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Brasília

Sem cirurgia, bebês lutam para sobreviver

Arquivo Geral

13/12/2017 7h00

Beatriz e José são pais de Ezequiel, que nasceu com cardiopatia congênita. Foto: Myke Sena

Rafaella Panceri
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Para muitos recém-nascidos, a luta pela vida começa cedo — assim que deixam a barriga das mães. A maior dificuldade do bebê Ezequiel Gomes Medeiros, com 35 dias de vida, é respirar. Ele tem cardiopatia congênita e é portador de estenose pulmonar, condição que impede o fluxo sanguíneo de ir do coração para a artéria pulmonar. Ezequiel espera por uma vaga no Instituto de Cardiologia do Distrito Federal, situado no Cruzeiro Novo, onde deve passar por sua primeira cirurgia. Atualmente, o bebê recebe oxigênio por tubos na Unidade de Terapia Intensiva do Hospital de Base.

A família, moradora do Pistão Norte, em Taguatinga, se desloca diariamente ao Plano Piloto para ver filho e relata passar por dificuldades financeiras. “A situação é difícil. Não temos nem o dinheiro para pagar passagem”, desabafa a mãe e dona de casa Beatriz Medeiros da Silva, 31. “O quadro é estável, mas crítico. Precisa de uma cirurgia urgente. Meu filho está morrendo aos poucos”, afirma o pedreiro José Gomes, 54, que acrescenta que o filho foi transferido para o Hospital de Base após passar mal: “O corpo dele fica roxo, porque o oxigênio não circula”.

Segundo relatório médico emitido em 7 de dezembro, o bebê ficou com os lábios arroxeados, chorou e demonstrou irritabilidade durante a consulta, que terminou com insuficiência respiratória. O documento ao qual o Jornal de Brasília teve acesso confirma a necessidade de cirurgia: “está bem instável hemodinamicamente. Segue apresentando crises de cianose. Necessita de cirurgia cardíaca”.

O casal conta ter levado o bebê ao Centro de Saúde 1 de Taguatinga para uma consulta de rotina no primeiro dia de dezembro. O pai, José Gomes, relata o sofrimento. “Os médicos tiraram a roupinha dele para fazer os exames e quando colocaram os aparelhos, gelados, ele começou a chorar e a ficar roxo. Perdeu o fôlego. O médico colocou ele nos tubos e encaminhou para o Hospital Regional de Ceilândia, no mesmo dia, onde ele ficou internado até domingo (3)”.

Com a piora no quadro, o bebê foi encaminhado à UTI do Hospital de Base no dia seguinte (4). “O problema dele só pode ser resolvido no Instituto do Coração. Já fomos atrás da transferência, mas o hospital não pode fazer isso porque não tem vaga. Nem previsão”, lamenta o homem. “Precisamos disso urgentemente. Meu filho já está morrendo aqui e, se ficar por mais tempo, vai morrer”.

Salva depois de dias de apreensão

Outra moradora de Ceilândia, Anny Alícia Santos do Nascimento, é prematura, tem sete dias de vida, e lutou para não morrer de inanição e infecções no Hospital Regional de Ceilândia. Após receber medicamentos e comida por um catéter umbilical nos três primeiros dias, tinha mais quatro para receber um catéter de instalação periférica, cujo uso minimiza incidência de infecções. A direção do hospital avisou à família que o insumo, que custa cerca de R$ 400, estava em falta em toda a rede pública. A madrinha de Anny, Maria da Luz Nunes, fez um post no Facebook pedindo ajuda para providenciar o catéter.

Em nota, a Secretaria de Saúde informou que o catéter central de inserção periférica neonatal está em falta desde 20 de outubro e a previsão de reposição é de até 30 dias após emissão do empenho. Com a repercussão do caso, a direção fez a implantação do catéter ontem, prazo limite para que Anny viesse a óbito. “Estou explodindo de felicidade”, declarou a mãe, Gisele Santos do Nascimento, 35.

Versão oficial

Em nota, a direção do Hospital de Base do Distrito Federal informou que a cirurgia de Ezequiel deve ser feita em um hospital conveniado da Secretaria de Saúde e assegurou que a unidade está ciente da gravidade e prioridade do caso, mas até o momento não há previsão de realização da cirurgia.

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