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DJ Ivis escancara o machismo estrutural nas redes sociais

Nesta semana, os vídeos que mostram uma série de agressões cometidas pelo DJ Ivis contra a sua ex-mulher Pamella Holanda chocaram o Brasil

Redação Jornal de Brasília

14/07/2021 19h14

Foto: reprodução

Apesar das cenas de violência doméstica terem causado uma série de revolta e cancelamento de Ivis nas redes sociais, o perfil que o artista mantinha no Instagram ganhou mais de 200 mil seguidores

Nesta semana, os vídeos que mostram uma série de agressões cometidas pelo DJ Ivis contra a sua ex-mulher Pamella Holanda chocaram o Brasil. As imagens amplamente divulgadas nas redes sociais foram gravadas por Pamella e mostram as agressões sendo cometidas em frente da filha do casal de apenas nove meses, da mãe da vítima e, até mesmo, do motorista do artista. DJ Ives foi preso na tarde desta quarta-feira (14), em Fortaleza (CE).

Apesar das cenas de violência doméstica terem causado uma série de revoltas e cancelamento de Ivis nas redes sociais, o perfil que o artista mantinha no Instagram ganhou mais de 200 mil seguidores, apenas um dia após a divulgação das imagens.

Na avaliação do especialista em Marketing de Influência, Danilo Strano, o fato reforça o machismo estrutural presente na sociedade brasileira, que também ganha espaço no mundo virtual. Parte desse fenômeno pode ser visto no cancelamento virtual da cantora Karol Conká, após a participação dela no reality show Big Brither Brasil 21, transmitido na Rede Globo de TV. Após a série de abusos psicológicos cometidos pela artista dentro da “casa mais vigiada do Brasil” contra alguns integrantes do programa, Karol sofreu inúmeros ataques nas redes sociais e perdeu, em menos de um mês, mais de 500 mil seguidores. Até hoje, a cantora não conseguiu recuperar a empatia dos fãs.

Para Strano, a incoerência presente nesses dois casos reforça, mais uma vez, o machismo e o julgamento que as mulheres são submetidas diariamente. Afinal, embora os excessos, Karol não bateu em ninguém e não cometeu nenhum crime dentro do BBB21, mas passou por um verdadeiro massacre nas redes sociais, perdendo um número significativo de seguidores. Enquanto isso, Ivis, mesmo cometendo um crime de agressão doméstica, acabou ganhando 200 mil likes na mesma plataforma.

“A rede social é um amplificador das questões sociais, ela dá voz para muitas pessoas que não tinham voz, para o bem ou para o mal. De uma hora para outra, esses grupos indenitários, como grupos feministas e grupos antirracistas, que não tinham voz na grande mídia, conseguem se reunir e ter uma grande expressão no meio virtual. Na contramão, o machismo e o racismo presente na sociedade também acabam se fortalecendo nestes ambientes”, explica o especialista.

Para Strano, os dois casos servem para reforçar a teoria de que o homem sempre será absolvido do julgamento de parte da sociedade, independentemente do crime cometido. “Uma parcela da sociedade, mesmo vendo a série de agressões cometidas pelo DJ, acaba o seguindo para acompanhar o que essa pessoa está fazendo; entender tal comportamento e justificar as agressões, inclusive, colocando a culpa na vítima”, detalhou Strano.

Já as mulheres, por conta do machismo estrutural, não terão uma segunda chance para se redimir, como aconteceu no caso de Karol Conká. “A sociedade não teve a mesma compaixão com a cantora Karol. Na contramão desse fenômeno, mesmo o DJ Ivis tendo cometido um crime grave e a grande repercussão negativa, ele ganhou visibilidade nas redes sociais”, finalizou Strano.

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