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Celebridades

Já cumpri pena, diz Marcius Melhem, que acusa Dani Calabresa de atrasar a Justiça

Advogados que representam a atriz e as outras mulheres que acusam Melhem afirmam que elas nunca foram ouvidas pela Polícia Civil

FolhaPress

21/03/2023 9h29

Foto: Reprodução

Catia Seabra
Rio de Janeiro – RJ

Levou mais de dois anos, mas Marcius Melhem agora está disposto a enfrentar Dani Calabresa e outras mulheres que o acusam de assédio sexual também fora dos tribunais. Em entrevista, ele diz acreditar que já cumpriu a pena à que poderia ser condenado e acusa a defesa da humorista de tentar atrasar a Justiça. Tenta ainda pôr em xeque as acusações, incluindo no processo uma troca de mensagens que indicam uma relação consensual com a atriz.

“Não é justiça. É me prejudicar profissionalmente. São quase 30 meses com a carreira parada esperando uma definição. Tempo maior que a pena máxima do assédio que não cometi”, diz Melhem, que processa a atriz por danos morais.

Procurada, Dani não respondeu aos pedidos de entrevista da reportagem. Advogados que representam a atriz e as outras mulheres que acusam Melhem afirmam que elas nunca foram ouvidas pela Polícia Civil, o órgão que consideram adequado para prestarem depoimento.

A equipe de defesa acrescenta que não comenta detalhes do processo, que corre sob sigilo, e diz que dar entrevistas sobre o caso acabaria expondo suas clientes por revelar ao acusado a estratégia que usarão no julgamento.

Melhem está afastado da TV Globo, onde era chefe dos programas humorísticos, desde agosto de 2020. Sua defesa tenta apontar inconsistências nos depoimentos das oito acusadoras e inclui troca de mensagens de cunho sexual para mostrar que o comediante manteve relacionamento duradouro com uma delas e sugerir que é vítima de um complô após elas terem sido contrariadas profissionalmente.

O desentendimento com Dani teria nascido numa reunião em maio de 2019, durante a leitura de um piloto do extinto “Fora de Hora”. Escalada como âncora de um telejornal satírico em que contracenaria com Paulo Vieira, Dani quis, entre outras exigências, indicar roteiristas de sua confiança. Melhem não aceitou, repreendeu a atriz e disse que repensaria sua escalação para a bancada. Ela foi substituída.

Dani pediu à Justiça para prestar um novo depoimento. Seria o terceiro, o que Melhem diz acreditar ser uma maneira de retardar o andamento do processo. “[A estratégia das acusadoras] é não deixar a Justiça andar, para que não sejam analisadas as dezenas de mentiras, omissões e contradições de uma acusação construída em cima de uma narrativa que não se sustenta.”

“Este processo é o avesso de qualquer caso. Primeiro quem é acusado é quem vai para a Justiça. Aí, depois de mais de dois anos, milhares de páginas e dezenas de testemunhas, a defesa das acusadoras não deixa a investigação acabar. Protelam, adiam, manobram. Testemunhas que elas indicam não são achadas, tudo para que o caso tenha um nó jurídico que dê a elas o discurso de que a Justiça é lenta e favorece o homem.”

Representante legal de um grupo de mulheres contra Melhem, a advogada Mayra Cotta refuta as acusações do humorista. “É lamentável, embora coerente, que o investigado fale em protelação. Quem está respeitando o sigilo e no aguardo da Justiça são as vítimas, em um angustiante e incompreensível hiato que alimenta a estratégia de exposição pública das vítimas, não raro por meio de veículos sérios de imprensa”, afirma.

A defesa de Melhem afirma ainda que Dani omitiu, em seu primeiro depoimento, a presença de uma amiga na festa de comemoração do 100º episódio do extinto “Zorra”, em 2017, na qual disse ter sido agarrada à força pelo humorista.

Para argumentar que a dupla se relacionou de maneira consensual na festa, a defesa pediu à Justiça que a amiga de Dani, que diz não ter visto Melhem e a atriz se beijando, e outras três testemunhas, que afirmam ter presenciado a troca de beijos entre os dois, prestassem depoimento. No total, a defesa do ator apresentou 18 testemunhas.

A amiga deu o depoimento, mas só depois de ter recebido uma intimação de que, se não comparecesse, seria levada até o local pela polícia. Esse depoimento é uma peça-chave para a defesa de Melhem. É que, nele, a mulher disse ter sido levada até o humorista, durante a festa, pelas mãos de Dani.

No dia seguinte à comemoração, Melhem e Dani mencionaram a mulher em uma conversa via WhatsApp, em que Dani afirma, em tom de brincadeira, que embalaria a amiga em plástico bolha para enviar a ele. A conversa é, para os advogados de Melhem, uma prova de que a festa não tinha sido traumática.

No depoimento, ao qual a reportagem teve acesso, a mulher afirma que, embora Dani tenha se esquivado de Melhem na festa, não a viu tremendo nem chorando e que a humorista a levou até ele para ser beijada.

Ainda sobre a festa, em uma audiência virtual Melhem afirmou que Dani tirou sua camisa no palco. Em seguida, a humorista confirmou a informação, que não constava em seu depoimento ao Ministério Público.

Melhem encaminhou à Justiça uma troca de mensagens nos dias que sucederam a festa. Um dia depois, Dani cumprimentou os organizadores no grupo de mensagens da equipe do “Zorra” e, usando uma gíria, disse que a celebração foi “bapho”. Dias depois, Dani escreveu a Melhem que Deus deu vários dons a ele, incluindo um emoji de berinjela, comumente associado a pênis nas redes sociais.

À Justiça o ator nega que tenha tentado agarrar Dani à força. Numa festa antes do episódio, após Melhem dizer a um grupo de amigos que nunca tinha feito fotos nu, o ator diz que Dani o levou até um canto e mostrou a ele suas fotos sensuais. Como prova, os advogados incluem uma conversa em que, ao falar sobre nudes, Dani afirma “mostrei sem você pedir”.

As mensagens, argumenta a defesa do humorista, são a prova de que os dois mantinham uma relação íntima, amigável e consentida de 2017 a 2019, uma tese que Dani, que teria exibido uma galeria com fotos nuas durante a festa, refuta em depoimento e diz ter sido uma forma de disfarce.

“Isso não é uma defesa, o nude não é uma defesa, brincadeiras e emoji não são defesa. Eu fazia aquilo para disfarçar. Tinha medo de bater de frente com ele. Odiava a forma que ele me tratava. Achava nojento e constrangedor.”

Os depoimentos dos dois convergem apenas em um ponto -o de que a divergência a respeito da concepção do programa “Fora de Hora” foi o estopim para a ruptura profissional.

Ao ser questionada se tinha intenção de esclarecer as discrepâncias em novos depoimentos, Cotta, a advogada, afirma que não poderia violar o sigilo profissional. “Os depoimentos estão todos protegidos por sigilo. Não posso comentar. Sinto muito.”

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