Menu
Brasília

‘Pura maldade’, diz delegado sobre jovens que assassinaram morador de rua

Arquivo Geral

24/12/2018 12h48

Atualizada 17/04/2019 22h48

Guilherme Krasny Campos de Souza. Foto: Raianne Cordeiro/ Jornal de Brasília.

Ana Karolline Rodrigues
[email protected]

Um dos agressores do morador em situação de rua assassinado em Taguatinga foi preso nessa sexta-feira (21) e apresentado à imprensa hoje (24). Guilherme Krasny Campos de Souza, 22 anos, é acusado de homicídio duplamente qualificado e corrupção de menor. Com dois adolescentes de 17 anos, Guilherme assassinou o morador ainda não identificado por espancamento na madrugada do dia 11 de dezembro, na C12, centro de Taguatinga. Os dois menores ainda prestarão depoimento na Delegacia da Criança e do Adolescente (DCA).

Local onde a vítima dormia, no centro de Taguatinga. Foto: Raianne Cordeiro/ Jornal de Brasília

De acordo com o delegado-chefe da 12ª Delegacia de Polícia, Josué Ribeiro da Silva, a polícia conseguiu identificar os acusados pelas imagens de câmeras de segurança de um prédio localizado ao lado da rua onde o crime ocorreu. Após ouvir testemunhos de moradores que viviam em localidades próximas à vítima e investigar mais a fundo o crime, a Polícia Civil Do Distrito Federal (PCDF) identificou os agressores e mais duas jovens que presenciaram o ocorrido sem prestar ajuda ao morador. A polícia ainda aguarda informações da perícia para a identificação da vítima.

O delegado relata que o crime ocorreu de madrugada, às 4 horas. Porém, o Samu só foi comunicado duas horas e meia depois, quando populares encontraram a vítima no local. Segundo ele, duas horas após dar entrada no Hospital Regional de Taguatinga (HRT) a vítima não resistiu às lesões e faleceu. A polícia foi comunicada do ocorrido pelo HRT às 11h e, desde então, iniciou as investigações.

“No dia 20, quando aconteceu a chamada Batalha do Rap, lá na Praça do Relógio, eles se reuniram no local e fomos até lá. Então encontramos uma das meninas e fomos expandindo as investigações até chegarmos aos outros”, explicou Josué.

Tatuagens

Além dos depoimentos colhidos, o delegado afirma que um dos aspectos que ajudaram os policiais a chegar aos agressores foram as tatuagens deles, identificadas no vídeo. “A mola propulsora dessa investigação foram as imagens. Por meio delas conseguimos identificar essas tatuagens deles e tivemos a certeza de que são os agressores do vídeo”, disse.

Confira as imagens a seguir:

Caso impactante

Por conta de o que observou nas imagens, o delegado afirmou que o caso chega a se assemelhar ao emblemático assassinato do Índio Galdino em relação à crueldade. “Se assemelha muito ao caso do Índio Galdino, que estava lá quieto e passaram e atearam fogo nele, como se fosse nada. É desproporcional demais. É você não dar valor nenhum à vida humana. Só porque era um morador de rua teve um fim desse do nada, por nada. É pura maldade”, afirmou.

Segundo o delegado, o caso causou grande impacto entre os policiais pela forma em que ocorreu. “Tenho 20 anos como delegado de polícia e a gente ainda fica impactado vendo uma coisa dessas. O que me impressiona é que eles se cansam tanto (durante as agressões) que param para descansar. O próprio Guilherme põe a mão no joelho, para e depois volta a bater de novo nele. São coisas assim que você percebe a crueldade mesmo da ação”, acrescentou.

Delegado-chefe da 12ª DP, Josué Ribeiro da Silva fala sobre as imagens. Foto: Raianne Cordeiro/ Jornal de Brasília.

Passividade das testemunhas

Quanto à situação das jovens de 16 e 19 anos que observam a agressão no vídeo, Josué Ribeiro explica que a polícia ainda apura as ações delas. As mulheres podem ser consideradas cúmplices por não prestarem ajuda ao morador em situação de rua. Segundo ele, ambas já foram ouvidas pela polícia, mas dão depoimentos diferentes. “Uma diz que não teve motivo nenhum e outra diz que o morador ‘mexeu com os caras’ e aí eles bateram”, relatou o delegado.

Devido ao fato de o agressor detido negar participação no crime, a polícia ainda aguarda informações da Delegacia da Criança e do Adolescente (DCA) para unir provas contra as duas meninas. “Guilherme nega tudo, então vamos agora analisar para ver o alcance das condutas delas. Realmente choca muito elas assistirem com tanta passividade a uma cena tão grotesca. Vamos agora pegar todos os depoimentos, esperar que a DCA colha os depoimentos dos adolescentes para investigar a ação delas”, afirmou.

“Não mexia com ninguém”

De acordo com relatos de comerciantes que trabalham em lojas próximas ao local do crime, o morador era “muito tranquilo” e já vivia na região há bastante tempo. “Ele era uma pessoa que vivia na rua, fez aquele cantinho dele e já estava aí faz tempo, comprava comida aqui, era super tranquilo”, disse uma vendedora local.

“Minha irmã conhece ele e dizia que ele não mexia com ninguém, era bem tranquilo, bem legal. O negócio foi covardia mesmo”, relatou outra comerciante sobre o assassinato.

Segundo o delegado, os agressores estavam bêbados no momento do crime. Ele afirma que é possível ver nas imagens que o morador estava deitado sozinho quando foi abordado. “São três minutos  de pancadaria pura, agiram sem nenhum motivo, ele estava quieto”, reforçou.

De acordo com a polícia, os três agressores já têm passagens na polícia por tráfico de drogas e a mais velha das jovens está em liberdade provisória também pelo mesmo crime. Pelo homicídio, Guilherme pode pegar de 12 a 30 anos de prisão, e por corrupção de menor, de 1 a 4 anos, caso condenado.

Crime ocorreu na C12, em Taguatinga. Foto: Raianne Cordeiro/ Jornal de Brasília.

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado