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Brasília

Nada de açúcar até os dois anos

Guia Alimentar para Crianças incentiva a amamentação e condena alimentos ultraprocessados

Lindauro Gomes

18/11/2019 6h05

Camilla Germano
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Na última quarta-feira (13) o Ministério da Saúde apresentou em conferência o novo Guia Alimentar para Crianças Brasileiras Menores de 2 anos. A publicação traz atualizações, como a recomendação de zero açúcar e não ao consumo de alimentos ultraprocessados para os pequenos.

A alimentação saudável nesse estágio da vida é fundamental no desenvolvimento e formação das crianças em paralelo ao crescente índice de obesidade infantil.

O perigo da obesidade é outro ponto destacado no guia. Os índices estão em ascensão.

No Brasil, 12,9% das crianças entre 5 e 9 anos são obesas e 18,9% dos adultos estão acima do peso, de acordo com o Ministério da Saúde. Isso está relacionado não só ao consumo de alimentos não saudáveis mas também à diminuição da prática de atividades físicas por essas crianças.

Se há investimento governamental para combater a questão da obesidade infantil, há também, a longo prazo, uma redução na necessidade de investimento em doenças crônicas decorrentes da obesidade em adultos, por exemplo.”, aponta o nutricionista Daniel Novais.

Para ele, o guia é importante porque garante uma educação nutricional familiar, aumentando a responsabilidade dos pais em reeducar e instruir as crianças para uma alimentação mais saudável.

“É apresentar para as crianças apenas água e sucos sem açúcar, por exemplo, ao invés de refrigerantes. É tomar cuidado com biscoitos de marca que são ricos em gordura e açúcares”, diz.

Vanessa Saraiva, 20, é mãe da Sophia, que acabou de fazer dois anos. Ela conta que às vezes enfrenta dificuldades na alimentação da filha. “A minha experiência olhando, atualmente, pode ser considerada normal, porque a recusa é comum, mas, na época, me deixou muito frustrada. Tive muitos problemas com isso e, até hoje, a alimentação da Sophia não é da maneira mais completa possível. Eu e meu marido procuramos diferentes médicos, nutricionistas e a resposta sempre é a mesma: exemplo e oferta. Não desistimos de oferecer certos alimentos e a família procura ter uma alimentação mais saudável possível”, explica.

Outras recomendações

Dentre as recomendações, a amamentação recebeu um grande espaço, pois é fonte primária de alimentação nessa faixa etária. O guia ressalta também que nos seis primeiros meses de vida da criança é recomendado somente o consumo do leite materno. Após esse período, o leite materno deve ser complementado com outros alimentos. Mas a amamentação pode prosseguir por mais tempo além dos dois anos.

A nutricionista Naiane Sato do Hospital Santa Helena, da Rede D’Or considera que o guia é bastante didático e que ressalta muitos pontos importantes.

“É preciso quebrar o tabu da amamentação para crianças maiores de 2 anos. Sempre foi recomendada a amamentação até os 2 anos ou mais. Mas, com o tempo, as pessoas foram se esquecendo do mais e considerando somente que seria até os dois anos”.

Ela ressalta: “O desmame deve acontecer conforme a mãe e a criança sintam ser necessário. Não é determinante continuar o mamar até os dois anos se não é confortável para ambos”.

Vanessa conta que já não amamenta mais a filha e que não notou problemas em relação à saúde ou qualquer outro aspecto da vida dela por conta disso. “Minha projeção era amamentar até os 2 anos, mas como já não estava sendo mais agradável para nenhuma de nós, parei quando a Sophia completou 1 ano e 6 meses. Foi doloroso, mas acredito que tenha sido melhor pra nós duas”, explica.

Além disso, outro ponto apresentado no guia é a questão da publicidade alimentar, que influencia as crianças no consumo de alimentos não-saudáveis.

No guia, há uma lista com vários exemplos desses alimentos como bolos, biscoitos e nuggets.

Entre os outros tópicos, um dos importantes é a definição de 12 passos para uma alimentação saudável, que recomenda práticas simples para facilitar a adaptação da criança com esses alimentos. Ambos os especialistas falaram ao JBr. que os 12 passos são didáticos e incorporam todas as recomendações do documento.

12 passos para uma alimentação saudável

  • Amamentar até 2 anos ou mais, oferecendo somente o leite materno até 6 meses
  • Oferecer alimentos in natura ou minimamente processados, além do leite materno, a partir dos 6 meses
  • Oferecer água própria para o consumo à criança em vez de sucos, refrigerantes e outras bebidas açucaradas
  • Oferecer a comida amassada quando a criança começar a comer outros alimentos além do leite materno
  • Não oferecer açúcar nem preparações ou produtos que contenham açúcar à criança até 2 anos de idade
  • Não oferecer alimentos ultraprocessados para a criança
    Cozinhar a mesma comida para a criança e para a família
  • Zelar para que a hora da alimentação da criança seja um momento de experiências positivas, aprendizado e afeto junto da família
  • Prestar atenção aos sinais de fome e saciedade da criança e conversar com ela durante a refeição
  • Cuidar da higiene em todas as etapas da alimentação da criança e da família
  • Oferecer à criança alimentação adequada e saudável também fora de casa
  • Proteger a criança da publicidade de alimentos

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