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Brasília respira sétima arte

Arquivo Geral

24/04/2018 14h12

Documentário Híbridos faz um estudo experimental e etnográfico sobre os cultos religiosos do Brasil atual (Divulgação)

Beatriz Castilho
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Duzentos filmes em 24 dias, tudo com entrada franca. Há 17 anos, a Mostra do Filme Livre une diversidade, difusão e debate a partir da exibição de produções cinematográficas independentes. A edição deste ano começa hoje, no Centro Cultural do Banco do Brasil.

O Mostra já é considerado o maior festival de produções audiovisuais no Brasil. Além de ser uma oportunidade de filmes sem (ou com pouco) financiamento estrearem no mercado cinematográfico, ajuda a pautar discussões não convencionais no mercado de entretenimento. “Na seleção, não perguntamos o formato ou a linguagem que a pessoa propõe. Apenas priorizamos temas mais urgentes que dificilmente chegarão no circuito comercial”, explica Guilherme Whitaker, um dos criadores e organizadores do evento.

Para este ano, a produção do MFL recebeu mais de 1,1 mil produções. Na programação, 160 obras e 70 convidados (nem todos vem à capital). A seleção dura quatro meses. Para Guilherme, o País produz muito, o que falta é divulgação. “Muitos filmes não teriam espaço para ser vistos sem a mostra. A divulgação de material não comercial tem ajudado os filmes a chegarem mais longe”.

Totalmente independente

Entre os formatos mais “tradicionais” está o documentário Híbridos – Os Espíritos do Brasil, que inaugura a programação do festival, hoje, às 19h. Com 88 minutos de duração, a obra explora procissões católicas, rituais com ayahuasca e cerimônias indígenas, para questionar a crença em imagens na atualidade. “Híbridos é uma pesquisa etnográfica sobre a pluralidade do mundo das cerimônias sagradas brasileiras”, explica Fernanda Abreu, produtora do filme.

Nomeado pela combinação e resiliência entre culturas e religiões, o projeto é dirigido por Priscilla Telmon e Vincent Moon, e é totalmente independente. Em apenas um mês de estreia, o público superou em 70% a previsão da produtora Feever Filmes. “Distribuir cinema documental no Brasil não é fácil, disso já sabíamos. Independente, então, é muito trabalhoso”, conta Fernanda. Para ela, ainda há um caminho a seguir, mas a estreia no Mostra DF “será a cereja do bolo”.

Nomeado a partir da mistura cultural e religiosa do Brasil, além de retratar questões espirituais, o filme explora o cuidado com a fotografia e a sonoridade das cerimônias para construir a narrativa. “Híbridos é uma jornada musical através dos diversos rituais enquanto tece, aos poucos, um ritual cinematográfico”, afirma a produtora. Acontecerá um debate após a sessão. A classificação indicativa do filme é 12 anos.

Mudando o “criar audiovisual”

Guilherme Whitaker aponta, também, a ascensão da internet como um dos facilitadores para o mercado de cinema no Brasil – seja no consumo, ou na produção. “Em 2002, tínhamos uma diferença entre vídeo, considerado ruim, e cinema, que era sério. Hoje, o formato de vídeo comeu o cinema, mudando os formatos de criar audiovisual”, analisa o organizador. Assim, após 17 anos, a MFL deste ano tem um diferencial: agrega produções de curta e longa-metragem, além de vídeos que não se encaixam nessas categorias.

Representando outros formatos, está O Vídeo de 6 Faces, do cineasta brasiliense Maurício Chade. Com duração de 20 minutos, o filme utiliza o formato audiovisual para explorar a ideia de videoinstalação – com todas as gravações feitas no Córrego do Urubu, no Lago Norte. “É uma versão curta de várias performances, e está no meio do caminho entre arte e cinema. A ideia é fazer um ensaio sobre morte retratando a paisagem rural sendo avançada pela urbana”, conta Maurício.

Para o brasiliense, o filme representa a ideia do MFL. “O festival privilegia produtos independentes, e meu filme se enquadra nisso. Além disso, acredito na ideia de uma temática que sobressai o ideal de lucro e acaba selecionando temáticas diversas”. O Vídeo de 6 Faces será exibido no último dia do festival, domingo (20/5), às 15h30.

Serviço:

Quando: De hoje a  20 de maio
Onde: Centro Cultural Banco do Brasil (Setor de Clubes Esportivos Sul)
Entrada franca, senhas distribuídas 1 hora antes na bilheteria
Informações: (61) 3108-7600
Programação completa: mostradofilemlivre.com /18/agenda.phd
Classificação indicativa varia de acordo com o filme

 

Festival de Cinema do Paranoá: mais de 70 curtas

Caleidoscópio, de Natal Portela (Divulgação)

Também gratuito, acontece esta semana a segunda edição do Festival de Cinema do Paranoá. Em cartaz até o próximo domingo (29), no Centro de Desenvolvimento e Cultura do Paranoá Cedep (Qd 9 Conjunto D), o evento recebe mais de 70 curtas que exploram a diversidade étnica e de gênero.

Até amanhã, a programação é voltada à realização de oficinas e mostras competitivas relacionadas ao tema. Já os curtas começam a ser exibidos na quinta. Abrindo os trabalhos, o documentário Flor do Moinho, de Érika Bauer. Na sexta-feira, a programação começa às 16h, com a mostra competitiva do DF e entorno e mostra competitiva nacional.

O último dia conta com programação para surdos, às 15h, uma mostra infantil, às 17h, e cerimônia de encerramento, às 19h30 – na qual será realizada a premiação das competições lançadas ao longo da programação, com prêmios de até R$ 3 mil. Além disso, haverá apresentação da Orquestra do Projeto Música e Cidadania.
Entrada franca. Informações: festcineparanoa @gmail.com. A classificação indicativa varia de acordo com o filme.

 

CineCAL 2018

Conflito das Águas, de Icíar Bollaín
(Divulgação)

Direitos humanos são tema principal da discussão promovida pela primeira edição do CineCAL de 2018, que acontece a partir de hoje no Museu Nacional da República (Esplanada dos Ministérios). Até sexta-feira (27), será exibido um filme por dia, sempre às 19h30. A co-produção O Conflito das Águas (2010) abre a programação, tratando sobre a conquista espanhola na Bolívia. Também serão exibidos os premiados Que Horas Ela Volta? (Brasil), Elefante Branco (Argentina) e A Teta Assustada (Peru), respectivamente. Entrada franca. Informações na página do Facebook: @calunb. Classificação indicativa varia de acordo com o filme.

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