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Brasília

Médico envolvido na máfia das funerárias paga fiança de R$ 937 e é liberado

Arquivo Geral

14/11/2017 11h43

Breno Esaki/Jornal de Brasília

Jéssica Antunes
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Agamenon Martins Borges, o médico suspeito de integrar uma organização criminosa especializada no mercado da morte, está livre. Responsável por fornecer atestados de óbito para funerárias envolvidas no esquema, ele pagou fiança de R$ 937 e responderá ao processo em liberdade provisória. A decisão se estendeu a outros oito envolvidos. Um continua preso e dois agentes funerários seguem foragidos.

A decisão foi tomada pela juíza Ana Cláudia Barreto, da 5ª Vara Criminal, que justificou a soltura pelo fato de que os crimes ocorreram “sem violência ou grave ameaça”. “O grupo foi identificado e revelado à sociedade, de maneira que os acusados que exerciam funções públicas certamente não voltarão a exercê-las da mesma forma como antes, em razão da ampla divulgação na mídia sobre este caso, de forma que, neste momento, não vislumbrando que a concessão de liberdade possa colocar em risco a ordem pública”, defendeu a magistrada.

Além de Agamenon, estão livres Cláudio Barbosa Maciel, Cláudio Barbosa Maciel Filho e Augusto César Ribeiro Dantas, de funerárias de Taguatinga; Jocileudo Dias Leite e Samuel Aguiar Veleda, vigilante e auxiliar de serviços gerais do Hospital Regional de Taguatinga, respectivamente; Conrado Augusto de Farias Borges, sobrinho e assistente do médico.

Em liberdade, os réus têm de cumprir medidas cautelares. Eles têm de comparecer à Justiça mensalmente até o fim do processo a partir de 10 de dezembro, e não podem deixar o DF por mais de 30 dias sem autorização. Em caso de desrespeito, voltam a ser presos. Os suspeitos respondem por associação criminosa, estelionato, crime contra o consumidor e falsidade ideológica. Os funcionários do HRT responderão por corrupção passiva cometida por agente público. A reportagem não conseguiu contato com os envolvidos.

Breno Esaki/Jornal de Brasília

Breno Esaki/Jornal de Brasília

Máfia das funerárias

Dois grupos criminosos ligados ao ramo de serviços funerários de Taguatinga e Samambaia (Pioneira, Universal e Santa Cruz), atuavam interceptando o rádio da polícia atrás de mortes naturais. Com dados das famílias, chegavam antes do IML, se passavam por agentes públicos e ofereciam o serviço. Segundo investigadores, criminosos afirmavam que o processo seria mais rápido e “menos doloroso”.

Assim, conseguiam convencê-las a cancelar a solicitação do Rabecão, o serviço de recolhimento de mortos do IML. Em outra frente, tinham informantes em hospitais, de onde partiam as notícias de mortes. Eles foram desarticulados e presos pela Corregedoria-Geral da PCDF, com apoio do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT).

Histórico

O doutor Agamenon Martins Borges já prestou serviços ao IML e foi demitido da instituição na década de 1990, por motivos não informados pela Polícia Civil. No ramo da medicina, ele foi dono de uma clínica em sobradinho, aberta em 1996, médico sanitarista no Hospital Regional do Guará e passou em concurso do Hospital das Forças Armadas em 2009.

Formado também em direito, Borges tem registro ativo na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/DF). Em 1994, foi candidato a Deputado Distrital pelo PSDB na chapa que tentou eleger Maria de Lourdes Abadia. Na legenda, também atuou como membro-titular do Conselho de Ética e Disciplina. Em 2002, prestou concurso para Juiz substituto do Tribunal de Justiça do DF. Nos governos Roriz e Abadia, em 2006, atuou como administrador-regional do Paranoá. Ele ainda responde a um inquérito por homicídio.

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