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Brasília

O mundo cada vez mais vai na garupa deles

Fundamentais na pandemia, entregadores organizam paralisação em Brasília e outras partes do planeta para reivindicar mais segurança e melhores condições de trabalho

Lucas Neiva

01/07/2020 6h39

Entregadores de app protestam

Profissionais reivindicam melhores condições de trabalho e prometem paralisar as entregas

Uma paralisação internacional de entregadores de encomenda via aplicativo está prevista para acontecer hoje, e quem assume a frente do movimento é a Associação dos Motoboys Autônomos e Entregadores do Distrito Federal (Amae-DF). A paralisação, que acontece junto a uma manifestação em frente ao Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT), reivindica respeito e melhores condições de trabalho à categoria.

“O maior motivo da manifestação é o descaso com a categoria, que é essencial”, explica Abel dos Santos, representante e conselheiro fiscal da Amae-DF. Abel afirma que a categoria não é valorizada no Brasil pelo Estado e nem pelas empresas de aplicativos: durante os três meses da pandemia, os entregadores não tiveram por parte do Estado ou das empresas fornecimento de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) ou ações de conscientização de prevenção ou instruções de higienização para evitar o contágio do covid-19. “Isso tudo foi passado ao cliente, mas para o entregador não houve uma única ação na rua de conscientização”, reclama.

As reivindicações do movimento são pela regulamentação da atividade, com fixação de uma tabela de preços, responsabilidade das plataformas de entrega com os EPIs necessários para a atividade e o fim dos chamados “bloqueios injustos”. “Muitas vezes, o aplicativo sem nenhuma justificativa ou aviso bane o entregador. A única mensagem que ele recebe é avisando que ele fez alguma coisa que não condiz com a conduta de regras do aplicativo, agradece pelo serviço prestado e bloqueia o entregador”, explica o representante.

Foto: Vitor Mendonça/ Jornal de Brasília

A paralisação também reivindica a aprovação de dois projetos de lei: um distrital, de autoria do Deputado Fábio Félix (Psol) que propõe a criação de pontos de apoio cedidos pelo Governo do Distrito Federal e administrado pelas empresas de aplicativo, e outro federal, do Deputado Israel Batista (PV), que torna obrigatório para as plataformas o fornecimento de EPIs adequados para a prevenção do covid-19, além de conscientização sobre como prevenir o contágio entre entregadores e clientes.

Apoio nacional

A Amae-DF conseguiu o apoio de diversos órgãos sindicais em Brasília para a manifestação, como do Sindicato Patronal dos Bares, Hotéis e Restaurantes (Sindhobar-DF) e do Sindicato dos Enfermeiros (SindEnfermeiro-DF). Mas o apoio não se limita a Brasília. “No princípio era uma ação só de Brasília, mas conseguimos contato com sindicatos de São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia, Minas Gerais, Acre. E com isso estabelecemos uma paralisação nacional”, afirma Abel Santos.

Em meio à organização da paralisação nacional, a iniciativa foi percebida além das fronteiras. “Em meio à discussão entre os estados do Brasil de como fazer essa manifestação, a gente recebeu mensagens e contatos da Argentina, do Chile, do México, da Guatemala, da Itália, da Inglaterra. Eram entregadores desses países declarando apoio, querendo também paralisar. Hoje nós já temos uma repercussão internacional. Os entregadores estão vendo que isso é necessário. Estamos organizando para que isso seja um marco histórico na vida de todo entregador”, declara Abel.

A manifestação está prevista para acontecer às 9h no estacionamento TJDFT, e seguirá um percurso rumo ao Palácio do Buriti. No local, serão fornecidas instruções para preservar a distância e evitar que se forme uma aglomeração. Além disso, o SindEnfermeiro realizará uma doação de máscaras e álcool em gel para os manifestantes.

A Amae-DF pede o apoio da população. “Todo dia, mesmo na pandemia, nós estamos lutando para levar o pão de cada dia para casa e correndo pelos clientes para garantir seu serviço. Nossa manifestação não é arruaça. Só pedimos que o Estado ampare essa necessidade ou as empresas se sensibilizem e comecem a ver com outros olhos o empregador”, suplica Abel.

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