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Brasília

Adolescente suspeito de degolar menino acompanhou a perícia o tempo todo

Arquivo Geral

20/06/2016 14h27

Josemar Gonçalves

Jéssica Antunes
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O adolescente suspeito de degolar o amigo por conta de um videogame acompanhou a perícia perto da família da vítima como se nada tivesse acontecido. Ontem, Maurício Costa Souza, de 11 anos, foi encontrado carbonizado em uma área de queima de lixo no Setor de Chácaras Santa Luzia, na Cidade Estrutural.

O jovem de 15 anos saiu do barraco de madeira onde morava algemado. Enquanto agentes periciavam seu barraco de madeira, o suspeito se manteve frio ao lado do choro da família e de conhecidos da vítima. Ali, a perícia encontrou vestígios de sangue e uma arma similar a um rifle. Ele foi apreendido em flagrante e encaminhado à Delegacia da Criança e do Adolescente e responderá por ato infracional análogo a homicídio. Pode ficar, no máximo, três anos internado.

Na manhã desta segunda-feira (20), a Polícia Civil faz coletiva de imprensa a respeito do crime.

Criança estava desaparecida

“Sábado à tarde, ele pediu para ir a um jogo, mas a gente negou. Pedimos que ficasse em casa porque já jogava todos os dias. Senti falta dele pouco depois. Ele não costumava sair assim, não sei o que pode ter acontecido”, contou a mãe da vítima, Maria do Socorro, 41 anos. À noite, o pai, Francisco de Assis, 43 anos, pegou o carro e rodou a cidade em busca da criança.

“O primeiro lugar que procurei foi a casa do amigo dele, aqui perto. Confirmaram que meu filho tinha passado por lá, mas ido embora”, lembrou. Sem sucesso nas buscas, registrou a ocorrência do desaparecimento por volta de 1h de domingo, na 4ª DP (Guará). De manhã, resolveu voltar à casa do amigo. “Queria ver se, por acaso, ele não tinha dormido lá. Quando cheguei, estavam o jovem e o padrasto dele, que apontaram para a área queimada”, contou, em lágrimas.

Amizade entre a dupla

Segundo a Polícia Civil, a vítima teve um desentendimento com o infrator por causa de um PlayStation. “Durante a briga, o autor degolou a garganta da vítima, que foi jogada em um local onde se queima lixo e coberta por um colchão velho”, informou a corporação.

Ao JBr., Francisco de Assis informou que o filho tinha “certa amizade” com o suspeito. “Não eram muito amigos, mas costumavam jogar videogame juntos”, disse. “Ele ficou o tempo todo lá perto de nós. Como é que pode, meu Deus?”, questionou. Assistentes sociais viabilizam o velório e o enterro.

Francisco reconheceu o corpo pela bermuda. Mais perto, após a chegada da perícia, teve a certeza: “Não só mataram como cortaram o pescoço, amarraram e queimaram. É muita maldade”. Maurício era o filho mais velho do casal, que veio do Maranhão há seis anos. “A gente veio tentar uma vida melhor, mas é só sofrimento. Trabalhamos na reciclagem do lixão à noite e ele nos ajudava às vezes. Vim só para perder o meu filho”, desabafou.

Maurício estava no 3º ano do Ensino Fundamental, em uma escola no SIA. À tarde, frequentava o Centro Olímpico. “A gente não queria que ele ficasse na rua para a segurança dele”, lamentou a mãe.

Uso de crack 

O padrasto do adolescente infrator foi conduzido à delegacia por ter sido abordado por policiais portando crack para consumo próprio. Ele foi autuado por uso e porte de drogas e liberado após assinatura do termo de compromisso de comparecimento à Justiça.

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