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Brasília

Justiça decreta prisão preventiva a autor de assassinato com roleta-russa

Leonardo atirou na cabeça da namorada, Gabrielly Miranda, 18 anos, e afirmou que estava brincando de roleta-russa com a vítima. Justiça considerou a ação dolosa

Lucas Neiva

15/01/2020 12h32

Em audiência de custódia ocorrida na manhã desta quarta-feira (15), o Núcleo de Audiência de Custódia (NAC) do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) decretou prisão preventiva contra Leonardo Pereira dos Santos, 31 anos, autor do assassinato da namorada Gabrielly Miranda, 18, em um jogo de roleta-russa. A decisão judicial se pauta no histórico de crimes de Leonardo.

O Ministério Público o considerou como um elemento de alta periculosidade. Além de passagens por tráfico de drogas, furto qualificado e violência doméstica, Leonardo respondia em regime aberto por porte ilegal de arma de fogo. “É uma pessoa que tem por hábito portar armas de fogo. (…) Representa um risco à ordem pública. (…) Desde 2008 se tem notícias dele utilizando armas de fogo”, afirma a acusação.

A defesa já acredita que o assassinato se caracteriza como uma situação de culpa consciente: quando o autor, apesar de saber do risco de uma ação poder resultar em um tragédia, acredita que não vá acontecer baseando-se na própria experiência. “Há indício suficiente de homicídio culposo, não havendo o que se falar em prisão preventiva”, declarou o advogado de defesa, Willamys Ferreira Gama.

A decisão final considerou a ação de Leonardo como sendo dolosa (quando há a intenção de matar ou assume propositalmente o risco) pois, em seu depoimento, Leonardo afirmava saber que a namorada tinha conhecimento da arma. Além disso, Gabrielly havia apontado a arma inicialmente contra a própria perna, e não contra a cabeça, como fez Leonardo. A Justiça também considerou o fato dele não estar cumprindo com as condições de manutenção do regime aberto.

Willamys acredita que a conduta de Leonardo teria sido considerada culposa se não estivesse cumprindo pena. “Se ele fosse um trabalhador de carteira assinada e não estivesse respondendo em regime aberto, acredito que o resultado da audiência seria outro”, declara ao Jornal de Brasília.

Relembre o caso

Na madrugada de terça (14), Leonardo acionou a Polícia Militar (PMDF) para sua casa, na QR 425 de Samambaia, confessando ter assassinado a namorada Gabrielly. Leonardo afirmou que, enquanto os dois brincavam alcoolizados de roleta-russa, acabou disparando a arma contra a cabeça da namorada.

A defesa de Leonardo alerta que a tipificação como feminicídio não se trata de uma condenação final, mas sim da primeira hipótese considerada pela Polícia Civil. Para Willamys, a conduta se trata de um homicídio culposo. “Acredito que tenham partido da hipótese do feminicídio em função da própria natureza da atividade policial. O que estamos tentando fazer agora é mostrar que foi uma ação de culpa consciente, principalmente porque, pelo que sabemos até agora, os dois tinham uma relação bem estável”, afirma o advogado.

A mãe da vítima, Wildiani Miranda, já não acredita na versão da roleta russa, acreditando se tratar de fato de um feminicídio. Wildiani afirma já ter tido um relacionamento com Leonardo, tendo ele já direcionado ameaças tanto contra ela quanto contra a filha. Amigos de Gabrielly também afirmam que a relação dos dois era conturbada, com ela sofrendo agressões constantes e afirmando sentir medo do parceiro. Leonardo já possui uma passagem por violência doméstica contra sua ex-esposa, identificada como Andressa, mãe de sua filha de quatro anos.

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