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Brasília

Suspeita é de feminicídio, diz Polícia Civil sobre incêndio em apartamento na Asa Norte

Familiares revelam histórico de briga do casal. Marido também morreu no incêndio por inalar a fumaça.

Arquivo Geral

30/01/2019 12h05

Foto: Reprodução/Facebook

Brenda Abreu
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O incêndio que ocorreu em um apartamento na quadra 310 da Asa Norte, na madrugada desta quarta-feira (30), pode ter sido um feminicídio. A Polícia Civil diz que não sabe ainda se a morte de Veiguima Martins, de 56 anos, ocorreu antes ou se foi provocada pelas chamas. O marido dela, José Bandeira da Silva, de 80, morreu após sofrer uma parada cardiorrespiratória por conta da fumaça inalada. O casal discutia minutos antes de o fogo começar. Familiares não acreditam que o incêndio tenha sido acidental.

No local, o clima é de impotência. “Ele a matou. Tentamos ajudá-la a largá-lo mas não conseguimos”, afirma a sobrinha da vítima, Carolline Martins Victor, 23 anos. “Ele era possessivo e ciumento. Ela estava sofrendo muito. Falamos várias vezes para ela sair daquela situação”, desabafa. A familiar acredita que a situação poderia ter sido evitada. “Minha tia era uma pessoa muito boa, nós éramos muito próximas. Ela não deveria ter passado por isso”, lamenta.

Veiguima era aposentada por invalidez pela Secretaria de Educação do DF. Ela estava casada com José Silva havia 10 anos. Os familiares apontam que o histórico do casal nesse tempo era de brigas. “Ele a agredia. Minha mãe já tinha prestado queixa uma vez, mas ficou com dó e retirou”, conta a filha da vítima, Raquel Martins Fagundes.

Familiares dizem que Veiguima já sofria agressões do marido. Foto: Reprodução/Facebook

Histórico de agressão

Veiguima denunciou o marido por violência doméstica em março do ano passado, segundo delegado Laércio Rosseto, da 2ª Delegacia de Polícia (Asa Norte). Após isso, contam o familiares, a vítima tentou deixar José, mas em menos de uma semana separados, o homem ligou para ela alegando que estava muito doente. “Ela voltou com pena dele, porque era uma pessoa muito boa para todos”, diz a sobrinha Carolline.  

Outra sobrinha de Veiguima, Daniella Martins, 23, acredita que o incêndio não tenha sido acidental. “Assim que soubemos do que tinha acontecido no apartamento, não tínhamos dúvida nenhuma de que ele teria matado ela queimada”, afirma, com tristeza.

Quarto onde o incêndio ocorreu ficou destruído. Foto: Raianne Cordeiro/Jornal de Brasília

Investigação

Segundo o delegado Laércio Rosseto, havia ferimentos no corpo do marido e sangue no apartamento. A Polícia Civil investiga se Veiguima morreu antes ou depois do incêndio. O corpo dela foi encontrado carbonizado em um dos quartos da residência, enquanto José foi achado caído na cozinha. Ele chegou a receber atendimento do Corpo de Bombeiros, mas morreu após sofrer uma parada cardiorrespiratória. 

A Polícia Civil diz que é necessário aguardar o laudo para saber o que de fato ocorreu. Entretanto, o delegado Rosseto já declara “99% de chance de ser feminicídio”.

Os vizinhos ouvidos pelos policiais afirmam que aproximadamente às 3h da manhã o casal estaria discutindo. O incêndio aconteceu tempos depois da briga. “Mais um episódio de feminicídio no DF”, lamenta o delegado. Uma das sobrinhas da vítima também deixa um recado. “Todas as mulheres que passam por essa situação em casa precisam se livrar e não ter medo, pois o pior pode acontecer. Vejam o que aconteceu com minha tia”, dispara Carolline. 

O Corpo de Bombeiros chegou ao local por volta das 4h da manhã. Foram deslocadas dez viaturas, um aeromédico e 50 militares para conter o incêndio, que durou cerca de 15 minutos. 

Peritos removem o corpo de vítima na Asa Norte. Foto: Raianne Cordeiro/Jornal de Brasília

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