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Celebridades

Morre Francisco Cuoco, ícone das novelas brasileiras, aos 91 anos

Ator estava internado há cerca de 20 dias em São Paulo; trajetória inclui sucessos como “Pecado Capital”, “O Astro” e “Selva de Pedra”

Mateus Souza

19/06/2025 17h46

Foto: Reprodução

Foto: Reprodução

Francisco Cuoco, um dos mais emblemáticos rostos da teledramaturgia nacional, faleceu nesta quinta-feira (19), aos 91 anos. Ele estava internado no Hospital Albert Einstein, na capital paulista, e, segundo familiares, enfrentava complicações relacionadas à idade avançada e a um ferimento que infeccionou. A causa oficial da morte não foi divulgada.

Nascido em 1933, no bairro do Brás, em São Paulo, Cuoco cresceu em uma família humilde, filho de um feirante italiano e de uma dona de casa. Ajudava o pai na feira enquanto acalentava o sonho de se tornar advogado — plano que mudou após o fascínio pelas artes cênicas. O interesse surgiu ainda menino, ao assistir a trupes itinerantes que se apresentavam perto de sua casa.

No início dos anos 1950, ingressou na Escola de Arte Dramática, então já referência em São Paulo. Foi nos palcos que iniciou sua carreira, dividindo cena com nomes como Fernanda Montenegro e Sérgio Britto, em 1958. Em seu primeiro papel, fazia um gladiador morto e não tinha falas. Ainda assim, a presença em cena chamou atenção.

Cuoco se destacou ao integrar o Teatro dos Sete, companhia fundamental na renovação do teatro brasileiro, e ganhou projeção nacional ao migrar para a televisão. Seu início na TV ocorreu em teleteatros da extinta Tupi e, pouco tempo depois, emplacou seu primeiro papel em novela: “Marcados Pelo Amor” (1964), na Record.

A consagração veio com sucessivos papéis de galã nas décadas de 1960 e 1970, sempre com seu estilo inconfundível: voz rouca, charme discreto, e personagens viris, muitas vezes envoltos em tramas policiais ou amorosas. Interpretou Carlão em “Pecado Capital” (1975), Herculano Quintanilha em “O Astro” (1977) e fez par romântico com Regina Duarte em “Selva de Pedra” (1972), entre outros títulos que marcaram a teledramaturgia.

Na novela “O Outro” (1987), mostrou versatilidade ao viver dois personagens simultaneamente, em uma trama de suspense e troca de identidades. Mesmo nos anos 2000, Cuoco manteve-se ativo, participando de novelas como “Cobras & Lagartos” (2008), “Passione” (2010) e do remake de “O Astro” (2011), onde apareceu em papel secundário.

Apesar da relação mais intensa com a televisão, ele também teve incursões relevantes no cinema. Atuou em “Grande Sertão” (1968), “Gêmeas” (1999), “Cafundó” (2005) e “Real Beleza” (2015), além de títulos voltados ao público infantil como “Um Anjo Trapalhão” (2000), ao lado de Renato Aragão.

No teatro, fez retornos pontuais a partir de 2004, em montagens como “Três Homens Baixos” e “Uma Vida no Teatro”, texto de David Mamet. Também se aventurou como cantor, com o LP romântico “Solead” (1975) e o álbum “Paz Interior”, com orações em forma de música.

Discreto sobre a vida pessoal, teve três filhos com Gina Rodrigues Cuoco, com quem foi casado até 1984. Após o divórcio, engatou relacionamentos mais breves, como com a estilista Thaís Almeida, nos anos 2010. Tatiana, filha mais velha, vive em Londres e chegou a visitá-lo no hospital durante os dias finais.

Nos últimos anos, Cuoco enfrentou a solidão e a depressão, agravadas pelo isolamento durante a pandemia. Em entrevista a Pedro Bial, em 2021, revelou ter encontrado apoio na família para superar o momento difícil.

A trajetória artística do ator atravessou gerações e consolidou-se como uma das mais longevas e populares da televisão brasileira. Francisco Cuoco parte deixando três filhos, netos e uma galeria de personagens que ajudaram a moldar o imaginário afetivo do país.

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