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Brasília

Roubos e furtos: em 3 anos, mais de 166 mil celulares foram levados

Arquivo Geral

07/05/2018 8h08

Shutterstock

Jéssica Antunes
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Entre 2015 e 2017, 166.615 celulares foram roubados, furtados ou extraviados no Distrito Federal. Outros 12,4 mil somaram-se à conta apenas no primeiro trimestre deste ano. As principais vítimas são pedestres distraídos, mas os aparelhos também são levados durante outros crimes, como roubo de veículos e furtos em residências. A pedido do Jornal de Brasília, a Polícia Civil fez um levantamento das ocorrências com os objetos queridinhos dos bandidos.

O nome “celular” aparece na descrição de 49.758 ocorrências de 2015, em 59.828 de 2016 e em 57.029 de 2017. Comparando apenas os dois últimos anos, houve redução na média mensal de casos: passou de 4.949 para 4.721. No ano passado, maio foi o mês com maior número de registros, com mais de seis mil ocorrências. O Plano Piloto lidera o ranking (18,3%), seguido pelas cidades mais populosas do DF: Ceilândia (13,6%), Taguatinga (10,2%) e Samambaia (10,1%).

A maioria das vítimas (41%) foi roubada enquanto caminhava, como a enfermeira Iara Silva Melo, 28, que perdeu três celulares em menos de um ano. Todas as vezes ocorreram cedo, ao ir trabalhar, e perto de casa, no P Norte, em Ceilândia. Uma vez, ela foi ameaçada com faca e foi obrigada a fingir que era namorada de um dos ladrões. “Só registrei ocorrência do último caso porque o celular tinha seguro. Não adianta fazer, não resolve. Só entra nas estatísticas”, reclama.

Matheus Azevedo, estudante de 20 anos, também foi vítima. “Eu estava a caminho da estação Arniqueiras do metrô, em Águas Claras, por volta das 17h, quando o cara chegou, mostrou a faca e pediu o celular e a carteira”, lembra. Ele conta que o aparelho sequer estava à mostra. “Roubam porque conseguem revender. Deveria ter mais fiscalização para impedir isso, mas é difícil”, avalia.

Celulares ainda são levados em casos de roubos de veículos, em paradas de ônibus e furtos em comércios e em residências. Na segunda passada, a Polícia Militar prendeu uma família especializada em roubo violento em casas. Quatro homens agiam na área do setor de mansões de Samambaia e levavam os objetos para a casa de um comparsa.

Baggi

Quadrilhas especializadas

Pela grande média anual de furtos, a polícia vê a presença de um mercado ilegal que “estende seus tentáculos nas ruas e comércios, até a venda dos produtos, nos comércios irregulares e na internet”. Tudo isso é enfrentado pelas delegacias regionais e especializadas com operações constantes.

Em dezembro, a Operação Icarus chegou a uma organização criminosa que atuava no Aeroporto de Brasília e comercializava celulares furtados na Feira dos Importados. Em novembro, a 17ª Delegacia de Polícia, em Taguatinga, prendeu um grupo que roubava lojas de celulares em shoppings. Em julho, a Operação Parasitus e prendeu uma quadrilha interestadual atuante no mercado ilegal de celulares. Juntos, esses criminosos geraram um prejuízo estimado em R$ 4 milhões.

Nos centros das cidades, a comercialização suspeita de aparelhos ocorre à luz do dia. Ambulantes expõem os aparelhos sem nota fiscal sob caixas de madeira ou simplesmente fazem malabarismos com celulares para oferecer a quem passa. Na Praça do Relógio, em Taguatinga, no centro de Ceilândia e na Rodoviária do Plano Piloto, os flagrantes são diários. “Celular é alvo porque é caro e os criminosos conseguem revender com facilidade. Já chegaram a me oferecer na rodoviária”, conta a empregada doméstica Mayara da Silva, 34.

Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar um produto de crime pode levar à prisão. Tudo isso é considerado receptação. Conforme o Código Penal, a pena é de reclusão por até quatro anos. A situação piora se o produto tem, como destino, a venda. Nesse caso, o receptador pode ficar preso por até oito anos.

Bloqueio

– Entre outubro de 2017 e março de 2018, 1.889 celulares foram bloqueados por intermédio da Polícia Civil. Até fevereiro, a média mensal era de 232 unidades, mas março foi fora da curva, com 728 celulares bloqueados. Desde aquele mês, o Departamento de Inteligência e Gestão da Informação (DGI/PCDF) inutiliza aparelhos para combater o mercado ilegal de celulares.

– A Anatel começará a fazer um limpa neste mês. Mais de 40 mil celulares do DF devem ser bloqueados. São aparelhos com o DDD 61 identificados com irregularidades. Isso representa metade de todas as detecções da agência entre os três códigos nacionais que recebem agora primeira etapa do programa, que inclui os DD 62 e 64, de Goiás. Os telefones suspeitos começaram a receber SMS em fevereiro para regularizar a situação.

Ponto de Vista

Especialista em segurança pública, Marcelle Figueira lembra que celular é um dos bens que podem ser roubados em crimes de oportunidade. “Há uma dinâmica muito complexa em roubos e isso não se previne. O que se previne é o ambiente, como iluminação, que pode levar à vulnerabilidade. Quando a pessoa passa por um lugar vulnerável pode ter qualquer coisa roubada”, diz. Ela alerta que o telefone pode ser usado como segundo meio delituoso, como quando entra nos presídios.

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