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Brasília

O coronavírus agradece pela irresponsabilidade

Festas clandestinas no DF geram aglomeração e riscos. Enquanto a vacina começa a ser produzida no Brasil, isolamento ainda é vital

Redação Jornal de Brasília

11/12/2020 5h18

Festas clandestinas desafiam fiscalização e medidas sanitárias

Eventos driblam proibições com divulgação restrita e local divulgado em sigilo por whatsapp

Cezar Camilo
[email protected]

Os organizadores de eventos continuam promovendo festas com localização secreta durante a pandemia. A divulgação é realizada pelas redes sociais, com informações sigilosas. Os posters ignoram a disseminação do novo coronavírus – agente causador da covid-19, doença que já ceifou a vida de mais de quatro mil pessoas no Distrito Federal.

Uma delas está na terceira edição, com o tema “Disney”. A Secretaria de Vigilância Sanitária em Saúde do DF diz não ter contingente para fiscalização dos eventos clandestinos, mas espera a conscientização da população em não quebrar o isolamento social neste momento.

Segundo apuração feita pelo Jornal de Brasília, está marcada para este fim de semana, dia 12 e 13 de dezembro, a terceira edição da festa “Replay da Raica”. O evento, com dois dias de duração, conta com 13 atrações da música eletrônica e um elenco de 9 dançarinos.

O local é secreto. Os interessados devem entrar em contato pelo perfil oficial da festa nas redes sociais, a fim de obterem mais informações. Para quem demonstrar interesse em pagar R$ 120,00 no ingresso, o ponto de encontro será enviado por whatsapp horas antes do evento.

A Secretaria de Estado de Proteção da Ordem Urbanística do Distrito Federal ressalta que está suspenso o alvará para realização de festas com venda de ingressos durante a situação de emergência por conta da pandemia. A atuação da pasta é limitada, não podendo atuar antes da ocorrência do evento.

“Qualquer festa onde haja a cobrança de entrada ou caráter econômico está proibida pelos decretos de combate à pandemia da Covid-19”, disse a Secretaria em nota.

Para Renato*, um dos frequentadores, “nunca houve fiscalização”. O dançarino que participou de um dos eventos secretos preferiu não se identificar com medo de uma possível retaliação, mas relatou a completa displicência com as medidas de segurança.

“A localização é enviada meia hora antes da festa, você paga o ingresso na porta. São dois dias com alimentação e dormitório. Uma chácara com videomaker, fotógrafo, tem tudo”, conta o performer que participou de um evento parecido durante a pandemia. Máscaras e higienização são ignorados, bem como o distanciamento social.

Milhares se reúnem em festas

No fim de semana passado, fiscais do DF Legal encerraram um evento com aproximadamente 1,2 mil pessoas no Gama. Por volta das 23h de sábado (5), os clientes foram dispersados pelos agentes. O Corpo de Bombeiros precisou ser acionado para interditar o local por “risco iminente”.

“A localização é enviada meia hora antes da festa, você paga o ingresso na porta. São dois dias com alimentação e dormitório. Uma chácara com videomaker, fotógrafo, tem tudo”, conta o performancer que participou de um evento parecido durante a pandemia. Máscaras e higienização são ignorados, bem como o distanciamento social.

“É muito difícil garantir que elas não vão ocorrer”, disse o subsecretário de Vigilância à Saúde da Ses-DF, Divino Valerio. Segundo ele, a fiscalização é uma das ações do governo para coibir aglomerações que possam elevar o nível de contágio na capital.

Para Divino, o remédio mais eficaz para conter a disseminação do vírus é a conscientização popular. “Dentro de uma visão realista, não temos número de fiscais para estar o tempo todo em todos os lugares do DF. Mas aqueles que nós chegarmos, nós vamos atuar”, ressaltou.

*Renato é um nome fictício a pedido da fonte

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