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Economia

‘O que importa é que curva toda de juros esteja baixa’, diz Campos Neto

Na avaliação de Campos Neto, a pressão atual no câmbio é causada pelo movimento de pré-pagamento de dívidas das empresas no exterior

Redação Jornal de Brasília

19/12/2019 9h11

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, afirmou em entrevista à GloboNews, que a queda nos juros longos foi maior que na parte curta da curva durante o ciclo atual e que isso abre espaço para um “ciclo virtuoso”.

“O que importa é que a curva toda de juros esteja baixa”, afirmou, ressaltando que o País “não roda na Selic”. “Se tenho juros longos muito altos, é preciso de subsídios. Quanto mais subsídio eu dou, mais fica a impressão no País que o fiscal vai piorar. É um ciclo vicioso. E o que a gente precisa é quebrar este ciclo vicioso.”

De acordo com Campos Neto, os juros baixos são uma confluência de vários fatores, entre os quais a questão fiscal.

Segundo ele, a reforma da Previdência abriu espaço para uma queda consistente nos juros. “Com o choque fiscal, a curva longa cai e as pessoas começam a realizar projetos”, afirmou.

Selic

O presidente do Banco Central afirmou, ainda, que os membros do Comitê de Política Monetária (Copom) entendem que é necessário analisar o “processo com cautela” para definir os próximos passos da política monetária.

No comunicado que acompanhou a decisão sobre baixar os juros a 4,5% e na ata da reunião do Copom, a palavra cautela já havia sido mencionada.

Campos Neto disse também que o crédito já está tendo impacto na economia e, que, por isso, o Copom precisa analisar.

Cheque especial

Campos Neto, afirmou, que o cheque especial é um produto que se caracteriza por ser “a exceção da exceção” e que, por isso, houve tarifação dele. De acordo com Campos Neto, há uma “disfunção do produto”, provada inclusive na literatura internacional.

Ele negou, no entanto, que a tarifação e posterior limitação dos juros do cheque especial abriria precedente para outras modalidades de crédito.

O presidente do Banco Central disse que “a dinâmica do câmbio no Brasil mudou em relação ao passado” e que a pressão cambial agora é diferente na inflação.

“Quando o câmbio piorava, as expectativas com o Brasil pioravam. Desta vez foi diferente”, relatou. “O câmbio se desvalorizou com a percepção de melhora do País, com a Bolsa batendo recorde e redução do prêmio de risco.”

Na avaliação de Campos Neto, a pressão atual no câmbio é causada pelo movimento de pré-pagamento de dívidas das empresas no exterior.

Carne

Em relação a carne ele afirmou que o impacto da carne na inflação foi sentido em novembro e em dezembro, mas que este processo foi adiantado para o ano de 2019. “O impacto da carne acelerou e adiantou em relação ao que esperávamos”, afirmou.

Neto também defendeu a permanência na autarquia do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). Para Campos Neto, no BC, o Coaf “fica mais técnico”. Ele argumentou que o órgão é um banco de dados, passivo, e que não tem poder de investigação. “Em relação ao Coaf, o BC é o órgão mais apartado da política”, afirmou.

Estadão Conteúdo

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