. “Eu gosto do filme inteiro, mas o final deu muito trabalho para fazer. A cena da exposição teve de ser rodada duas vezes, mas foi um grande acerto ter filmado duas vezes”, relembra. “Essa cena sintetiza bem o espírito do filme”, crava.

Os atores

O ator Gabriel Leone interpreta Eduardo, junto de Alice Braga, que faz o papel de Mônica.
Ele sempre foi fã da Legião Urbana — muito por causa dos pais — e da maneira com que Renato interpretava as histórias das músicas. Leone conta que a grande beleza da letra é que o amor deles é real, antônimo a um conto de fadas. “Eles têm problemas e diferentes questões. O Renato, inclusive, abre e fecha a música dizendo: ‘Quem um dia irá dizer que não existe razão nas coisas feitas pelo coração?’, porque é uma questão para todos nós. Em qualquer relacionamento, você vai se ver dividido entre a razão e a emoção em algum momento”, cita.

Gabriel Leone ressalta que o intuito do filme sempre foi ter a música como norte. Também é objetivo do protagonista fazer com que o espectador se entretenha, se divirta e se emocione. “Para isso, obviamente muitas coisas precisaram ser feitas, tanto de aprofundamento dos dois personagens centrais, quanto de licença poética, para que fosse um bom roteiro e um bom filme sem jamais largar a mão da música”, aponta. “A essência da canção, em que dois personagens não podem ficar juntos segundo a sociedade, está longe de ser um conto de fadas. E isso está no filme. A gente conseguiu captar a essência e construir um bom roteiro”, assegura.

Está tudo lá. A história, antes apenas cantada, agora será contada em tela com direito a grandes cenas românticas, como quando o personagem de Eduardo tenta conquistar a Mônica, cantando despreparadamente “Total Eclipse Of The Heart”, de Bonnie Tyler. Cantar, inclusive, é uma coisa que Gabriel Leone sabe fazer, já que participou de grandes obras de musicais como “O Grande Cometa” e “Wicked”, mas o ator fez questão de mostrar um Eduardo performando a música de um jeito ruim, para mostrar que o personagem estava se arriscando para conquistar a protagonista.

Leone fala sobre a cena, similar a de comédias românticas dos Estados Unidos. “A gente não tem uma tradição tão grande em comédias românticas. Os Estados Unidos, por outro lado, produzem em níveis absurdos, e esses clássicos eram referências para gente, como Notting Hill. Acho interessante que são filmes que têm a pegada da comédia romântica mais leve, mas que não deixam de propor bons filmes, bons atores, trilha sonora e bom roteiro, que emocionam e divertem”, diz. O ator se mostra feliz com a realização da cena e exalta o diretor, que conseguiu relacionar o caso com o que se vivia em Brasília na época em que a música foi lançada. “Acho um acerto.”

A atriz Bruna Spínola interpreta a irmã de Mônica no filme. Bruna acredita que, assim como Eduardo, Karina [a irmã] também é um contraponto essencial na vida da protagonista. Ela enxerga o longa-metragem como “uma pausa dramática para o público de Brasília”. “É um respiro para que se possa olhar para a cidade com poesia e amor”.

Trilogia e projetos futuros

René Sampaio, que já dirigiu um longa sobre a canção “Faroeste Caboclo”, revela ter planos de produzir uma trilogia de filmes de músicas da Legião Urbana, mas a terceira música do futuro projeto ainda é um mistério. O diretor prefere não revelar o nome da canção escolhida.

Quanto aos demais projetos, há a perspectiva de gravar uma trilogia de longas sobre o jogo do bicho no Brasil, além da quinta temporada de “Impuros” e a série “How To Be a Carioca” para o Star+. Sampaio diz também que está produzindo um documentário sobre Renato Russo, chamado “É Só Amor”, com direção de Suzana Lyra, que vai falar do processo criativo do astro do rock e das obras inacabadas dele, baseado em acervo.

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado