Rosana Jesus
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A pintura faz parte do mundo de Paulo Amaro desde a infância. O artista trocava os brinquedos pelo lápis de cor e papel, quando criança. Com o passar do tempo, o brasiliense de 27 anos descobriu que as artes plásticas seriam a profissão dos sonhos. Paulo trabalha com uma produção que investiga os processos de construção de identidade e aborda questões pessoais, sociais, culturais e de gêneros.
“Fui uma criança que trocava qualquer brincadeira de rua para ficar em casa, pintando. Sempre gostei de desmontar meus brinquedos para criar outros, gostava de customizá-los”, conta. “Eu não tinha brinquedo quebrado, sempre adaptava tudo, desconstruindo e construindo”, completa. O artista, que se formou na Faculdade de Artes Dulcina de Moraes, frisa que só descobriu o verdadeiro significado ser ser artista durante o curso.
Ele esclarece que se dedicou à profissão por conta própria.”Tudo aconteceu de maneira natural. Nunca houve pressão por parte dos meus pais para que eu fosse isso ou aquilo. A única cobrança deles era a de que eu deveria ser feliz em minhas escolhas, mantendo minha integridade e honestidade”, ressalta. “Sempre fui incentivado e apoiado pela família e, quando percebi, já estava atuando na área.”
Paulo não tem artista na família. Cada um seguiu outras profissões, mas o que não falta é motivação e criatividade. “Há mais de 11 anos eu uso um recorte de esparadrapo em meu rosto e quando compreendi a força desse elemento identitário, me senti muito instigado para elaborar uma pesquisa artística e poética dentro dessa área”.
Exposição
“Eu Vou Expor Ela” é o nome da exposição que esteve em cartaz durante a última semana no Quintal Arquitetura (710 Norte). Ele conta que o nome foi escolhido na internet. “Essa relação entre a seriedade e a ironia me diverte, por isso resolvi dar uma pitada de humor à série. Ela quem? A Frida? As pessoas que consomem um produto sem ao menos ler seu manual?”

Foto: Divulgação
“A partir dos estudos do fenômeno de construção de identidade desenvolvi um trabalho chamado ‘Onipresença’, onde faço uma série de autorretratos a partir do rosto de outras pessoas. Na mostra, os participantes são fotografados fazendo uso de um recorte de esparadrapo proporcional ao meu. O trabalho questiona o processos de representação à partir da construção simbólica.”
Frida Kahlo é uma das inspirações de Paulo. “Ela não é apenas uma referência artística, mas uma referência de vida, de força e identidade”. Ele complementa que é apaixonado pela arte brasileira como um todo, em especial, artistas como Cildo Meireles, Hélio Oiticica, Bispo do Rosário e Os Gêmeos.
Música
Paulo se dedica também à música. “Essa também é uma linguagem artísticas que exploro. Canto rap desde os 15 anos e recentemente tenho me dedicado ao mundo musical de uma maneira mais consciente”, destaca. Paulo está gravando o primeiro álbum, que deve ser lançado no primeiro semestre de 2017. “Minha carga como artista visual será um dos elementos desse projeto.”
Prêmio artístico
A produção de Paulo como ilustrador é mais forte no cenário alternativo, atinge muito o público do design e da publicidade. Em 2007, ele foi homenageado pelo Governo Federal e recebeu um prêmio do Ministério do Trabalho e Emprego pela iniciativa como jovem empreendedor. “Meu trabalho foi reconhecido por motivar jovens a ingressarem no mercado de trabalho informal, com suas produções independentes.”

Foto: Divulgação
Para finalizar, Paulo Amaro revela que não almeja realizar um sonho, mas que já vive em função de suas realizações. “Vivo a realidade dos meus objetivos. Trabalhar e viver de arte é a prova concreta de que já os realizei,” afirma. Para complementar, ele argumenta que “a definição de arte é arriscada, partindo do princípio de que o conceito de arte sofre mutações ao longo de sua história.”
Sorteio
O artista faz o sorteio de três peças, na próxima semana, pelo instagram. Quem tiver interesse em participar é só segui-lo e ficar ligado nas regras do concurso, que será publicada neste domingo (27).