Jéssica Antunes
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A Polícia Civil procura os suspeitos de roubarem e matarem um soldado do Exército dentro de uma lanchonete na QNM 18, no centro de Ceilândia, na madrugada de quarta-feira (9). Imagens dos circuitos de segurança das redondezas devem ser usadas para identificar a dupla que atirou quando o homem reagiu ao assalto. Este foi o primeiro latrocínio (roubo seguido de morte) registrado neste ano no centro de Ceilândia, maior cidade do Distrito Federal.
Três suspeitos chegaram a ser detidos, ainda durante a madrugada. Um deles tem apenas 13 anos e já acumula passagens por roubo e tráfico. “Policiais militares os teriam reconhecido a partir das imagens do circuito interno, mas eles não foram identificados pela testemunha”, conta o delegado-chefe da 15ª Delegacia de Polícia, André Leite.
Apesar disso, o envolvimento deles ainda não foi descartado, e as polícias Civil e Militar buscam mais informações. “Não ser reconhecido não quer dizer que não tenha participação. Estamos apurando”, explica o investigador.
A vítima, Vinicius Gomes dos Santos, tinha 23 anos
Na manhã desta quinta-feira (10), o funcionamento no estabelecimento estava normalizado, mas nenhum funcionário teve autorização para conceder entrevista. O local não chegou a ser periciado. De acordo com André Leite, a cena do crime foi desfeita antes de as equipes chegarem.
“Pelas imagens preliminares, a eficácia pericial teria resultado questionável porque os assaltantes não tocaram em nada”, diz. O próprio delegado buscou outras imagens nos arredores para tentar chegar às reais identidades dos homens.
Vítima reagiu
Gravações internas da lanchonete registraram o momento em que a vítima, identificada como Vinicius Gomes dos Santos, 23 anos, estava lanchando com a companheira. Por volta das 23h, ele foi abordado por uma criança, que pegou o celular de cima da mesa. Naquele momento, Santos tentou reagir e foi baleado por um outro homem, que dava cobertura na parte de fora do estabelecimento.
O disparo atingiu a axila do militar, que caiu na hora. Ferido, ele chegou a ser socorrido e foi levado ao Hospital Regional de Ceilândia (HRC), mas não resistiu e morreu. Não há informações sobre o velório e enterro da vítima. A mulher de 20 anos que o acompanhava não ficou ferida.
https://youtu.be/pYpBIGHCr2k
Termômetro criminal
“A maior parte das mortes na região central de Ceilândia ocorre contra moradores de rua e durante a madrugada, sem testemunhas. São de difícil elucidação. Geralmente são roubos a transeuntes em que a vítima reage”, esclarece o delegado. Neste ano até esta quinta-feira (10), cinco pessoas foram mortas por criminosos na área, todos casos de homicídio.
Em 2018, a área atendida pela 15ª Delegacia de Polícia apresenta queda em 13 de 18 índices criminais acompanhados diariamente. Tráfico, estupro, sequestro, roubo a posto de combustível e latrocínio foram os crimes com aumento de casos. O militar é a primeira vítima do crime de roubo seguido de morte, e outras três pessoas escaparam com vida. No ano passado, até este mesmo dia, havia três tentativas, com nenhum óbito.
Também triplicou a quantidade de registros de estupro: passou de um caso em 2017 para três agora. A quantidade de roubos com restrição de liberdade subiu de sete para nove ocorrências. Postos de combustíveis foram alvo de criminosos em seis ocasiões, o dobro do ano passado.
Celular é maior alvo
Na segunda-feira (7), o Jornal de Brasília mostrou que, entre 2015 e 2017, 166.615 celulares foram roubados, furtados ou extraviados no Distrito Federal. Outros 12,4 mil somaram-se à conta apenas no primeiro trimestre deste ano.
Os principais alvos são pedestres distraídos pelo universo eletrônico, mas os aparelhos também são levados durante outros crimes, como roubo de veículos e furtos em residências.
No ano passado, maio foi o mês com maior número de registros, com mais de seis mil ocorrências. A região do Plano Piloto lidera a quantidade de episódios (18,3%), seguido pelas cidades mais populosas do DF. São elas Ceilândia (13,6%), Taguatinga (10,2%) e Samambaia (10,1%).
