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Brasília

Há quase um mês na fila para cirurgia na vesícula, mulher não consegue amamentar

Arquivo Geral

18/05/2018 19h03

Atualizada 19/05/2018 9h19

Toninho Tavares/Agência Brasília

Pedro Marra
Especial para o Jornal de Brasília

Desde 21 de abril, uma paciente espera por cirurgia para retirar uma pedra na vesícula, no Hospital de Santa Maria (HRS). Cássia Helena da Silva, 37 anos, foi internada por cólica biliar e tinha vômito e diarreia quando foi acomodada em uma maca no corredor da ala de observação feminina. A paciente não consegue amamentar o bebê de oito meses devido à situação.

Mãe, ainda, de uma menina de nove anos e outra de sete, ela terá de aguardar pelo menos mais dez dias para realizar o exame indispensável ao procedimento, segundo a Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF). Se Cássia Helena conseguir ser atendida no prazo estipulado, serão 38 dias de demora. Como agravante, durante toda a espera ela ficou improvisada em uma maca no corredor e, apenas na tarde desta sexta-feira (18), teria sido transferida para uma cama.

“Estou no corredor de frente a um expurgo, onde jogam material contaminado. Sobre a cirurgia, apenas sei que a fila é grande e que o aparelho do Hospital de Base está quebrado, só tem no HRT. Pelo menos estou melhor. Quando cheguei na emergência, tinha diarreia. No momento, só tenho dores de cabeça e dores nos joelhos. Depois de sete dias na maca, só agora que eu consegui uma cama”, resigna-se.

O marido de Cássia, o analista de compras Oliveiros Filho, 33 anos, tem recebido a ajuda da sogra para cuidar dos três filhos do casal: Jhovana, 9 anos, Jhulia, 7 anos, e Davi, de oito meses. “Minha sogra teve que abandonar o emprego em Buritis (MG) para vir cuidar das crianças. O Davi está tomando leite em pó, que custa R$ 45 a lata. Dura só uma semana”, expõe. Ele precisa conciliar a tarefa com a rotina de trabalho entre 8h e 18h diariamente.

Caso vai à Justiça

Cássia entrou na justiça para realização do exame na segunda-feira (14) pelo 2º Juizado Especial da Fazenda Pública do DF. A juíza do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT), Carmen Bittencourt, determinou que a Secretaria de Saúde providencie a realização do exame, no prazo de cinco dias, na rede pública de saúde ou forneça a cobertura da operação na rede privada. Segundo ela, a liminar deve ser divulgada na terça-feira (22).

Caso a demora realmente se estenda, o quadro deve piorar segundo Marli Rodrigues, presidente do Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Serviços de Saúde de Brasília (SindSaúde-DF). “Se a pedra rolar, pode acarretar num tratamento pior. O fato de ela não operar pode desdobrar em sérios prejuízos. O tratamento dela pode ficar mais dolorido, gastar um tempo maior, com mais cirurgiões, antibióticos, mais tudo. O Secretário não sente a dor e a necessidade do povo”, critica.

Versão oficial

“O Hospital de Santa Maria esclarece que a rede pública dispõe de dois duodenoscópios (tubo de iluminação da cirurgia) para realização de Colangiopancreatografia Retrógrada Endoscópica (CPRE), exame necessário para o tratamento da paciente. Um fica no Instituto Hospital de Base e outro no Hospital Regional de Taguatinga. O exame da paciente já está agendado para o dia 28, no Hospital Regional de Taguatinga (HRT)”, afirma a Secretaria.

 

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