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Brasília

Na Asa Sul, idosa morre de coronavírus e 20 coroas de flores são roubadas de seu túmulo

Segundo o advogado da família, o Cemitério admitiu que furtos de coroas são corriqueiros no local. O Cemitério rebateu afirmando que o espaço é público e não pode impedir a circulação de pessoas

Redação Jornal de Brasília

31/08/2020 16h30

No último domingo (30), uma família registrou boletim de ocorrência na Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) após 20 coroas de flores terem sido roubadas do túmulo de uma idosa que morreu de coronavírus no Cemitério Campo da Esperança, na Asa Sul.

A idosa,Filonilia coelho da rocha ribeiro, de 89 anos, morreu na madrugada de sábado (29) no Hospital Brasília e foi sepultada no mesmo dia. Por ter falecido infectada pelo coronavírus, o protocolo determina o enterro sem aglomerações.

Por conta da situação de pandemia a família mandou 20 coroas de flores para o túmulo da idosa, para prestar homenagens sem comparecer (Veja as fotos obtidas pelo Jornal de Brasília).

Familiares resolveram então voltar ao cemitério para retirar das coroas as faixas com mensagens para a idosa, a fim de guardar como lembrança. No entanto, ao chegar no local, as coroas tinham sumido.

“Aquele beijo, aquele abraço, aquela forma que os familiares e amigos encontraram para estar conosco nesse momento. Tudo isso foi violado”, disse Francinetti, a filha Filonilia, aos prantos.

Francinetti explicou que as faixas são uma tradição da família “A gente queria ter pego as faixas para guardar. As do meu avô são guardadas até hoje, do meu pai também”, disse.

Fernanda da Rocha Ribeiro, outra filha da vítima chamou a ação de absurda. “Minha mãe foi mais uma vez violada. Isso é inaceitável. É um absurdo”.

O cemitério deu duas versões a família. Primeiramente, uma funcionária disse que as coroas vão para o lixo depois do sepultamento. Já a Administração falou que elas podem ficar la por até 3 dias, mas não explicou onde elas estavam já que sumiram menos de 24 horas depois do enterro.

A família fez um boletim de ocorrência e o JBr conversou com o advogado da família, Hugo Cysneiros.  De acordo com o advogado o cemitério assumiu que as coroas foram roubadas e disse ser um ato “corriqueiro no espaço”.

Em um primeiro momento a gente vai pedir pelos danos materiais e pelos danos morais, explicou. Hugo afirmou que o espaço do cemitério não é público, já que está sob concessão do cemitério, e o Campo da Esperança tem a obrigação de cuidar das coroas que estão dentro do local. “O Cemitério tem o dever de administrar o espaço, que não é público, ou seja, as coroas não estavam lá largadas”.

“A família não quer enriquecer com a situação, mas sim pede pela justiça”, disse Hugo afirmando que todo dinheiro ganho pela família com o processo será convertido a obras de caridade.

O cemitério se manifestou por meio de nota. De acordo com o Campo da Esperança “Os funcionários da empresa somente retiram as coroas quando as flores já estão secas ou apodrecidas”, e que, portanto, “as coroas postas pela família que reclama o furto não foram retiradas por funcionários da Campo da Esperança.”

A nota rebate ainda o argumento do advogado. De acordo com o Campo da Esperança “Por se tratar de área pública, a empresa não pode impedir a circulação de pessoas”.

Leia a nota na íntegra 

A Campo da Esperança Serviços Ltda. informa que:

– Em 30 de agosto, a família de Filonília Coelho da Rocha Ribeiro registrou reclamação na administração do cemitério da Asa Sul sobre furto de coroas de flores em jazigo de sua propriedade. Segundo relato dos parentes, os adornos foram postos na sepultura um dia antes.

– Os funcionários da empresa somente retiram as coroas quando as flores já estão secas ou apodrecidas. O procedimento é necessário para manter o cemitério limpo. As coroas postas pela família que reclama o furto não foram retiradas por funcionários da Campo da Esperança.

– A reclamação foi registrada na administração do cemitério e a concessionária fará boletim de ocorrência na Delegacia de Polícia. Ocorreu um caso semelhante no cemitério há alguns anos, e um suspeito de furto foi detido pela Polícia Civil.

– A segurança da unidade da Asa Sul é feita por quatro equipes de quatro seguranças desarmados, que fazem rondas em automóveis da empresa em toda a área do cemitério. O trabalho é feito 24 horas. No entanto, por se tratar de área pública, a empresa não pode impedir a circulação de pessoas.

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